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Comparativo: Ka Trail x Uno Way x Gol Track

Essas são as versões mais caras (e enfeitadas) dos hatches compactos. Veja como foi a briga dos modelos feitos para quem não pode bancar um SUV pequeno

Por Vitor Matsubara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 dez 2017, 14h42 - Publicado em 5 jul 2017, 17h10
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  • Neste trio, a aptidão off-road varia muito de um carro para o outro
    Nenhum destes três nasceu para trilhas pesadas – mas eles até encaram um fora-de-estrada leve (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Aprender a se vestir bem é um dos benefícios de envelhecer. O tempo nos faz aposentar itens que foram a última moda e hoje são cafona para investir em peças mais clássicas e discretas. Com os aventureiros urbanos também foi assim.

    Após a Fiat ter inaugurado o segmento no Brasil, em 1998, uma enxurrada de modelos invadiu as ruas, carregados de acessórios esdrúxulos, visual rebuscado e pouca (ou nenhuma) aptidão off-road. Os anos se passaram, os SUVs se popularizaram e a maioria dos aventureiros sumiram do mapa.

    Quem sobreviveu se adaptou à nova realidade do mercado, investindo mais na funcionalidade e menos em marketing. O Ford Ka Trail faz parte dessa nova leva, sem prometer aquilo que não pode cumprir.

    Junto com o Ford, convocamos Fiat Uno Way e VW Gol Track, todos com motor 1.0 de três cilindros, para descobrir qual desses novos aventureiros entrega mais pelo seu dinheiro.

    3° Fiat Uno Way

    Apliques em plástico ainda dominam o design do Uno Way
    Apliques em plástico ainda dominam o design do Uno Way (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    A idade fez bem ao Uno Way. É verdade que os penduricalhos plásticos ainda estão lá, mas sem o exagero e as cores vibrantes do passado.

    A evolução também é notada em outros aspectos: juntamente com a reestilização que deixou o hatch compacto mais discreto e maduro, o antigo motor 1.0 Fire finalmente foi trocado pelo Firefly de três cilindros no ano passado.

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    Motor Firefly foi o mais rápido
    Motor Firefly tricilíndrico foi o mais rápido (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Foi o novo coração, aliás, que fez o Fiat ser o mais rápido do trio nas provas de desempenho – fez 16 segundos no 0 a 100 km/h contra 17 segundos do Gol e 17,5 segundos do Ka. A agilidade faz diferença no dia a dia, embalando o Uno com facilidade nas arrancadas e ultrapassagens. Poderia ser ainda melhor se o câmbio tivesse engates mais precisos e bem escalonados.

    Na hora das manobras, a direção (agora com assistência elétrica) é bastante leve, principalmente se a função City estiver ativada. A suspensão, que não foi elevada, segue o padrão Fiat, ou seja, mais mole do que o usual.

    Na prática, a carroceria sacoleja ao transpor valetas e inclina demais nas curvas. Como a calibragem de molas e amortecedores não foram alteradas, falta a sensação de robustez do Ka para encarar buracos e outros obstáculos tipicamente urbanos.

    O facelift deixou o Uno mais discreto
    O facelift deixou o Uno mais discreto (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O interior disfarça a simplicidade combinando plásticos de diferentes texturas. Outro ponto positivo é a tela de LCD de 3,5 polegadas dedicada ao computador de bordo no centro do painel, que tem até velocímetro digital.

    Alguns detalhes, no entanto, entregam o projeto antigo, mal que também acomete o Gol: faltam porta-objetos na apertada cabine e a ergonomia é ruim.

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    O interior disfarça a simplicidade combinando plásticos de diferentes texturas
    Interior foi repaginado na última reestilização do Uno, mas ainda peca em detalhes como a ergonomia (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Revestimento dos bancos é exclusivo da linha Way e é bonito
    Belo revestimento dos bancos é exclusivo da linha Way (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Há até espelho auxiliar para monitorar as crianças
    Há até espelho auxiliar para monitorar as crianças (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Velocímetro digital é uma das funções do bom computador de bordo
    Velocímetro digital é uma das funções do bom computador de bordo (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Sistema de som poderia ser melhor
    Simples demais, o sistema de som poderia ser melhor (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Eis um exemplo: se você quiser regular a inclinação do banco do motorista, precisará se contorcer todo para achar a alavanca, escondida sob um descansa-braço aparentemente inútil para quem precisa trocar marchas num carro manual.

