Prius e Corolla são completamente diferentes, mas disputam o bolso do mesmo consumidor. Não está mais tão difícil ver um Prius por aí. Mesmo longe de ser campeão de vendas, o híbrido cresceu no ranking de emplacamentos após a estreia de uma nova campanha publicitária.
Com uma média de 200 unidades mensais, ele já vende mais que Hyundai Elantra e Mercedes-Benz Classe C.
QUATRO RODAS, inclusive, adquiriu o híbrido para o teste de 60.000 km de nosso Longa Duração.
A exposição na mídia não é a única razão de seu sucesso. Por R$ 126.600, ele custa R$ 8.700 a mais que o Corolla Altis (R$ 117.900). Aí fica a dúvida: vale a pena trocar um sedã comum por um carro híbrido?
Lançado aqui em 2014, a 11ª geração do Corolla é líder absoluta dos sedãs médios. Sua primeira reestilização aconteceu em março deste ano, trazendo mudanças visuais na dianteira e a importante inclusão do controle de estabilidade.
Quem compra sabe o que encontrará: um carro confortável, robusto e bom de dirigir. O Prius simboliza o futuro da Toyota. E não apenas por ser ecologicamente correto: a quarta geração estreou a plataforma TNGA, que será utilizada em metade dos novos modelos da marca no mundo até 2020.
Entre eles estão o C-HR (que estreia no Brasil neste ano) e o novo Corolla, previsto para chegar às ruas em dois anos. Ambos, inclusive, aproveitarão motor e transmissão do Prius em suas futuras versões híbridas.
Sóbrio e conservador, o Corolla tem linhas agradáveis. Já o Prius é pura ousadia. A carroceria futurista possui vincos por todos os lados, e faróis e lanternas têm linhas incomuns. É ousado até no formato: ele está entre o sedã e o hatch, uma vez que o vidro abre junto com a tampa traseira.
As diferenças continuam por dentro. Algumas peças de acabamento do Corolla têm qualidade abaixo do esperado para um carro de quase R$ 120.000. Apesar disso, o revestimento de couro claro disfarça a qualidade dos plásticos.
O Prius transmite maior sensação de requinte pela qualidade dos encaixes e os plásticos de textura emborrachada.
Ambos têm sete airbags, controles de estabilidade e de tração, faróis full led e a mesma central multimídia com GPS pouco intuitivo. O híbrido justifica os R$ 8.700 a mais adicionando head-up display, carregador de celular por indução, sistema de som da JBL e bancos dianteiros com aquecimento e refrigeração – acionados por um botão mal localizado no console central.
A regulagem dos bancos é elétrica no Corolla e manual no Prius. Outra diferença está no travamento automático das portas com o veículo em movimento, presente no Corolla e inexplicavelmente ausente no Prius.
A manutenção também aproxima os dois. No Corolla, economiza-se R$ 659,45 nas revisões até 60.000 km: R$ 3.259,04 ante R$ 3.918,49 do Prius. Só que o Prius leva grande vantagem no seguro, que é anual: R$ 2.688,40 contra R$ 4.609,37.
Movido por um motor 1.8 a gasolina de 98 cv e um elétrico de 72 cv, o Prius levou 12,1 s para ir de 0 a 100 km/h – quase 2s mais lento que o Corolla, que tem um 2.0 de até 154 cv. A grande cartada do Prius está no consumo. O híbrido faz espantosos 23,8 km/l na cidade e 18,2 na estrada, contra 11,5 e 15,6 do Corolla.
Me senti jogando videogame no Prius: o painel digital mostra as situações em que o freio-motor ou no pedal recarregam as baterias – infelizmente não há opção de carregá-lo na tomada, como ocorre no Prius vendido na Europa e nos EUA.
Ruidoso, o motor a combustão só entra em ação nas acelerações fortes ou se a bateria estiver com pouca carga. Se o condutor ativar o modo EV, ele pode rodar até uns 2 km só na eletricidade.
Apesar da direção mais leve, o Prius tem comportamento dinâmico parecido com o do Corolla. A suspensão tem calibragem firme que não incomoda em pisos esburacados, embora o Corolla (que teve os amortecedores recalibrados) seja mais confortável nessa situação.
Próximos em preço e conteúdo, Prius e Corolla são duas das opções mais sedutoras da Toyota. Confortável e discreto, o Corolla é uma ótima compra. Mas o Prius vence por oferecer todas as qualidades do sedã com melhor custo-benefício: a economia no seguro e no consumo são imbatíveis.
E de quebra você ajuda a preservar o planeta.
Veredicto
Confortável, bem equipado e espaçoso, o Corolla é uma ótima compra. O Prius é tudo isso – e é muito mais econômico, o que faz dele o vencedor do comparativo.
Teste (com gasolina)
Corolla | Prius | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,2 s | 12,1 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 31,5 s | 33,4 s |
Velocidade máxima (dados de fábrica) | n/d | n/d |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 4,2 s | 7,2 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 5,5 s | 7,8 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 7 s | 10,1 s |
Frenagem de 60/80/120 km/h a 0 m | 17,1/30,2/69,5 m | 16,2/28,8/66,2 m |
Consumo urbano | 11,5 km/l | 23,8 km/l |
Consumo rodoviário | 15,6 km/l | 18,2 km/l |
Ficha técnica
Toyota Corolla | Toyota Prius | |
Motor | flex, diant., transv., 4 cil., 1.986 cm3, 16V, 12:1; 154/143 cv a 5.800/5.600 rpm, 20,3/19,4 mkgf a 4.800/4.000 rpm | 4 cil., diant., transv., gas., ciclo Atkinson, 1.798 cm3; 16V, 98 cv. Elétrico de 72 cv. Potência combinada de 123 cv; torque n/d |
Câmbio | automático, CVT, tração dianteira | automático, CVT, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (diant.) / eixo de torção (tras.) | McPherson (diant.) e duplo A (tras.) |
Freios | disco ventilado (diant.) / sólido (tras.) | discos ventilados (diant.) e sólidos (tras.) |
Direção | elétrica | elétrica |
Rodas e pneus | liga leve, 205/55 R16 | liga leve e calotas, 195/65 R15 |
Dimensões | comprimento, 462 cm; largura, 177,5 cm; altura, 147,5 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1.320 kg; peso/potência, 8,57/ 9,23 kg/cv; peso/torque, 65/ 68 kg/mkgf; tanque, 60 l; porta-malas, 470 l | compr., 454 cm; largura, 176 cm; altura, 149 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1.400 kg; peso/potência, 11,4 kg/cv; tanque, 43 l; porta-malas, 412 l |