Em um momento que todo carro quer ser um SUV para aproveitar a moda, vale à pena voltar onde tudo isso começou. Estes três carros ainda são fiéis à proposta de chassi (compartilhado com picapes) separado da carroceria, têm motores turbodiesel, tração 4×4 com bloqueio do diferencial traseiro e suspensão por eixo rígido na traseira.
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Se em outras faixas de preço a proposta de um SUV é ter mais capacidade para enfrentar obstáculos cotidianos sem dificuldade ou ter visão melhor do trânsito, os SUVs grandes, que superam os R$ 300.000, são pensados para levar motorista e até seis passageiros aos rincões mais distantes e inalcançáveis do Brasil com a mesma confiabilidade e autonomia que uma picape média teria.
Mas não pense que são carros anacrônicos. Eles estão evoluindo tanto quanto as picapes médias e receberam uma série de akmssistentes autônomos, que freiam para evitar colisões ou atropelamentos, avisam se há objetos que o motorista não vê no caminho e até corrigem a direção para evitar a saída de faixa. Também há itens de carros de luxo, como bancos ventilados com ajustes elétricos, quadro de instrumentos digital, abertura elétrica do porta-malas e até partida remota.
Por outro lado, é bom preparar o bolso se quiser estacionar um desses na garagem. Se os motores diesel garantem menor consumo, o preço de compra e o valor das revisões são equivalentes ao de carros de luxo como Mercedes e BMW. Mas qual deles é o melhor? Veja a seguir.
3º – Chevrolet Trailblazer Premier • R$ 294.970
O Trailblazer acompanhou as principais mudanças da picape S10 na linha 2021. O SUV tem a mesma dianteira da S10 High Country, com novo para-choque e grade com marca em alto-relevo e o logotipo deslocado para a esquerda, mas com as barras cromadas para fazer uma distinção – e acaba lembrando um barbeador. Mas dar alguns passos para ver a traseira é como viajar no tempo: mesmo após duas reestilizações, tudo ali continua como no lançamento do Trailblazer, em 2012.
Mas tudo que há de tecnológico da S10 2021 também está presente no Trailblazer. É o caso da frenagem autônoma de emergência (o alerta de colisão ele já tinha), da rede Wi–Fi embarcada e da central multimídia MyLink com Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Mas o funcionamento deste último foi intermitente em nosso teste. A lista de equipamentos ainda inclui seis airbags, banco do motorista com ajuste elétrico, alerta de pontos cegos e partida remota do motor.
Desde a linha 2020, o Chevrolet Trailblazer é vendido apenas com o motor 2.8 turbodiesel de 200 cv e 51 kgfm casado com o câmbio automático de seis marchas. Um novo turbocompressor e uma nova central de gerenciamento deixaram as respostas do motor mais rápidas e vigorosas, mas sem ganho no desempenho, melhora no consumo ou redução no ruído e nas vibrações.
O grande destaque do Trailblazer é o espaço interno. Sobra lugar para as pernas de quem viaja na segunda fila e um adulto consegue alcançar e se acomodar na terceira fila com conforto sem grandes contorcionismos. E as saídas do ar-condicionado no teto ajudam a melhorar o clima ali atrás. Os plásticos do acabamento e a forração dos bancos é que aparentam ser muito simples para um carro de R$ 294.970. Por outro lado, é o carro mais barato neste comparativo.
O que pesa para o último lugar do Trailblazer são suas perspectivas. Com o encerramento das operações da Chevrolet na Índia e na Tailândia, agora o SUV é produzido apenas no Brasil. Se a S10 poderá seguir a Colorado norte-americana, o Trailblazer, que teve só 2.823 unidades emplacadas em 2020, pode não ter uma nova geração.
