O Jeep Compass teve exatamente 1627 dias para se preparar para este momento. O SUV médio passou os últimos 5 anos vendendo tanto ou mais que SUVs compactos, mais baratos.
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Agora, com o lançamento do Toyota Corolla Cross, começa a ofensiva para desestabilizar o Jeep. Superá-lo em vendas será difícil, mas roubar clientes é possível e até junho chegam os novos Volkswagen Taos e Renault Captur com a mesma intenção.
Se o Jeep Compass teve a seu favor toda a história off-road da marca Jeep, o estreante é de uma das marcas de melhor reputação e tem o nome de um dos carros mais vendidos e respeitados em todo o mundo, o Corolla. Não é uma briga fácil. Principalmente neste momento.
O novo Compass só estreia em abril e, além do visual levemente atualizado, do interior completamente novo e da lista de equipamentos mais recheada, terá o novo motor 1.3 GSE Turbo flex com mais de 180 cv. Terá um salto enorme em desempenho.
Com certeza repetiremos esse comparativo após o lançamento do Compass 2022. Mas enquanto ele não chega, a disputa é com o carro atual, o Jeep Compass Longitude com o motor 2.0 Tigershark flex, que custa R$ 150.990. É a versão mais vendida do Compass.
Por isso escolhemos justamente o Toyota Corolla Cross XRE, para o embate. A fabricante japonesa estima que ele responderá por 65% das vendas do modelo. É equivalente ao Corolla XEI e tem o mesmo motor dele: o 2.0 16V Dynamic Force, também naturalmente aspirado.
Com injeção direta e indireta, o motor do Corolla Cross entrega 177/169 cv e 21,4 kgfm contra os 166/159 cv e 20,5/19,9 kgfm 2.0 do Compass, que está longe de ser moderno. Tanto que será aposentado.
A diferença entre os números de potência e torque não chega a ser tão grande quanto a diferença nos números de desempenho. O Corolla Cross é muito mais rápido e eficiente – tem números de consumo até melhores que o do T-Cross Highline com motor 1.4 turbo. Confira a tabelinha abaixo (a ficha de desempenho completa está no final do comparativo).
Toyota Corolla Cross | Jeep Compass | |
Aceleração de 0 a 100 km/h (gasolina): | 10,5 s | 12,7 s |
Consumo urbano (gasolina); | 12 km/l | 8,4 km/l |
Consumo rodoviário (gasolina): | 15,4 km/l | 12,8 km/l |
O câmbio CVT de 10 marchas, sendo a primeira por engrenagem, ajuda muito nos números do Corolla. Ele não só aproveita bem a força do 2.0, como deixa ele sereno a 1.500 rpm a 100 km/h.
O Jeep Compass flex tem fama de lento e beberrão desde seu lançamento, em 2016, e seu câmbio automático de seis marchas resiste em avançar as marchas para aproveitar o motor ao máximo. Isso certamente compromete os números de consumo. Ele seguirá com o mesmo câmbio após a troca do motor, mas com outra programação que pode melhorar seu comportamento.
Nas dimensões, um parece ter sido desenvolvido para o outro. O Corolla Cross tem balanços maiores, o que justifica seus 4,46 m de comprimento, apenas 2,4 cm a mais que o Compass. O entre-eixos dos dois também é praticamente idêntico: 2,636 m no Jeep contra 2,64 m no Toyota.
Mas o que se vê dentro de cada um é completamente diferente. A cabine do Corolla Cross passa a sensação de ser mais larga que a do Compass, além de ter bancos dianteiros maiores e mais macios. No Jeep, a densidade dos bancos da frente é mais firme e eles são mais curtos, além de não darem suporte aos ombros.
O mesmo acontece atrás. Até pode parecer que o Corolla Cross tem espaço menor para as pernas, mas, na verdade, seus assentos são mais compridos. E, novamente, o Toyota leva a melhor pela espuma mais macia e também pelo encosto do banco traseiro abraçar os ocupantes das laterais. Ambos têm saídas de ar-condicionado traseiras, mas só o Corolla oferece a comodidade de portas USB para quem viajar ali.
Outra vantagem do Corolla Cross está em ter superfícies macias na parte superior dos painéis das portas, além do encosto de braços – única parte macia no Compass. Por outro lado, o painel do Compass é todo emborrachado, enquanto no Toyota a parte superior é de plástico rígido.
De fato, na parte dianteira a percepção de qualidade no Jeep Compass é melhor. No Corolla Cross, por exemplo, o console central parece mal fixado e balança um pouco. E o Jeep ainda tem freio de estacionamento eletrônico, enquanto o do Toyota é mecânico e acionado por um pedal próprio, como no Prius.
Porta-malas sempre foi pequeno no Jeep Compass. Não foi difícil para os 440 litros do Toyota superar seus 410 litros de capacidade.
Em movimento, Compass e Corolla Cross têm comportamentos diametralmente opostos.
Embora seja mais ágil, o Toyota tem comportamento mais voltado para o conforto. As suspensões são mais macias e permitem maior rolagem da carroceria, enquanto a direção tem respostas rápidas mas ganha pouco peso mesmo após ganhar velocidade. Ou seja, é leve e não passa tanta sensação de segurança por isso.
