Comparativo: Hyundai Creta x Honda HR-V x Jeep Renegade
Creta chegou e já põe em xeque HR-V e Renegade, os líderes dos SUVs compactos
Hoje você encontra um Honda HR-V e um Jeep Renegade em cada esquina. Eles são os líderes dos SUVs compactos (o Honda com 55.800 unidades emplacadas em 2016 e o Jeep com 51.600) e os queridinhos de quem quer ter visão panorâmica do trânsito das grandes cidades desde que chegaram às lojas, há quase dois anos.
O Hyundai Creta começou a ser entregue aos clientes na segunda metade de janeiro. Entra tarde no segmento e, mesmo assim, a Hyundai espera vender entre 42.000 e 48.000 carros por ano. É o suficiente para bagunçar o topo do ranking de vendas.
Sozinho, em um teste com a versão top de linha Prestige, o Hyundai Creta mostrou predicados de quem realmente quer enfrentar carros consolidados. Agora, é a hora de saber se ele realmente é capaz disso.
O Creta Pulse 2.0, de R$ 92.490, encontra os líderes do segmento em suas versões intermediárias. São o Honda HR-V EX 1.8, de R$ 93.000, e o Jeep Renegade Longitude 1.8, de R$ 90.990 – ainda que nas fotos esteja a nova versão Limited (de R$ 97.990). Ambos ganharam equipamentos na linha 2017 e, no caso do Renegade, até o motor foi atualizado.
Não crie expectativa: mesmo com o 1.8 E.torQ Evo com coletor de admissão variável, start-stop, alternador inteligente (que entra em ação em desacelerações) e óleo menos viscoso, o Renegade continua lento. Agora são 139 cv (7 cv a mais) e 19,3 mkgf (ante 19,1 mkgf) entregues de forma mais linear, o que bastou para deixá-lo 1 segundo mais rápido no 0 a 100 km/h. Pena que a aceleração ainda dure longos 14,3 segundos.
No mundo real, o fôlego extra e o câmbio automático de seis marchas reprogramado garantem nítida melhora no trânsito urbano. Além de não segurar as marchas como antes, melhorou as retomadas: o tempo de 80 a 120 km/h caiu de 11,6 para 10,4 segundos.
Mesmo assim, o desempenho do Renegade ainda deve muito frente à concorrência. Tanto HR-V como o Creta cumpriram a mesma prova de retomada em 7,4 segundos. Na aceleração de 0 a 100 km/h, os tempos do Honda e do Hyundai também foram quase idênticos: 10,9 e 10,8 segundos, respectivamente, ambos bem mais rápidos que o Jeep.
Nas medições de consumo, sempre com gasolina, o Creta decepcionou: rodou 8,2 km/l em ciclo urbano, contra 9,6 km/l do Renegade e 10,4 km/l do HR-V. Em ciclo rodoviário, o Honda manteve a liderança com 13,1 km/l, seguido pelo Hyundai com 12,7 km/l e o Jeep com 12,0 km/l.
Números à parte, o convívio diário mostra que o Honda tem um dos melhores câmbios CVT do mercado, combinando suavidade e rapidez. Já para quem gosta da dinâmica de um automático convencional, a transmissão de seis marchas do Creta é a que entrega a melhor relação entre conforto e desempenho.
Por outro lado, o novato é o único da turma sem borboletas para trocas sequenciais – que o Renegade já tinha e o HR-V EX ganhou na linha 2017.
Conforto estável
Há mais do que desempenho e consumo em jogo. O Creta tem suspensão mais equilibrada entre o conforto e a estabilidade. O Renegade é o mais apto a enfrentar os obstáculos das vias brasileiras, sempre macio e robusto, mas inclina muito em curvas por isso, enquanto o conjunto mais firme do HR-V sofre em asfalto irregular.
Sabemos que freios a disco são mais eficientes e menos suscetíveis a redução de desempenho em uso contínuo. Com tambor nas rodas traseiras e peso 130 kg maior, o Creta mostrou que não há milagres: precisou de alguns metros a mais que o HR-V, que tem disco nas quatro rodas, para parar. Para a sorte do coreano, o Renegade (também com disco nas quatro, mas ainda mais pesado) conseguiu ser ainda pior, com uma diferença de mais de dez metros na frenagem de 120 km/h a 0.
No conjunto, o Hyundai está muito mais próximo do Honda. Sim, isso quer dizer que o Jeep continua em um mundo à parte – para o bem e o mal. Tem espaço para pernas reduzido no banco traseiro e porta-malas com apenas 273 litros de capacidade, mas está um patamar acima em estilo, pacote de equipamentos e, principalmente, acabamento.
