Dirigimos o novo Nissan Kicks, veja quando estreia e se vale a pena esperar
O Nissan chega em breve ao já agitado segmento de SUVs compactos. Para antecipar o que vem por aí, dirigimos o Kicks no México, onde já está à venda

Quem se detiver a olhar para o horizonte do mercado brasileiro vai observar o céu carregado com formação de nuvens pesadas, prestes a despejarem raios em forma de novos modelos. Feliz do consumidor que estiver à procura de novidades. A tempestade perfeita cairá no segmento de SUVs compactos, já sob efeito da renovação de VW T-Cross e Hyundai Creta (nada menos que os líderes da categoria), e da expectativa da chegada de Nissan Kicks e Toyota Yaris Cross, aguardada para breve.

Espera-se que o Nissan chegue antes, em junho, e o Toyota, em julho. Dirigimos o Kicks, que já está à venda no México, onde avaliamos o modelo e antecipamos o que vem por aí. Se você pensa em se molhar, comprando um SUV compacto, leia este texto, antes de sair de casa, sem guarda-chuva.
O Kicks de segunda geração apresenta uma nova linguagem de design, com volumes maiores e quadrados, que o fazem parecer mais robusto, se comparado ao antecessor, mais estilizado com linhas delicadas. Esse visual parrudo parece influenciado pelos novos jipes chineses, que, por sua vez, beberam em fontes alemãs (Mercedes Classe G) e americanas (Jeep Wrangler). Segundo os designers da Nissan, porém, eles se inspiraram em coisas bem mais triviais como tênis esportivos e capacetes de futebol americano para criar a aparência do carro.

O interior segue a tendência atual de adotar uma superfície frontal contínua que une o painel de instrumentos e a tela das funções do sistema de multimídia, ambas com 12,3”, e esta levemente orientada para o motorista.
A disposição dos elementos decorativos é em grande parte horizontal, o que visualmente faz o conjunto parecer mais largo. Além disso, alguns acabamentos têxteis estreiam na parte frontal e nas portas. Surpreende a utilização de cores e tons claros com grande percepção de qualidade, algo a que não estamos acostumados em um Nissan compacto. A sensação tátil dos revestimentos interiores é muito agradável e melhorada, se tomarmos como referência outro modelo da Nissan, por exemplo o Versa.


A ideia do interior também foi simplificar sua operação e isso produziu uma leve redução de controles, o que deu clareza e limpeza a todo o arranjo do painel frontal. No tema das comodidades, temos controles de áudio no volante, carregador sem fio, piloto automático, reconhecimento de voz, um botão de partida (Push Engine Start) associado à chave inteligente (iKey) e conectividade totalmente sem fio com Apple CarPlay e Android Auto.
Na versão Platinum, mostrada aqui e que foi usada em nosso test-drive, os ocupantes desfrutarão de iluminação ambiente de led e um sistema de áudio Bose com dez alto–falantes, dois deles nos encostos de cabeça para motorista e passageiro.


Sob o capô, há um motor 2.0, de quatro cilindros, aspirado, que gera 142 cv de potência e 19,3 kgfm de torque, acoplado a uma transmissão CVT de nova geração, que foi criada para acabar com as queixas dos clientes referentes a partidas um tanto lentas, entrecortadas e ruidosas, adicionando um sistema de embreagem multifásica de três vias. Agora, além de respostas mais escalonadas, a transmissão funciona de forma mais suave e efetiva.
A Nissan não divulgou números de teste em pista. Mas, de acordo com publicações como a norte-americana Car and Driver, que mediu, o Kicks acelera de 0 a 100 km/h em 9 segundos. E, segundo os números da agência ambiental dos EUA, EPA, ele faz 11,9 km/l, na cidade, e 14,9 km/l, na estrada.