Teste – Chevrolet Trailblazer Premier 2.8 Turbodiesel 2021
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,4 s
0 a 1.000 m: 33,3 s – 154,8 km/h
Velocidade máxima: 180 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,7 s
D 60 a 100 km/h: 6,1 s
D 80 a 120 km/h: 8,7 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,9/27,1/63,2 m
Consumo
Urbano: 8,4 km/l
Rodoviário: 12 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 48/67,3 dBA
80/120 km/h: 65,3/70,6 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 96 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 6a marcha: 1.800 rpm
Ficha técnica – Chevrolet Trailblazer Premier 2.8 Turbodiesel 2021
- Preço: R$ 294.970
- Motor: diesel, dianteiro, longitudinal, 4 cil., 16V, turbo, 2.776 cm³, 200 cv a 3.600 rpm, 51 kgfm a 2.000 rpm
- Câmbio: automático., 6 marchas, tração 4×4
- Suspensão: duplo A (dianteira) e eixo rígido (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 265/60 R18
- Dimensões: comprimento, 488,7 cm; largura, 190,2 cm; altura, 184,2 cm; entre-eixos, 284,5 cm; porta-malas, 205 a 554 l; tanque de combustível, 80 litros; peso, 2.161 kg
2º – Mitsubishi Pajero Sport HPE-S • R$ 349.990
D o mais barato ao mais caro. O Mitsubishi Pajero Sport parte dos R$ 318.990 na versão HPE, mas vai a R$ 349.990 na configuração HPE-S, escalada para este comparativo. Se por um lado o preço assusta, por outro ele entrega o melhor pacote de equipamentos entre estes SUVs com chassi.
Só a versão mais cara do Pajero Sport tem quadro de instrumentos digital, com três opções de visualização das informações, central multimídia com tela de 8 polegadas, monitor de pontos cegos (com exibição do obstáculo no quadro de instrumentos), monitor de tráfego traseiro com frenagem e tampa do porta-malas com abertura elétrica, além de piloto automático adaptativo e frenagem autônoma de emergência. Sete airbags, freio de estacionamento eletrônico com auto-hold e chave presencial – que só o Trailblazer não tem – também estão na versão HPE.
Boa parte dos equipamentos até é comum nos SUVs menores, com carroceria monobloco, e a sensação, pelo menos visual, é de estar dentro de um deles. O painel é mais avançado, o console central é elevado (com porta-objetos nas laterais) e há borboletas para trocas sequenciais.
Os plásticos, ainda que sejam duros, têm superfície fosca e aparentam maior qualidade. Também é curioso que, mesmo sendo fabricado na Tailândia, o Pajero Sport tem tomada de padrão brasileiro para a segunda fila, ao lado de duas portas USB.
Mas o espaço na segunda fila não é tão bom. Na terceira, então, nem se fala: os assentos ficam rentes ao chão, obrigando a deixar os joelhos flexionados ao máximo, e falta espaço para a cabeça. Pode ser culpa do design da traseira, com caimento mais acentuado, mas isso limita os assentos extras ao uso por crianças.
A grande qualidade do motor 2.4 turbodiesel de 190 cv e 43,9 kgfm é a suavidade e o baixo nível de ruídos quando em movimento, muito em virtude do câmbio automático de oito marchas. Mas o motor não é tão rápido nas respostas, o que faz o carro parecer pesado no trânsito.
E, mesmo sendo o menor e tendo mais marchas, entrega o pior desempenho e também o pior consumo rodoviário dos três. É um bom SUV, mas não o melhor para sete ocupantes ou para pegar estrada.
Teste – Mitsubishi Pajero Sport 2.4 Turbodiesel HPE-S 2021
Aceleração
0 a 100 km/h: 12,3 s
0 a 1.000 m: 33,9 s – 154,5 km/h
Velocidade máxima: 180 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,3 s
D 60 a 100 km/h: 6,6 s
D 80 a 120 km/h: 8,7 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 15,1/27,8/63,2 m
Consumo
Urbano: 8,5 km/l
Rodoviário: 10,8 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 44,5/72 dBA
80/120 km/h: 61,2/67,4 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 96 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 8a marcha: 1.700 rpm
Ficha técnica – Mitsubishi Pajero Sport HPE-S 2021
- Preço: R$ 318.990
- Motor: diesel, dianteira, longitudinal, 4 cil. em linha, 16V, 86 x 105,1 mm, 15,5:1,5, turbo, 2.442 cm3; 190 cv a 3.500 rpm, 43,9 mkgf a 2.500 rpm
- Câmbio: automático., 8 marchas, tração 4×4
- Suspensão: duplo A (dianteira) e eixo rígido (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: hidráulica
- Rodas e pneus: liga leve, 265/60 R18
- Dimensões: comprimento, 478,5 cm; altura, 180,5 cm; largura, 181,5 cm; entre-eixos, 280 cm; altura livre do solo, 23,6 cm; peso, 2.095 kg; tanque, 68 l; porta-malas, 971 l (com cinco lugares)
1º – Toyota Hilux SW4 SRX • R$ 326.090
O Toyota SW4 2021 recebeu a mesma evolução mecânica da Hilux, mas mudanças visuais exclusivas. A grade maior e o novo para-choque dianteiro ajudaram a dar a impressão de que os faróis de neblina estão mais altos. Além disso, tendo em vista que os faróis ficaram mais retos e ganharam uma linha de leds na parte inferior, as setas (também de leds) foram deslocadas para a base dos para-choques.