    Porta-malas do Uno tem 280 litros
    Porta-malas do Uno tem 280 litros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Por R$ 45.290, o Uno Way é R$ 300 mais barato do que o Gol e oferece opcionais indisponíveis no VW, como os controles de estabilidade e de tração e assistente de partida em rampas. Mas aí o preço salta para R$ 49.306, podendo atingir R$ 50.534 completo.

    Mesmo assim, ainda faltariam itens presentes no rival com todos os opcionais, como central multimídia e GPS. Por ser mais apertado, espartano e caro demais, o Uno ficou no terceiro lugar.

    2° VW Gol Track

    Nada de suspensão mais elevada ou pneus de uso misto: o Gol Track é um aventureiro menos radical que os outros
    Nada de suspensão mais elevada ou pneus de uso misto: o Gol Track é um aventureiro menos radical que os outros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Assim como o Uno, o Gol sofreu uma recente reestilização para tentar esconder as rugas de um projeto antigo. Lançado em 2008, o carro deve se manter na ativa pelo menos até este ano, quando está prevista a chegada de um modelo inteiramente novo baseado no Polo europeu.

    Enquanto isso não ocorre, a Volkswagen se vira como dá – e acerta a mão nesta versão aventureira. Da Saveiro veio a frente com faróis maiores, grade mais alta e um capô redesenhado, diferenciando o Track do restante da linha.

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    Mesmo com a cara nova, o Gol não apela para o exagero, ostentando apenas molduras nos para-lamas e apliques prateados na parte inferior da carroceria.

    A nova dianteira veio da picape Saveiro
    A picape Saveiro foi a “doadora” dos faróis do Gol Track (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Apesar da sobriedade incomum para um modelo com apelo aventureiro, o interior ganhou um ar de sofisticação com a vistosa tela de LCD colorida entre os mostradores analógicos, o volante multifuncional de base achatada e a central multimídia Discover Media, a mesma dos importados da marca.

    Bastante completa e fácil de operar, ela inclui navegador GPS, recurso indisponível nos rivais. A notícia ruim é que o item está atrelado a um pacote de R$ 2.604, acompanhado de suporte de celular e volante multifuncional.

    Com todos os opcionais, ele salta dos R$ 45.590 iniciais para caros R$ 51.015.

    Interior é bem acabado, mas é sóbrio demais
    Interior é bem acabado, mas é sóbrio demais (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    O Gol
    O Gol “aventureiro” dispensa a posição de dirigir mais elevada (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    O padrão do tecido dos bancos é o mesmo das outras versões
    O padrão do tecido dos bancos é o mesmo das outras versões “urbanas” do Gol (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Painel é vistoso e de fácil leitura
    Painel é vistoso e de fácil leitura (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Central multimídia completa deixa o interior do Gol mais requintado
    Oferecida como opcional, a central multimídia deixa o interior do Gol mais requintado (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    A troca do motor veterano EA 111 1.0 VHT pelo moderno EA 211 1.0 12V do Up! fez bem ao ex-campeão de vendas. Aliado ao conhecido (e elogiado) câmbio manual de engates fáceis e precisos, o hatch ficou mais silencioso e gostoso de dirigir.

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    Na pista de testes, ele não foi o mais rápido, mas bebeu menos do que o Uno e se saiu melhor nas provas de frenagem.

    Motor 1.0 é silencioso e econômico
    Motor 1.0 de três cilindros é silencioso e econômico (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Sem pneus de uso misto ou suspensão elevada, ao volante o Track se comporta como qualquer outra versão “100% urbana” do Gol. Os engenheiros da VW também desprezaram outras características apreciadas pelos fãs de aventureiros, como a posição de dirigir mais elevada ou amortecedores recalibrados.

    Porta-malas do Gol leva 285 litros
    Porta-malas do Gol leva 285 litros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Por isso, não adianta passar por lombadas e valetas sem tanto cuidado assim, sob o risco de ser recebido com uma pancada seca na suspensão. Pela falta de diferenciais (principalmente na calibragem da suspensão) para justificar seu preço elevado, o Gol ficou com o vice-campeonato.

