A Honda atualizou o visual da Hornet, a líder de vendas entre as naked de maior cilindrada no Brasil, seis meses depois de fazê-lo na Europa. Mas a nova Hornet não traz nem a suspensão dianteira regulável nem as novas tintas da versão europeia. Nada de amarelo ou branco, as cores à venda por aqui são as anteriores preto e verde metálico. Em compensação, a CB 600F 2012 baixou de 33260 para 30800 reais. Na versão com C-ABS, como a testada, o preço foi de 36680 para 33800 reais.
A ciclística e a mecânica não mudaram. Motor e câmbio continuam entre os mais modernos do mercado, potentes, confiáveis e robustos. Mas a suspensão dianteira agora fica sem graça diante da rival Kawasaki Z750, que monta bengalas alternadas, uma para compressão e outra para retorno, com regulagens de pré-carga da mola e retorno (embora sacuda mais que a Honda em curvas fortes, ao menos regulada como estava).
A Z750, aliás, venceu o último comparativo entre as naked do segmento. Contaram pontos naquela vitória o apelo de novidade, os 150 cc a mais, o design mais moderno e a pífia diferença de preço entre os modelos. A Kawasaki, apesar de continuar deliciosa, perdeu três desses quatro argumentos com a chegada da nova Hornet. Nesse ínterim, a CB 600F, além de ganhar visual renovado, ficou mais barata e a Z750, mais cara – a diferença entre elas, que antes era de 730 reais (ambas sem ABS), agora é de 4048 reais, bem mais significativa. À Kawasaki restaram os 150 cc a mais, que têm, no caso, significado mais simbólico, de status, que de desempenho. Sim, você leu direito: os 150 cc a mais não fizeram grande diferença no desempenho. A Hornet andou mais que a Z750 em aceleração e velocidade máxima na pista, perdendo só em retomada, quando o maior torque – e em rotações mais baixas – da Kawasaki faz diferença.
A Yamaha XJ6N é quase atriz coadjuvante aqui – e não só porque todas as luzes se voltam para a reestilização da Hornet. É que a marca dos diapasões ataca o segmento pelo preço. Custando 6280 reais a menos que a Z750, a XJ6 ainda vai ter que suar muito para justificar a diferença de 2200 reais para a Hornet – pequena diante das especificações técnicas e de performance. Compare os 77,5 cv da XJ6 e os 102 cv da CB, por exemplo, para ter uma ideia.
DESIGN ECONÔMICO
As mudanças da Hornet são mais profundas na traseira, mais leve e esportiva com o suporte de placa isolado, pendurado lá atrás como nas superesportivas. A lanterna voltou a ficar vermelha (a lente era branca) e segue com leds no lugar de lâmpadas (quatro para a luz de posição traseira e oito para a luz de freio). É bom. Diodos gastam menos energia e duram mais que lâmpadas.
Todo o subchassi traseiro foi modificado para receber o novo banco (incorpora cintas escamoteáveis para a fixação das aranhas de amarração). O assento tornou-se mais estreito para melhor encaixe das pernas no tanque.
A traseira perde as duas grandes alças de alumínio forjado que serviam de apoio para o garupa e para a amarração de bagagens – e eram marcantes no visual traseiro, com sua forma de asas.
O garupa agora deve se agarrar em duas fendas, uma de cada lado nas laterais. Ficou mais bonito, mais moderno e… mais barato de produzir! A mesma lógica inteligente foi aplicada na dianteira e no painel. O conjunto óptico e de painel frontal ficou mais leve, esguio e moderno – e deve ter facultado à montadora uma economia de escala que possivelmente lhe permitiu, em parte, reposicionar o preço final do modelo.
Assim, o farol não é mais duplo, de dois refletores superpostos, com duas lâmpadas. Uma só lâmpada em um só bloco óptico dá conta do recado, valendo- se de dois filamentos, um de 60 W para o facho alto e um de 55 W para o baixo. Uma lanterna de posição surge por baixo do conjunto.
O painel mudou: ficou menor – e pior. Agora digital, com um miúdo conta- giros de cristal líquido no lugar do ponteiro, perde em facilidade e rapidez de leitura. Está mais sujeito a reflexos indesejados. Apesar de parecer – e, eventualmente, até mesmo ser – mais tecnológico e avançado, também deve significar alguma economia de escala, o que a fábrica não confirma. O conjunto mantém importantes funções, luzesespia previdentes e um bom número de informações úteis, como nível de combustível, autonomia restante, consumo instantâneo e médio etc.
