Exclusivo: dirigimos o VW Atlas, SUV turbo para brigar com Audi e BMW
O Atlas Cross Sport é a aposta da marca alemã para apagar seu passado frustrado nos Estados Unidos
Longe dos pavilhões do Salão de Nova York, nos EUA, onde o Atlas Cross foi apresentado como conceito em março deste ano, a Volkswagen preparou um trajeto para que alguns jornalistas de diferentes lugares do mundo cruzassem o país de leste a oeste com o SUV – e QUATRO RODAS fez parte desse seleto grupo.
Este ainda é um protótipo, mas a produção na fábrica americana de Chattanooga (Tennessee) já está confirmada para o fim de 2019, com chegada às concessionárias daquele mercado no início de 2020.
Assim como no Brasil, o fabricante alemão tem posicionamento generalista nos EUA, motivo pelo qual a chegada da novidade às lojas era apenas uma questão de tempo – por lá, o Touareg poderia ser considerado caro demais para carregar o emblema da VW na grade.
E, apesar do entre-eixos mais curto quando comparado à configuração de sete lugares, a carroceria com perfil cupê chama muito a atenção.
O visual não chega a ser tão radical quanto no BMW X6 e no Mercedes-Benz GLE Coupé, mas há detalhes que fogem à racionalidade.
Não falta espaço em nenhum dos cinco lugares. E esse é apenas um dos benefícios do motor elétrico utilizado para movimentar as rodas traseiras: não há cardã passando sob o carro e, consequentemente, o túnel central roubando espaço na segunda fileira.
Em relação ao acabamento, não dá para fazer considerações, já que essa unidade foi construída de maneira praticamente artesanal.
A central multimídia sensível ao toque e o quadro de instrumentos digital se destacam na cabine e parecem buscar inspiração em alguns modelos da Audi – intensificando a tendência de substituir os botões físicos. Comandos do ar-condicionado e informações do veículo? Com certeza estarão em alguma das telas.
Com isso, já dá para esperar mais refinamento que no Atlas de sete lugares, feito para consumidores menos exigentes, como os americanos.
As experiências ao volante de protótipos são sempre sui generis. Normalmente, esses veículos exigem tratamente com luvas de pelica, pois não têm a robustez ou a integridade dos modelos que saem das linhas de montagem.
Isso explica por que percorremos a 40 km/h o trajeto na lendária 17-Mile Drive – um percurso de 27 km que inclui um dos campos de golfe mais exclusivos do mundo e o Cipreste Solitário, um símbolo da região de Monterey.
Como não dava para ir além da primeira marcha (e o câmbio automático de dupla embreagem tem seis marchas), só pude ficar com uma impressão superficial de como o SUV se comporta.
Entretanto, deu para perceber que, apesar de a suspensão independente nas quatro rodas ter ajuste mais rígido, o Atlas Cross Sport conseguiu passar pelas irregularidades das estradas sem tantos ruídos estruturais, diferentemente do que se espera de um carro-conceito.
No passeio tranquilo – com direito a piso seco, baixas velocidades e asfalto com boa aderência –, não chegamos a colocar o utilitário realmente à prova. Isso também inclui, infelizmente, o sistema de tração integral.
E estamos falando de um estudo em dobro: além da carroceria, tem o conjunto híbrido experimental. Há um motor V6 3.5 com 276 cv e 35,7 mkgf de torque associado a outros dois elétricos (com 54 cv e 22,4 mkgf à frente e 114 cv e 27,5 mkgf atrás).
No total, o Atlas Cross Sport entrega até 355 cv, desde que o veículo não esteja amordaçado, diferentemente do que aconteceu com a gente.
A Volkswagen promete aceleração até os 100 km/h em apenas 5,7 segundos e autonomia de 70 km no modo totalmente elétrico graças às baterias de íons de lítio com 18 kWh instaladas sob o túnel central.
E também há diferentes modos de condução à escolha do motorista: E-Mode (100% elétrico), Híbrido, Off-Road e GTE, este último mais esportivo.
Dependendo da escolha, as respostas do acelerador e a direção podem ficar mais rápidas, enquanto o torque máximo chega aos 68,3 mkgf.
Também dá para manter os motores dianteiros responsáveis por alimentar a energia do propulsor elétrico traseiro e acionar a tração 4×4 permanentemente – que tem configurações para asfalto, fora de estrada, alto desempenho e neve.
Por fim, o propulsor a combustão pode servir apenas de gerador aos demais.
Para o nosso país, os utilitários também são a principal aposta da VW para o futuro recente, o que inclui o inédito T-Cross, que já aceleramos na versão nacional. Mas o Atlas Cross Sport só deverá chegar ao Brasil depois dos EUA.
Então, nem adianta esperá-lo nas lojas daqui antes de 2020. Só não esqueça que testamos um conceito e algumas coisas ainda podem mudar, incluindo o conjunto híbrido com três motores – pode esperar versões a gasolina e híbrida com um só motor elétrico.
Aqui, a missão também será de substituir o luxuoso Touareg, que não fez tanto sucesso em nenhuma das três gerações trazidas ao país. Por isso mesmo, o SUV deverá chegar nas versões mais equipadas com preços acima de R$ 300.000.
Ficha técnica
- Motor a combustão: gasolina, dianteiro, V6, 24V, 3.597 cm³; 276 cv a 6.200 rpm, 35,7 mkgf a 2.750 rpm
- Motores elétricos: dianteiro, 54 cv, 22,4 mkgf; traseiro, 114 cv, 27,5 mkgf;
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração 4×4
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.)e multilink (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.) e sólido (tras.)
- Pneus: 285/45 R22
- Dimensões: comprimento, 484,7 cm; altura, 173,6 cm; largura, 203 cm; entre-eixos, 298 cm