O Renegade é o único com painel todo emborrachado, quando o HR-V traz uma faixa com toque macio no painel e o Creta só dispõe de plásticos duros. Vale uma ressalva: a Honda trocou o tecido áspero das portas – que sujavam muito fácil – pelo mesmo couro sintético de toque suave do console central, e isso melhorou a percepção de qualidade para todos os ocupantes.
Creta e HR-V possuem praticamente o mesmo tamanho, com direito a porta-malas tecnicamente empatados quanto à capacidade: são 437 litros no HR-V e 431 no Creta. A diferença é que no Creta sobra menos espaço interno para as pernas dos passageiros do banco de trás e não é possível colocar bolsas e mochilas sob o assento para aliviar o porta-malas em uma viagem, por exemplo.
Ilusão de ótica
Para o motorista, o Creta é o carro mais convencional dos três. No Renegade, o motorista fica distante do para-brisas, quase em uma bolha, enquanto o HR-V, com seu console central elevado, te engana: você não percebe tanto a posição de dirigir mais alta.
O Hyundai não tem nenhuma particularidade nesse sentido, mas tem tudo ao alcance do motorista e seus ajustes de volante e assento são tão amplos quanto os do Renegade. Agrada aos que gostam de dirigir acima de todos e os que preferem ficar mais próximos do assoalho.
O Renegade Longitude continua bem servido de equipamentos. Ganhou apenas um porta-óculos na linha 2017, mas é o único com ar-condicionado automático de duas zonas, central multimídia com GPS e câmera de ré. O HR-V EX acaba de ganhar ar digital de uma zona e seu sistema de som, embora simples, exibe as imagens da câmera de ré.
O Creta Pulse tem simples aparelho de som com Bluetooth e ar-condicionado manual. Ter saídas de ar para o banco de trás é muito bom, mas não se compara ao conforto de fixar temperatura interna. O Hyundai também não tem freio de estacionamento eletrônico nem volante revestido de couro, como os concorrentes.
Seria o raro caso de um carro que consegue ter menos equipamentos que um Honda que custa o mesmo preço, mas o HR-V tem suas faltas perante o Creta. É o caso do monitor de pressão dos pneus, das luzes diurnas de leds e das Cornering Lights, que acendem os neblinas no lado para onde se faz a curva abaixo de 40 km/h. O Honda também é o único sem sensor de estacionamento e sistema start-stop.
Em segurança, empate: todos têm dois airbags dianteiros, freios ABS e controles de estabilidade e tração, além do assistente de partida em rampa e Isofix para fixação de cadeirinhas infantis. No Renegade, airbags laterais, de cortina e para o joelho do motorista são opcionais de R$ 3.250.
No pós-venda, o Hyundai chega com fortes atrativos. Oferece cinco anos de garantia, contra três do HR-V e do Renegade. A rede da Honda é reconhecida pelo bom serviço, mas a da Hyundai não fica tão atrás – a ponto de ter recebido a melhor nota na pesquisa Os Eleitos de QUATRO RODAS. Suas revisões (com mão de obra inclusa) têm preço fixo até os 60.000 km e totalizam R$ 3.114. Para o SUV da Honda, são R$ 4.217, contra R$ 3.772 do Jeep.
Avaliação do editor
Motor e Câmbio – Mesmo com características distintas, HR-V e Creta andam juntos e agradam. O Renegade continua muito lento, apesar do câmbio estar mais esperto.
Dirigibilidade – Há extremos: o Creta traz pegada de hatch médio e o Renegade é mais robusto e pesado. O HR-V é o meio-termo, bom para uso urbano e rodoviário.
Segurança – A oferta de itens é igual entre eles: todos deveriam ter mais do que dois airbags. Mas o Renegade freia mal.
Seu bolso – Creta tem dois anos a mais de garantia, a maior rede e os menores custos de revisão. Renegade é o mais barato na compra. E o HR-V tem a fama da rede e a liquidez no mercado de usados.
Conteúdo – Renegade tem o melhor custo-benefício, com fartura de equipamentos. Creta e HR-V devem itens bobos, mas o Creta está mais próximo do Renegade.
Vida a bordo – HR-V é pouco maior que o Creta, mas possui o interior mais versátil. Renegade sofre com falta de espaço no banco traseiro e no porta-malas.
Qualidade – Renegade traz painel emborrachado, enquanto o Creta mostra plásticos duros e deve couro no volante. O HR-V, mais uma vez, fica entre os dois.