As pequenas aletas laterais ao farol, isoladas na minicarenagem frontal, têm, segundo Alfredo Guedes, engenheiro da empresa, utilidade aerodinâmica nas velocidades altas (acima de 120 km/h), para pressionar a frente junto ao chão.
Dinamicamente, a motocicleta não mudou – e continua deliciosa. Tem o melhor motor, o melhor quadro (o único de alumínio forjado) e os melhores freios do segmento, especialmente com o C-ABS, que ninguém mais tem. A Kawasaki oferece um bom ABS, mas sem o sistema de frenagem combinada. Apesar disso, o ABS da Kawasaki é mais caro: custa 3433 reais, ao passo que o sistema da Honda sai por 3000.
A Yamaha XJ6N é um conjunto equilibrado, mas é assumidamente mais barata, com componentes mais simples, motor menos potente, pneus mais finos – e não oferece ABS nem como opcional. Mesmo assim, é um bom produto, que merece todo o respeito. Para uso urbano, por exemplo, é a melhor de todas, pois tem torque em baixa superior à Honda e melhor maneabilidade em pequenos espaços que a Kawasaki. Além disso, é a mais econômica, o que sempre é relevante. Também aceita melhor (tão bem quanto a Z750) pilotos mais graúdos que a Hornet, “mignon” para quem tem mais de 1,80 metro. Tamanho é prerrogativa da Z750, que, com seus 203 kg (são 186 na XJ6 e 173 na CB), se impõe pela presença.
HONNDA CB 600F HORNET
TOCADA
É a mais baixinha, mas a mais ligeira, sempre na mão, com estabilidade e maneabilidade impecáveis.
★★★★
DIA A DIA
Quase ideal. O problema é que ela é extremamente visada pelos ladrões. As alças para amarrar carga sobre o banco são uma solução brilhante.
★★★
ESTILO
Ficou igual à europeia em design. Mas ainda lhe faltam a suspensão regulável na frente e as novas cores.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
É um motor de alta, exige alguma solicitação da embreagem nas saídas. O câmbio é o padrão japonês.
★★★★
SEGURANÇA
A unidade testada tinha C-ABS, uma enorme vantagem. Mesmo sem ele, é tão boa quanto as rivais.
★★★★
MERCADO
Fácil de vender, e por bom dinheiro – inteira ou, tristemente, em partes, para alegria dos larápios.
★★★★★
KAWASAKI Z750
TOCADA
Motor com boa elasticidade e torque em baixa. Não tão agressivo em alta quanto o da Honda, tem faixa de uso mais civil.
★★★★
DIA A DIA
Esterça pouco e é grande e pesada para uso diário urbano. Mas sim, é possível.
★★★
ESTILO
Muito bom, atraente e moderno, combinando vincos e curvas sinuosas.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
Potente, empurra forte e tem força desde baixos giros. Câmbio impecável.
★★★★
SEGURANÇA
Também oferece o ABS como opcional, como a Honda. A unidade testada não tinha. Mesmo assim, bons pneus e freios.
★★★★
MERCADO
Tem sido bem-sucedida no segmento e, segundo a pesquisa da Fipe-USP, mantém bom preço na hora da revenda.
★★★★
YAMAHA XJ6N
TOCADA
Mais urbana, menos agressiva, mais econômica. Ainda assim, é deliciosa e estável. Ótima na cidade.
★★★★
DIA A DIA
Bonita, moderna, ágil e imponente, é a cara da moto para uso diário. Quase ideal para a proposta.
★★★★
ESTILO
Moderna, atual. Cheia de pequenas carenagens plásticas espalhadas pela moto. Discreta e agradável.
★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
Motor mais orientado para as médias e baixas rotações. Tocada fácil e fluente, com câmbio padrão.
★★★★
SEGURANÇA
Bons freios, suspensões e pneus que dão estabilidade. No gás total, o quadro torce um pouquinho. Falta opção de ABS.
★★★
MERCADO
Uma boa opção de custo-benefício, já que tem o melhor preço, seguro baixo e é a mais econômica.
★★★★