O Jeep Compass tem acerto de suspensão mais firme, que inibe a inclinação da carroceria em curvas, mas curiosamente suporta melhor incursões em vias de terra cheias de ondulações, onde o Corolla Cross tende a manifestar batidinhas secas, características de suspensões mais macias. A direção do Compass também é mais pesada, o que dá mais controle em velocidades maiores.
Também é do Compass o melhor isolamento acústico, mesmo que o câmbio CVT do Corolla Cross permita rotações baixíssimas em velocidade de cruzeiro. Pode ser em virtude o material fonoabsorvente (a Toyota só coloca manta sob o capô das versões híbridas) ou do próprio formato da carroceria, pois escuta-se mais barulho de ventos no SUV de origem japonesa.
Numa volta ao redor dos carros é possível ver que a Jeep se preocupa mais com detalhes da montagem da carroceria que a Toyota. Vãos do Compass são mais regulares e há maior preocupação com detalhes, como tampinhas para esconder parafusos que no Corolla Cross são expostos. São meros detalhes, mas que nem sequer deveriam ser assunto em um carro de R$ 150.000.
Os preços de Jeep Compass e Toyota Corolla Cross são muito próximos, mas cada um tem uma falta notável na lista de equipamentos. O Compass Longitude, por exemplo, só tem airbags frontais obrigatórios e para ter airbags laterais, de cortina e para o joelho do motorista, como o Toyota, será preciso pagar R$ 3.200 a mais pelo Pack Safety.
O Toyota também tem faróis full-led, além de lanternas de neblina de leds. No Compass os faróis são halógenos e os de xenônio são opcionais do Pacote Premium, de R$ 5.200.
Fotos do Jeep Compass Longitude 2021
O Corolla Cross XRE, por sua vez, não tem o ar-condicionado de duas zonas ou quadro de instrumentos com tela colorida de sete polegadas, ambos restritos à versão topo de linha XRX Hybrid. No XRE o ar-condicionado tem uma zona de temperatura só, mas também é digital e automático.
Fotos do Toyota Corolla Cross XRE 2022
Contudo, o Compass Longitude tem opcionais que nenhum Corolla Cross pode ter. É o caso da partida remota do motor, do assistente de estacionamento automático e o teto-solar panorâmico de R$ 8.300 (o Corolla tem teto solar convencional de série na versão topo). Completo, um Compass Longitude custa R$ 169.540, próximo dos R$ 172.990 do Corolla Cross XRV, o híbrido mais barato da linha.
Veredicto: é inegável que o Jeep Compass transmite mais solidez. Ele é melhor montado, isola melhor todos os barulhos externos e se mostra mais preocupado com detalhes. Mas, pelo menos por enquanto, o Toyota Corolla Cross entrega conjunto mecânico muito melhor alinhado a um pacote de equipamentos mais correto e por preço pouco mais baixo. Resta saber se o Toyota conseguirá manter a posição por muito tempo.
Teste de desempenho – Toyota Corolla Cross XRE 2.0 Flex
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 10,5 s
0 a 1.000 m:
31,8 s – 167,9 km/h - Velocidade máxima: não divulgada
- Retomada:
D 40 a 80 km/h: 4,4 s
D 60 a 100 km/h: 5,5 s
D 80 a 120 km/h: 6,9 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 14,7/26,6/61,7 m - Consumo:
Urbano: 12 km/l
Rodoviário: 15,4 km/l - Ruído interno:
Neutro/RPM max: 40,5/64,8 dBA
80/120 km/h: 61,8/68,9 dBA
Ficha Técnica – Toyota Corolla Cross XRE 2.0 Flex
- Preço: R$ 149.990
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.987 cm3, 80,5 x 97,6 mm, 16V, 169/177 cv a 6.600 rpm, 21,4 kgfm a 4.400 rpm
- Câmbio: CVT, 10 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.)/eixo rígido (tras.)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica, 10,4 (diam. de giro)
- Rodas e pneus: liga leve, 225/50 R18
- Dimensões: comprimento, 446 cm; largura, 182,5 cm; altura, 162 cm; entre-eixos, 264 cm; ângulo de ataque 21°; ângulo de saída, 36°; vão livre 16,1 cm; tanque, 47 l; peso, 1.420 kg; porta-malas, 440 l
Teste de desempenho – Jeep Compass Longitude 2.0 Flex
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 12,7 s
0 a 1.000 m:
33,7 s – 159,6 km/h - Velocidade máxima: não divulgada
- Retomada:
D 40 a 80 km/h: 5,4 s
D 60 a 100 km/h: 7,1 s
D 80 a 120 km/h: 8,6 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 16,1/29,7/64,8 m - Consumo:
Urbano: 8,4 km/l
Rodoviário: 12,8 km/l - Ruído interno:
Neutro/RPM max: 39,2/62,8 dBA
80/120 km/h: 64,5/68,7 dBA
Ficha Técnica – Jeep Compass Longitude 2.0 Flex
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, VVT, 1.995 cm³, 166/159 cv a 6.200 rpm, 20,5/19,9 kgfm a 4.000 rpm
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson, nos dois eixos
- Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
- Pneus: liga leve,235/45 R19
- Dimensões: comprimento, 441,6 cm; largura, 181,9 cm; altura, 163,9 cm; entre-eixos, 263,6 cm; porta-malas, 410L; tanque, 60L; Peso: 1.547 kg
- Leia também – Jeep Compass 2022: fotos, detalhes, itens de tecnologia e tudo que sabemos.
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