Dinamicamente, o novo SUV tinha de ser melhor que o anterior e, após os primeiros quilômetros de condução, começamos a perceber algo que se destaca muito rapidamente. A resposta da direção é muito ágil, não só nas reações como na redução dos espaços de manobra, graças uma relação mais direta.
A suspensão também ficou esportiva, com um amortecimento firme e a descompressão suave. A configuração da suspensão é McPherson com barra estabilizadora na dianteira e eixo traseiro rígido na traseira. Usa pneus 225/45 R19. Em todos os momentos, as transferências de peso longitudinais e transversais são muito progressivas, por mais repentina que seja a manobra de mudança de direção ou mesmo em frenagem.

Esse comportamento foi desenvolvido apenas para o mercado mexicano, no entanto. Segundo os engenheiros de desenvolvimento da Nissan, para alcançar essa configuração, foi utilizada uma receita que já havia sido aplicada para o mercado mexicano na geração passada e que não foi disponibilizada em outros mercados, como o Brasil.
A Nissan não deu detalhes sobre a versão brasileira. Mas, por aqui, as mudanças devem começar pelo motor, que será um 1.0 turbo flex de três cilindros, inédito. Não será o mesmo que equipa o Renault Kardian, tratando-se de uma versão baseada no antigo 1.0 aspirado
do March, embora sejam da mesma família. Esse novo motor terá algo em torno de 118 cv e 20,4 kgfm, o que não é muito mais que o 1.6 aspirado atual, de 113 cv e 15,3 kgfm. Em relação à suspensão, deverá ser mantida a estrutura McPherson, na frente, e eixo de torção, atrás. Mas, no mercado norte-americando, o Kicks usa sistema multilink, na traseira, bem como versões com tração integral (opção inexistente por aqui).

O novo Nissan Kicks estreia a plataforma CMF, que é 20% mais rígida nos pontos de fixação e estrutura é montada com solda a laser em vários pontos. Sua carroceria tem novas dimensões, sendo 7 cm mais longa, 4 cm mais larga, 2 cm mais alta e a distância entre eixos foi esticada em 3,5 cm.
Os eixos estão mais próximos das extremidades, o que favorece sua precisão na condução e compensa a maior altura dos assentos. No total, o SUV ficou com 4,37 m de comprimento, 1,80 m de largura, 1,63 m de altura e 2,66 m de entre-eixos. Diante disso, o espaço interno cresceu. E o porta- malas passou de 674 litros para 850 l, pelo método SAE.
Ele está equipado com assistente de frenagem, seis airbags e pacote ADAS completo, trazendo piloto automático adaptativo, assistente de partida em rampa, controle dinâmico de estabilidade, detector de mudança involuntária de faixa e frenagem automática de emergência com sensor de pedestres e alerta de colisão frontal.

Na versão mais equipada, o Nissan Kicks 2025 inclui tecnologias avançadas como o Nissan ProPilot Assist (sistema de condução semiautônomo), alerta de ponto cego e alerta de tráfego cruzado, bem como o sistema de mudança de intensidade de luz (HBA) para melhorar a visibilidade.
No México, ele é oferecido em quatro versões de acabamento e conteúdo, Sense, Advance, Exclusive e Platinum, sempre com motor 2.0 CVT e 4×2, a preços entre 519.900 e 631.900 pesos, cerca de R$ 150.000 e R$ 180.000, faixa que deve ser mantida no Brasil.
Veredicto Quatro Rodas
Kicks recupera a defasagem tecnológica da primeira geração, há nove anos no mercado.
Ficha Técnica
Preço: R$ 180.000 (estimado)
Motor: gasolina, transversal, dianteiro, 2.0, 142 cv e 19,3 kgfm
Câmbio: automático, CVT, dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco nas quatro rodas
Pneus: 225/45 R19
Dimensões: comprimento, 437 cm; largura, 180 cm; altura, 163 cm; entre-eixos, 266 cm; peso, 1.379 kg; porta-malas, 850 l (SAE), tanque de combustível, 45 l
Desempenho: Consumo: 16,8 km/l, na cidade, 21,46 km/l, na estrada (EPA)