    1° Ford Ka Trail

    Visual do Ka Trail é o mais chamativo do trio
    Visual do Ka Trail é o mais chamativo do trio (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Dificilmente alguém se lembrará do primeiro Ka Trail. Até porque a “versão” nascida em 2010 não passava de um kit de acessórios para a segunda geração do Ka, que trazia protetores plásticos, barras longitudinais no teto e adesivos de gosto duvidoso. Agora a história é diferente: o Ka Trail não fica só nas aparências.

    Foram realizadas alterações significativas no hatch, dono do projeto mais moderno. Além de ser o único do trio com suspensão elevada (em 31 mm, aumentando a altura livre do solo para 20 cm), o Ka tem amortecedores e molas recalibrados, barra estabilizadora dianteira maior, eixo traseiro com maior rigidez torcional e coxins com amortecimento hidráulico no motor para melhorar o isolamento acústico.

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    Rodas ganharam pintura grafite
    Suspensão do Ka teve altura elevada em 31 mm (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Assim como uma pessoa que sabe se vestir, o hatch tem um visual elegante, incluindo maçanetas pretas, capas dos espelhos pintadas de cinza, rodas de liga na cor preta e faróis escurecidos.

    Do lado de dentro, há bancos revestidos em vinil com faixas imitando couro, costuras aparentes e pedaleiras de aço.

    Baseada na versão SE, a lista de itens de série tem ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos (só nas portas dianteiras), volante com regulagem de altura e abertura elétrica do porta-malas.

    Ficam de fora equipamentos como retrovisores elétricos, sensor de estacionamento e computador debordo – impossibilitando, portanto, realizar as medições de consumo do carro seguindo nossos padrões de teste.

    O Ka é o mais prazeroso de dirigir graças a direção leve e o câmbio de engates suaves
    O Ka é o mais prazeroso de dirigir graças a direção leve e o câmbio de engates suaves (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Os bancos são revestidos em vinil com faixas imitando couro
    Bancos dianteiros são revestidos em vinil com faixas imitando couro (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Bancos tem costuras na cor laranja e elásticos de três cores nas laterais
    Bancos tem costuras na cor laranja e elásticos de três cores nas laterais (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    A suspensão, mais firme nas curvas e robusta para encarar a buraqueira, torna a viagem para os passageiros mais confortável
    Espaço no banco traseiro é razoável, na média de seus rivais (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Painel é simples e de fácil leitura
    Painel é simples e de fácil leitura (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    A ausência mais sentida, porém, é da central multimídia, substituída por um sistema de som convencional. Mesmo assim, o Ka é o mais caro, custando R$ 48.430 – o único “opcional” é o motor Sigma 1.5, oferecido a R$ 4.310 extras.

    Em vez de central multimídia, há um suporte para celular
    Em vez de central multimídia, há um suporte para celular (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Esses defeitos, porém, ficam em segundo plano quando se assume o volante do Ka. Mesmo não sendo o mais rápido do trio, o compacto é o mais prazeroso de dirigir com sobras.

    Algumas características originais do projeto, como a direção leve e o câmbio de engates suaves, foram ressaltadas pela suspensão mais firme nas curvas e robusta para encarar a buraqueira.

    Ka tem opção de motores 1.0 ou 1.5
    Ka Trail tem opção de motores 1.0 ou 1.5 (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    O menor do porta-malas é o do Ka com 257 litros
    O menor do porta-malas é o do Ka com 257 litros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Ágil e confortável, o Ka Trail também tem mais aptidão aventureira (é dele a suspensão mais alta e rígida do trio). Diante de tudo isso, fica fácil entender por que ele venceu nosso comparativo.

    Veredicto

    Mais moderno e confortável, o Ka venceu sem sustos. Design e o conteúdo deixaram o Gol à frente do Uno, que sofre com um projeto velho e ainda pode custar caro demais.

