Recentemente, Virtus e Cronos também se encontraram por aqui, mas em suas versões top de linha: respectivamente, Highline e Precision.
O Virtus foi o campeão técnico daquele primeiro comparativo, mas, ao exagerar no preço (de R$ 79.990 a R$ 87.040), a marca tirou de seu carro uma vitória fácil (os preços do Cronos Precision variam entre R$ 69.990 a R$ 82.330).
Agora, porém, o Virtus tem uma nova chance: é a vez do confronto entre as versões de entrada. Será que a marca alemã vai atrapalhar de novo?
Para quem perdeu a primeira luta, vamos a uma breve apresentação dos lutadores. A frente do Cronos tem capô, grade e para-choque exclusivos, em relação ao Argo, hatch do qual deriva.
Já o Virtus tem um trabalho de engenharia mais elaborado, pois seu entre-eixos é 86 milímetros maior – são 2.651 mm ante 2.565 mm do Polo. Em estilo – à exceção da traseira –, óbvio, tudo é exatamente igual ao hatch.
Chegamos a convidar um terceiro competidor, o recém-reestilizado Honda City, mas a Honda só cedeu para teste a versão top de linha, EXL.
Assim, ficamos com o Virtus 1.6 (de R$ 59.990 a R$ 64.390) e o Cronos Drive 1.3 (de R$ 55.990 a R$ 65.220), ambos manuais. Tal e qual os carros das fotos, temos um Virtus de R$ 63.390 e um Cronos de R$ 64.920.
Ou seja, o preço – desvantagem do VW no primeiro comparativo – passa a ser o seu ponto forte. Mas vá com calma, pois essa inversão de valores veio com uma série de perdas.
Mesmo no Virtus completo, os retrovisores têm ajuste apenas manual e não trazem repetidores de piscas. Um eventual uso compartilhado por pessoas de diferentes biotipos é ainda mais dificultado por outra ausência: a coluna de direção não tem nem sequer ajuste de altura.
Atrás, porém, o Virtus parece uma limusine: ainda que quem vá na frente tenha cerca de 1,80 metro de altura, sobra espaço para as pernas de quem viaja no banco traseiro.
O Cronos não é apertado, mas passa longe de oferecer o mesmo nível de conforto. Jogam a favor do Fiat a coluna de direção com ajuste de altura, o banco traseiro bipartido e os retrovisores elétricos com repetidores de pisca.
Mas o Virtus dá o troco com sobra: ainda que opcionalmente, só ele oferece controles de estabilidade e tração e assistente de partida em rampa.
E tem mais: de série, o Virtus entrega airbags laterais, itens que ficaram de fora até da lista de opcionais do Cronos. Ainda sobre segurança, o Virtus ostenta duas notas cinco estrelas (para adultos e crianças) no Latin NCAP. Até o momento, o Cronos não foi submetido ao teste de impacto.
Diferente do que ocorre na cabine, ambos se equivalem no porta-malas, com ligeira vantagem para o Cronos: são 525 litros ante 521 litros do Virtus.
Ao contrário do que muita gente imagina, estes números revelam muito mais espaço para bagagem do que todos os SUVs mais vendidos do mercado – só para citar alguns, o Jeep Compass oferece 410 litros, o Hyundai Creta, 431 e o Honda HR-V, 437.
Nenhum dos dois sedãs têm sistema de dobradiças pantográficas, mas trazem lá seus cuidados com as alças. O Cronos tem duas molas a gás que elevam a tampa assim que ela é destravada.
Já o Virtus tem acabamento que mantém as alças embutidas, para evitar amassamento da bagagem. No Fiat, o revestimento da parte traseira do encosto (bipartido) confere melhor acabamento do que a chapa exposta do encosto (inteiriço) do VW.
Motores distintos embalam as novidades. A Fiat deu ao Cronos o quatro cilindros 1.3 8V da família Firefly. Seu funcionamento é mais suave do que o 1.6 16V MSI, cujo ruído de aspiração de ar no sistema de admissão é audível na cabine, muito embora o Virtus tenha se saído melhor em todas as medições de ruído.
Os resultados dos demais testes mostram equilíbrio entre os rivais, com sutil vantagem do Virtus nas provas dinâmicas.
No consumo, um pra lá, um pra cá: o Cronos se mostrou o mais econômico no ciclo urbano (13,6 ante 12,5 km/l) , enquanto o Virtus foi o melhor no rodoviário (17,7 ante 15,6 km/l).
Ao contrário do comparativo entre as versões top de linha, desta vez o Virtus ganhou – e com folga. É maior, tem um pacote de equipamentos de segurança mais recheado e é mais barato. Se corrigir os deslizes, o Virtus 1.6 será praticamente imbatível.
Veredicto
Ainda que o Cronos 1.3 se defenda bem, o Virtus 1.6 com seu porte de sedã médio é, no mínimo, um test drive obrigatório para quem busca um sedã familiar.
Teste de pista (com gasolina)
Cronos Drive 1.3 | Virtus MSI 1.6 |
|
Aceleração de 0 a 100 km/h | 12,8 s | 12,7 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 34,4 s – 151,3 km/h | 33,9 s – 158,8 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em 3ª) | 8,2 s | 7,9 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em 4ª) | 12,6 s | 12,3 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em 5ª) | 20,5 s | 18,7 s |
Frenagem de 60 / 80 / 120 km/h a 0 em m | 17/28,9/70,7 | 16,9/28,6/65,1 |
Consumo urbano e rodoviário | 13,6 km/l e 15,6 km/l | 12,5 km/l e 17,7 km/l |
Ficha técnica
Cronos Drive 1.3 |
Virtus MSI 1.6 |
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Preço | R$ 55.990 | R$ 59.990 |
Motor | gasolina, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.332 cm³, 8V, 109/101 cv a 6.250/6.000 rpm, 14,2/13.7 mkgf a 3.500 rpm | gasolina, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.598 cm³, 16V, 117/110 cv a 5.750 rpm, 16,5 mkgf a 4.000 rpm |
Câmbio | manual, 5 marchas, tração dianteira | manual, 5 marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (dianteiro)/ eixo de torção (traseiro) | McPherson (dianteiro)/ eixo de torção (traseiro) |
Freios | discos ventilados (dianteiro)/ tambor (traseiro) | discos ventilados (dianteiro)/ sólido (traseiro) |
Direção | elétrica. diâmetro de giro 10,5 m | elétrica. diâmetro de giro 10,5 m |
Rodas e pneus | 185/60 R15 | 195/65 R15 |
Dimensões | comprimento, 436,4 cm; largura, 172,6 cm; altura 151,6 cm; entre-eixos, 252,1 cm; peso, 1.271 kg; tanque, 48 l; porta-malas, 525 l | comprimento, 448,2 cm; largura, 175,1 cm; altura 147,2 cm; entre-eixos, 265,1 cm; peso, 1.192 kg; tanque, 52 l; porta-malas, 521 l |