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Honda Vezel

Fomos ao Japão para conhecer o SUV que marca a entrada da Honda no segmento do Ford EcoSport. E descobrimos alguns segredos: ele estreia com o motor 1.8 flex do Civic e câmbio CVT

Por Paulo Campo Grande | Fotos Massaki di Napoli
Atualizado em 8 nov 2016, 22h40 - Publicado em 28 mar 2014, 19h56
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    Anunciado como um veículo a ser fabricado no Brasil, já na apresentação como carro-conceito, em janeiro de 2013, o Honda Vezel tornou-se um dos lançamentos mais aguardados dos últimos tempos. A expectativa cresceu não só pelo interesse que SUVs com- pactos despertam nos brasileiros, como também pelo tempo de espera entre o anúncio e a chegada (ainda oficialmente indefinida) do carro às lojas. O Vezel será a principal atração da Honda no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro deste ano, mas a previsão é de que suas vendas comecem somente no fim do primeiro trimestre de 2015.

    Para diminuir a ansiedade, fomos até o Japão conhecer o carro e contar o que o consumidor encontrará por aqui. No Japão, onde foi lançado no fim de 2013, o Vezel tem posicionamento de produto premium (com preços acima da média do segmento). No Brasil, ficará no patamar de seus concorrentes, que hoje são Ford EcoSport e Chevrolet Tracker – em breve haverá outros, como Peugeot 2008 e Renault Captur, para citar apenas os que chegam mais cedo. Ainda não dá para falar em preços, mas sabemos que o Vezel será um pouco mais caro que o EcoSport. Sua versão básica custará tanto quanto uma intermediária desse rival. Podemos esperar que sua versão de entrada fique entre 60000 e 70 000 reais. O Vezel terá três ou quatro configurações (algo como CX, LX, EX e EXL). Nesse momento, a fábrica ainda faz contas, mas sabe que deve ter preço atraente para atingir o volume pretendido de 3 000 unidades/mês.

    Apesar de usar a mesma plataforma do pequeno Honda Fit, o Vezel é mais encorpado e parece até dono de uma distância entre-eixos maior. Por dentro, ele lembra o irmão maior, o Honda CR-V. O espaço do motorista é delimitado pelo console. Mas, ao abrir a porta traseira, a gente se surpreende com a área disponível nas três dimensões: comprimento, largura e altura. O porta-malas tem 400 litros de capacidade, 36 litros a mais que o do EcoSport e 94 litros acima do que cabe no Tracker. E, assim como o Fit, o Vezel tem bancos modulares, que permitem o uso versátil da cabine.

    Ao assumir o volante, o que chama atenção são os materiais de acabamento, com destaque para as partes em preto brilhante, com frisos cromados, presentes desde a versão básica, no Japão, mas ainda não confirmadas para o Brasil. O console central é digno de nota: ele é plano, elevado até a altura dos bancos e tem um discreto porta-objetos na parte de baixo, com entradas 12V, USB (duas) e HDMI (pelo menos na versão japonesa).

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    Por causa da diferença de posicionamento, nossoVezel terá acabamento de modo geral mais simples do que se vê nas fotos. Também será menos equipado. Pode mudar, por exemplo, o revestimento interno das portas (de tecido) e as maçanetas externas (de alumínio, enquanto as do Honda Civic nacional são de plástico cromado).

    Entre os equipamentos, o ar-condicionado, que no modelo japonês tem tela de controle sensível ao toque, e o freio de emergência autônomo são itens que devem ser suprimidos ou substituídos por aqui. A versão asiática conta com freio a disco nas quatro rodas, mas para mantê-lo abaixo dos 70 000 reais a marca pode optar por usar disco na frente e tambor atrás, como a maioria dos rivais comercializados no Brasil.

    Não espere, porém, menos do que o padrão de acabamento reconhecido nos Honda vendidos no país. Recursos como bancos moduláveis, sistema de gestão de consumo ECON, controle de estabilidade e a central multimídia (nas versões mais caras) têm lugar garantido no Vezel.

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    Além do posicionamento, há outros aspectos que a Honda considerou para se adequar ao mercado brasileiro. O modelo japonês, por exemplo, tem duas opções de motor: 1.5 (gasolina), de 131 cv, e 1.5 híbrido (gasolina e elétrico), com 152 cv de potência máxima atingida conjuntamente pelos dois propulsores. No Brasil, já foi decidido que haverá apenas o motor 1.8 flex, de 140 cv, que equipa o Civic. Lá, a transmissão será sempre automática CVT (sem relações fixas), para as versões a gasolina, e automática de sete marchas, para as híbridas. Aqui, teremos os câmbios automático CVT e manual de seis marchas. A tração, no Brasil, será sempre 4×2 dianteira, enquanto no Japão o cliente pode escolher entre 4×2 dianteira ou 4×4.

    Essas diferenças são as de maior relevância, porque os demais sistemas do carro seguem o que foi definido pelo projeto. Assim como o modelo japonês, o nosso terá direção elétrica e suspensão do tipo McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. As alterações nesses sistemas se resumem às calibragens, para adaptação ao gosto do consumidor e às condições de rodagem brasileiras. Em nosso test-drive feito nas ruas e estradas bem-conservadas da região de Nagoya, notamos a direção mais pesada que de costume nos Honda nacionais, assim com a suspensão nos pareceu mais firme, transmitindo para a cabine cada emenda do asfalto. Por isso pode-se prever que o nosso veículo seja mais confortável. A unidade avaliada era equipada com pneus 215/55 R17, mas no Japão existe também a opção da medida 215/60 R16, que pode ser a adotada no mercado brasileiro.

    De modo geral, o Vezel se mostrou um carro fácil de dirigir. Mesmo guiando no Japão, que adota a mão-inglesa, me senti à vontade ao volante, no trânsito. Sem dificuldade para perceber as dimensões do modelo, consegui até estacionar em uma vaga a 90 graus – contei com a ajuda do retrovisor do lado esquerdo, que possui um segunda área de visão que mostra o espaço próximo à roda dianteira, região de ponto cego nos SUVs, mais crítica para quem não está acostumado à mão-inglesa. O nível de ruído interno também é baixo. A versão dirigida Hybrid Z (intermediária) era naturalmente silenciosa, por causa do motor elétrico. Mas, mesmo quando o motor a gasolina funcionava, o ruído era baixo graças ao eficiente isolamento acústico da cabine, com borrachas duplas nas portas e mantas têxteis de isolamento, nas caixas das rodas e na parte inferior do carro, entre outros recursos ainda inéditos na linha Honda nacional.

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    Pelo que vimos, o Vezel deverá agradar o consumidor brasileiro. E a Honda aposta alto nesse modelo. Para satisfazer o mercado, ela pode até mudar a denominação do carro. Desconfiada de que existe o risco de o nome Vezel não agradar, a Honda fala em fazer pesquisas de opinião para saber qual seria a melhor opção. Uma das alternativas é Urban, nome que identificou o SUV quando ele foi apresentado como carro-conceito, em janeiro de 2013. Agora é só esperar.

    EM TRÊS DIMENSÕES

    Comparando com outros SUVs compactos à venda no Brasil, o Vezel oferece mais espaço para ombros (na dianteira), perde para a maioria dos rivais no espaço para a cabeça e fica na média da categoria na distância entre-eixos.

    VEREDICTO

    Com preço estimado na faixa das versões intermediárias do EcoSport, o Vezel é bonito, espaçoso e deverá ficar bem interessante com o motor do Civic.

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