    Teste de pista (com gasolina)

    Ka Uno Gol
    Aceleração de 0 a 100 km/h 17,5 s 16 s 17 s
    Aceleração de 0 a 1.000 m 38 s – 135,1 km/h 37 s – 138 km/h 37,7 s – 136 km/h
    Retomada de 40 a 80 km/h (em D) 10,7 s 9,5 s 10,2 s
    Retomada de 60 a 100 km/h (em D) 16,6 s 14,7 s 16 s
    Retomada de 80 a 120 km/h (em D) 31,4 s 28,1 s 27,5 s
    Frenagem de 60 / 80 / 120 km/h a 0 18/28,7/68,4 m 16/29,4/67 m 16/27,8/64,2 m
    Consumo urbano 11,5 km/l* 13,1 km/l 13,3 km/l
    Consumo rodoviário 15,6 km/l* 16 km/l 17,3 km/l
    Ruído interno (neutro / RPM máximo) 41/76 dBA 39,2/76 dBA 42,3/71,1 dBA
    Ruído interno (80 / 120 km/h) 41/76 dBA 60,2/71,3 dBA 63,7/70,6 dBA
    Aferição real do velocímetro a 100 km/h 93,7 km/h 95,7 km/h 95,3 km/h
    Rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha 3.000 rpm 3.000 rpm 3.200 rpm
    Volante 2,6 voltas 2,3 voltas 3 voltas
    Preço R$ 48.430 R$ 45.290 R$ 45.590
    Garantia 3 anos 3 anos 3 anos
    Concessionárias 399 600 600
    Revisões R$ 1.040 R$ 1.084 R$ 1.003
    Seguro R$ 2.795 R$ 2.820 R$ 2.975

    * Números de consumo do Ford Ka 1.0

    Ficha técnica

    Ka Uno Gol
    Motor flex, diant., transv., 3 cil., 12V, 997 cm³, 71,9 x 81,8 mm, 85/80 cv a 6.500 rpm, 10,7/10,2 mkgf a 3.500 rpm flex, diant., transv., 3 cil., 6V, 999 cm³, 70 x 86,5 mm, 77/72 cv a 6.000/6.250 rpm, 10,9/10,4 mkgf a 3.250 rpm flex, diant., transv., 3 cil., 12V, 999 cm³, 74,5 x 76,4 mm, 82/75 cv a 6.250 rpm, 10,4/9,7 mkgf entre 3.000 e 3.800 rpm
    Câmbio manual, 5 marchas, tração dianteira manual, 5 marchas, tração dianteira manual, 5 marchas, tração dianteira
    Suspensão McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) McPherson (diant.) / eixo de torção (tras.)
    Freios discos sólidos (diant.) e tambor (tras.) discos ventilados (diant.) e tambor (tras.) discos ventilados (diant.) e tambor (tras.)
    Direção elétrica, 9,6 m (diâmetro de giro) elétrica, 9,8 m (diâmetro de giro) hidráulica, 10,8 m (diâmetro de giro)
    Rodas e pneus 195/55 R15 175/65 R14 195/55 R15
    Dimensões comprimento, 388,6 cm; largura, 169,5 cm; altura, 156,8 cm; entre-eixos, 249,1 cm; porta-malas, 257 l, tanque de combustível, 52 l; peso, 1.047 kg comprimento, 382 cm; largura, 165,6 cm; altura, 154,8 cm; entre-eixos, 237,6 cm; porta-malas, 280 l; tanque de combustível, 48 l; peso, 1025 kg comprimento, 389,2 cm; largura, 165,6 cm; altura, 147,4 cm; entre-eixos, 246,7 cm; porta-malas, 285 l; tanque de combustível, 55 l
    Equipamentos de série ar-condicionado, direção elétrica, volante com regulagem de altura, vidros dianteiros elétricos, abertura elétrica do porta-malas, sistema de som com comandos de voz e entradas USB e auxiliar, Bluetooth e travas elétricas. ar-condicionado, direção elétrica com função City, tela de LCD no painel, volante multifuncional, faróis de neblina, sistema de som, vidros elétricos dianteiros, faróis com máscara negra. ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros elétricos, banco do motorista com regulagem de altura, faróis de neblina, abertura elétrica do porta-malas, sistema de som com entradas USB e auxiliar, Bluetooth e computador de bordo.
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