Em 2011, o Kia Picanto inaugurou o movimento de chegada dos motores três cilindros. Depois da Kia, Hyundai, Chery, Volkswagen, Nissan, Ford, Peugeot e Citroën também lançaram seus eficientes três cilindros. Agora, enquanto outras marcas (como Fiat e Chevrolet) estão prestes a fazer o mesmo, uma segunda onda começa a ganhar corpo, a dos três cilindros 1.0 com turbo. Primeiro foi a Volkswagen, que no ano passado apresentou o Up! TSI, Agora é a Hyundai, com seu HB20 Turbo – a Ford chega em julho, com o 1.0 EcoBoost montado no Fiesta. Mas voltemos ao HB20 Turbo, grande estrela deste encontro.
As primeiras perguntas que vieram à mente com a apresentação foram: “Será que ele é melhor do que o HB20 1.6?”. Para nivelar os carros no que se refere a equipamentos, o comparativo leva em consideração a versão Comfort Style dos dois HB20 (R$ 53.005 o 1.0 Turbo e R$ 55.555 o 1.6).
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Os dois HB são muito divertidos de dirigir, cada um ao seu jeito. O turbo “pega pra valer” a partir das 1.800 rpm e aí faz o motor crescer rápido de giro. Cada uma das seis marchas são devoradas com apetite voraz, a ponto de fazer quem tem um 1.0 da velha guarda (quatro cilindros e aspirado) se apaixonar até em um test-drive de 100 metros. O 1.0 turbo não nega a construção com três cilindros e gera mais vibração.
O 1.6, de maneira geral, é mais silencioso. Em marcha-lenta, chega a ser difícil notar que está ligado. Sob tocada esportiva, esse HB 1.6 pode ser definido como surpreendente. Para começar, acelerou no nosso teste de 0 a 100 km/h em apenas 10,6 s. E fez isso de uma maneira linear, forte desde o instante em que a gangorra repentina dos pés faz descer o pedal do acelerador e subir o da embreagem.
Nas provas de consumo (sempre com gasolina), uma grande zebra: o 1.6 se mostrou muito mais econômico do que o estreante 1.0 Turbo, tanto na cidade quanto na estrada. Nos ensaios de rodagem em perímetro urbano, o 1.6 cravou 11,2 km/l e o irmão caçula, 10 km/l. Na estrada, o massacre foi ainda maior: média de 16,7 km/l ante apenas 13,4 km/l do 1.0 Turbo – a versão aspirada do 1.0, aliás, faz 17,5 km/l.
Curiosiamente, nas retomadas, os números (veja quadro abaixo) mostram uma vantagem considerável do 1.0 Turbo em relação ao 1.6. Isso, porém, se deve mais à metodologia de nivelamento do teste, que mantém uma mesma marcha para cada medição, favorecendo o torque gerado pela turbina a partir dos 1.500 rpm. Numa situação da vida real, com trocas de marchas constantes, a diferença entre eles é bem pequena.
Os motores, apesar de pertencerem a famílias distintas, oferecem soluções similares. Tanto o Kappa 1.0 quanto o Gamma 1.6 são multiválvulas (12V e 16V), com injeção de combustível no sistema de admissão (antes das câmaras de combustão) e comando variável apenas das válvulas de admissão. Mas só o motor maior aposentou o tanquinho de gasolina do sistema de partida a frio.
A ficha técnica do 1.6 indica potência máxima de 128/122 cv e, no 1.0 Turbo, de 105/98 cv – em ambos, esse pico de potência é atingido na mesma faixa de rotação do motor, 6.000 rpm.
No contorno de curvas, os irmãos são gêmeos, com tendência a escorregar a dianteira. A calibragem das suspensões têm evidente foco no conforto: o HB é silencioso e bastante macio. Ainda que o facelift da linha 2016 tenha aplicado algumas alterações na suspensão, o carro continua um tanto arisco em frenagens longas, por conta da traseira flutuante.
O sistema de assistência da direção do HB20 é hidráulico, contrariando a tendência do conjunto elétrico, aplicado até no primo Kia Picanto, com o qual compartilha plataforma e o motor 1.0.
No acabamento, a única diferença entre o 1.0 e o 1.6 está na padronagem do tecido dos bancos: Woven no primeiro, Knit no segundo. Mas como ambos são pretos, ao vivo, são quase idênticos. Quanto ao conteúdo, as unidades consideradas no comparativo, Comfort Style, trazem ar-condicionado, trio elétrico, computador de bordo, som, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 15 e Isofix. O 1.0 custa R$ 53.005 e o 1.6, R$ 55.555.
Como apenas R$ 2.650 (cerca de 5% do valor total) separam os irmãos, fica a dica: pague essa diferença sorrindo. A tendência é esse sorriso ficar no rosto por todo o tempo que você e seu HB 1.6 estiverem juntos.
VEREDICTO
Eis um comparativo fácil: muito além do que um motor mais potente, o HB20 1.6 entrega uma dose bem maior de prazer ao dirigir. É econômico quando conduzido com o pé leve e esperto como um esportivo quando provocado. O estreante 1.0 Turbo não faz cócega no 1.6.
HB20 1.0 Turbo | HB20 1.6 | |
---|---|---|
Aceleração de 0 a 100 km/h | 11,5 s | 10,6 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 33,1 s – 157,6 km/h | 32,1 s – 162,7 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em 3ª) | 5,5 s | 7,4 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em 4ª) | 8,1 s | 10,9 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em 5ª) | 11,8 s | 15,8 s |
Frenagem de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 17,2 / 30,4 / 68,9 m | 15,8 / 27,6 / 66 m |
Consumo urbano | 10 km/l | 11,2 km/l |
Consumo rodoviáro | 13,4 km/l | 16,7 km/l |
HB20 Comfort Style 1.0 Turbo | HB20 Comfort Style 1.6 | |
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Preço | R$ 53.005 | R$ 55.555 |
Motor | flex, diant., transv., 3 cil., 998 cm3, 12V, 9,5:1, 71,0 x 84,0 mm, 105/98 cv a 6.000 rpm, 15/13,8 mkgf a 1.500 rpm | flex, diant., transv., 4 cil., 1.591 cm3, 16V, 12:1, 77 x 85,4 mm, 128/122 cv a 6.000 rpm, 16,5/16 mkgf a 5.000/4.500 rpm |
Câmbio | manual, 6 marchas, tração dianteira | manual, 6 marchas, tração dianteira |
Direção | hidráulica | hidráulica |
Suspensão | McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.) | McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.) |
Freios | disco ventilado (diant.) e tambor (tras.) | disco ventilado (diant.) e tambor (tras.) |
Pneus | 185/60 R15 | 185/60 R15 |
Dimensões | comprimento, 392 cm; largura, 168 cm; altura, 147 cm; entre-eixos, 250 cm; peso, 1.053 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 300 l | comprimento, 392 cm; largura, 168 cm; altura, 147 cm; entre-eixos, 250 cm; peso, 1.040 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 300 l |