Na traseira, as novas lanternas escurecidas e com leds dão ar de novidade, mas a grande moldura cromada para a placa é acessório: apenas a régua que interliga as lanternas vem cromada de fábrica.
Por enquanto, a Toyota SW4 SRX é a opção topo de linha do SUV no Brasil, a R$ 326.090. Da antiga versão Diamond ficaram os alto-falantes JBL e os bancos dianteiros ventilados e com ajustes elétricos, mas há equipamentos inéditos como piloto automático adaptativo, farol alto (halógeno) automático, frenagem autônoma de emergência e alerta de saída de faixa com correção da direção (por meio de acionamento do freio).
Acredite: a conectividade com Android Auto e Apple CarPlay na central multimídia de 8 polegadas também é novidade, mas ainda depende de cabos. A lista de equipamentos inclui também sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, abertura elétrica do porta-malas, porta-luvas refrigerado, pequeno visor colorido no quadro de instrumentos e luzes para os pés até na segunda fila.
O que mais surpreende na SW4 é que, mesmo tendo suspensão traseira por eixo rígido, como as rivais, consegue controlar muito bem as oscilações laterais da carroceria e ser praticamente neutra em curvas. Ela claramente permite uma condução mais ousada sem dar sustos, ainda que pareça flutuar em velocidades mais elevadas e mergulhe bastante a frente nas frenagens.
O motor 2.8 turbodiesel melhorou muito. Novo turbo de geometria variável e mudanças em componentes internos aumentaram o fôlego do motor nas saídas e retomadas. Também é dele o melhor desempenho e, de longe, o melhor consumo urbano (veja tabela ao lado). Não é o mais completo, nem o mais barato, mas é a melhor escolha entre os três.
(Agradecemos à concessionária Toyota Nipônica, de Limeira, São Paulo, que nos cedeu o SW4, uma vez que a fábrica não dispunha do carro.)
Teste – Toyota SW4 SRX 2.8 Turbodiesel 2021
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,4 s
0 a 1.000 m: 29,8 s – 159,4 km/h
Velocidade máxima: 180 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,6 s
D 60 a 100 km/h: 6,1 s
D 80 a 120 km/h: 7,8 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 17/30/65,6 m
Consumo
Urbano: 10 km/l
Rodoviário: 12,4 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 48,5/66,8 dBA
80/120 km/h: 64,7/69,1 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 94 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 6a marcha: 1.800 rpm
Ficha técnica – Toyota SW4 SRX 2.8 Turbodiesel 2021
- Preço: R$ 320.790
- Motor: diesel, dianteiro, longitudinal, 4 cil., 16V, turbo, 2.755cm³, 204 cv a 3.400 rpm, 50,9 kgfm a 2.800 rpm
- Câmbio: automático., 6 marchas, tração 4×4
- Suspensão: duplo A (dianteira) e eixo rígido (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: hidráulica
- Rodas e pneus: liga leve, 265/60 R18
- Dimensões: comprimento, 479,5 cm; largura, 185,5 cm; altura, 183,5 cm; entre-eixos, 274,5 cm; porta-malas, 180 a 500 litros; tanque de combustível, 76 litros, 2.175 kg
VEREDICTO: O Toyota SW4 tem quase tudo que o Pajero Sport entrega, além de mais espaço para os passageiros. Se não é tão grande quanto o Trailblazer,
tem o mesmo desempenho e ainda por cima é mais econômico.
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