Veredicto
Os desapontadores números de desempenho, consumo e frenagem e o espaço interno reduzido colocam o Renegade em terceiro, mesmo com o melhor acabamento e a lista de equipamentos mais completa. O Creta tem performance bem parecida com a do HR-V, mas na versão intermediária fica devendo mais refinamento. Já o Honda acaba levando o comparativo por uma mínima margem, graças ao equilíbrio de qualidades: ele ainda é o mais versátil, econômico e espaçoso dos três, mesmo sem empolgar em quesitos individuais.
Teste de pista (com gasolina)
Creta Pulse 2.0 | HR-V EX 1.8 | Renegade Longitude 1.8 | |
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ACELERAÇÃO | |||
de 0 a 100 km/h: | 10,8 s | 10,9 s | 14,3 s |
de 0 a 1.000 m: | 32,1 s – 162,2 km/h | 32,3 s – 165,3 km/h | 35,4 s – 148,4 km/h |
RETOMADAS | |||
de 40 a 80 km/h: | 4,4 s | 5,1 s | 6,1 s |
de 60 a 100 km/h: | 5,8 s | 5,8 s | 8,1 s |
de 80 a 120 km/h: | 7,4 s | 7,4 s | 10,4 s |
FRENAGENS | |||
de 60 / 80 / 120 km/h a 0: | 16,7/28,3/64,3 m | 15,6/25,9/60,9 m | 18,2/31,7/75 m |
CONSUMO | |||
Urbano: | 8,2 km/l | 10,4 km/l | 9,6 km/l |
Rodoviário: | 12,7 km/l | 13,1 km/l | 12 km/l |
RUÍDO INTERNO | |||
Neutro / RPM máximo: | 34,4/69,7 dBA | 42,5/64,2 dBA | 42/70,4 dBA |
80 / 120 km/h: | 63,6/69,2 dBA | 62,8/67,2 dBA | 62,4/67,6 dBA |
AFERIÇÃO | |||
Velocidade real a 100 km/h: | 98,7 km/h | 96,7 km/h | 94,5 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha: | 2.100 rpm | 1.700 rpm | 2.000 rpm |
SEU BOLSO | |||
Preço básico: | R$ 92.490 | R$ 93.000 | R$ 90.990 |
Garantia: | 5 anos | 3 anos | 3 anos |
Concessionárias: | 298 | 225 | 190 |
Ficha Técnica
Creta Pulse 2.0 | HR-V EX 1.8 | Renegade Longitude 1.8 | |
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Motor: | flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 16 V, aspirado, 1.999 cm³, 166/156 cv a 6.200 rpm, 20,5/19,1 mkgf a 4.700 rpm | flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, aspirado, 1.747 cm³, 139/140 cv a 6.300 rpm, 17,4/17,3 mkgf a 5.000 rpm | flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, aspirado, 1.747 cm³, 139/135 cv a 5.750 rpm, 19,3/18,8 mkgf a 3.750 rpm |
Câmbio: | automático, 6 marchas, tração dianteira | CVT, 7 marchas, tração dianteira | automático, 6 marchas, tração dianteira |
Direção: | elétrica | elétrica, 10,6 (diâmetro de giro) | elétrica, 10,8 m (diâmetro de giro) |
Suspensão: | ind. McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) | ind. McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) | ind. McPherson (diant. e tras.) |
Freios: | disco ventilado (diant.), tambor (tras.) | disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.) | disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.) |
Pneus: | 215/60 R17 | 215/55 R17 | 215/60 R17 |
Peso: | 1.399 kg | 1.270 kg | 1.440 kg |
Peso/potência: | 8,4 kg/cv | 9,14 kg/cv | 10,4 kg/cv |
Peso/torque: | 68,2 kg/mkgf | 72,9 kg/mkgf | 74,6 kg/mkgf |
Dimensões: | comprimento, 427 cm; largura, 178 cm; altura, 163,5 cm; entre-eixos, 259 cm; porta-malas, 431 l; tanque de combustível, 55 l | comprimento, 429,4 cm; largura, 177,2 cm; altura, 158,6 cm; entre-eixos, 261 cm; porta-malas, 437 l; tanque de combustível, 51 l | comprimento, 423,2 cm; largura, 179,8 cm; altura, 170,5 cm; entre-eixos, 257 cm; porta-malas 273 l; tanque de combustível, 60 l |
Equipamentos de série: | ar manual, saídas de ar traseiras dois airbags, assistente de partida em rampa, controle de tração, ESP, piloto automático, sensor de estacionamento traseiro, start-stop. | ar-digital, 2 airbags, câmera de ré, controle de tração, ESP, piloto automático, volante multifuncional, freio de estacionamento elétrico. | ar digital bizona, 2 airbags, GPS, central multimídia, controle de tração, ESP, piloto automático, rodas aro 17, start-stop, modo sport, volante multifuncional. |