Hyundai Creta/ix25: mais uma aposta nos SUVs compactos
Vendido como Hyundai ix25 ou Creta, o pequeno SUV pode ser a resposta da marca para entrar no competitivo mercado de EcoSport, Duster e cia
Quando o Hyundai ix25 foi apresentado pela primeira vez em 2014, no Salão de Pequim, China, ele fez os olhos de muita gente brilhar por aqui. Bonito, barato e compacto, tinha os atributos certos para ser vendido no Brasil. Afinal, como aproveita a plataforma do HB20 e foi projetado para ser um modelo global ideal para mercados emergentes, nada mais natural que se cogitasse que ele fosse fabricado no país.
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Esse carro faria sentido no Brasil? A resposta é simples: sim, pois ele reúne várias características que o consumidor de SUVs procura atualmente. Para conhecer o novo modelo de perto, fomos a Hyderabad, na Índia, onde acaba de ser lançado. Lá é vendido com o nome de Creta e já se tornou um objeto de desejo, com direto a filas de espera – exatamente como foi com o HB20 no seu lançamento no Brasil, no fim de 2012.
LONGA ESPERA
“Há cerca de 30 000 pessoas que já reservaram esse carro em toda a Índia, em concessionárias como a nossa”, conta Saral Talwar, dono da autorizada que leva o nome da sua família em Hyderabad. Resultado: na versão 1.6 a gasolina avaliada, o tempo de espera é de seis meses nas grandes cidades. Para a diesel, com câmbio automático, é preciso esperar mais: dez meses.
Na Índia, o Creta é vendido numa faixa que, feita a conversão, vai de R$ 45 000 a R$ 72 000, disputando a mesma fatia de mercado de EcoSport (de R$ 36 000 a R$ 54 000) e Renault Duster (R$ 42 000 a R$ 72 000). Por lá, a chegada do Hyundai mexeu com o segmento: em junho, as vendas do Duster recuaram 40% e as do EcoSport, 33%, lembrando que aí também ocorreu a estreia do Suzuki Maruti S-Cross – que é mais um hatch alto do que um SUV.
Uma das principais razões dessa corrida às lojas está na cara: seu design atraente. O ix25/Creta traz vários elementos visuais que fizeram o sucesso do Santa Fe, o maior SUV vendido pela marca no Brasil. Basta ver as semelhanças na grade hexagonal de lâminas cromadas, os faróis (com luzes de leds integradas) puxados para trás e para cima ou as lanternas estreitas e divididas entre a tampa traseira e a lateral. A maior diferença está no perfil: no Santa Fe, a linha de cintura sobe bastante junto à traseira, formando a terceira janela.
Há vários recursos que ajudam a transmitir uma sensação de robustez e requinte que de fato ele não tem. Saral Talwar sabe bem o porquê disso. “Esse modelo é para clientes aspiracionais, mas que não podem gastar com um modelo como o Santa Fe”, explica o concessionário indiano.
Como só um bom estilo não faz um carro de sucesso, os coreanos fugiram do conceito de criar um interior pobre e barato para vender em países emergentes. Por dentro, o modelo topo de linha que avaliamos era farto em equipamentos. Com a chave no bolso, abri a porta e dei a partida, apertando o botão de ignição. Assim que engatei a ré, entrou em ação a câmera de estacionamento.
Mesmo na Índia, onde os veículos costumam ser ainda mais espartanos que aqui, o Creta vem bem recheado. Havia também ar-condicionado digital, bancos de couro, retrovisores e vidros elétricos, direção ajustável em altura e profundidade, volante multifunção, tela com 7 polegadas (a de série é de 4,3 polegadas), TV digital, Bluetooth e som com conexão para iPod, USB, MP3 e seis alto-falantes.
O acabamento interno não é muito diferente do que se encontra no hatch HB20, mas é muito bem desenhado e construído. Seu painel preto com uma faixa bege, com relógio digital no topo, é caprichado. Mesmo os plásticos têm boa sensação ao toque.
Com 4,27 metros, o Creta é 37 cm maior que o HB20 – tem o mesmo tamanho do nosso Tucson. O espaço interno não é problema: são 2,59 metros de entre-eixos, 9 cm a mais do que o HB20 e 7 cm a mais do que o EcoSport. Assim, mesmo com 1,88 metro de altura, fiquei bem acomodado no banco de trás: minha cabeça não raspou no teto e as pernas ficaram longe de encostar nos bancos da frente. O porta-malas oferece 402 litros de capacidade, menos que os 431 do Honda HR-V, porém bem melhor que os 290 litros do EcoSport e os 351 litros do Jeep Renegade.
O motor da versão avaliada é um 1.6 a gasolina de 123 cv, da família Gamma, o mesmo que equipa o HB20 nacional e o Kia Soul importado. Com torque de 15,4 mkgf a 4 850 rpm, ele cravou em média 10,2 segundos de 0 a 100 km/h, segundo medições das revistas indianas – no nosso teste de pista, o HB20 1.6 registrou 11,6 segundos – lembrando que a gasolina brasileira tem 25% de etanol, o que melhora a aceleração. Se o desempenho não chegou a empolgar no trânsito de Hyderabad, seu câmbio manual de seis marchas mostrou engates precisos e suaves durante nosso test-drive – mesmo considerando que tive de fazê-los com a mão esquerda, já que lá se usa a mão-inglesa.
A suspensão absorveu bem buracos e imperfeições das ruas indianas, tão irregulares quanto as brasileiras. Para suportar o piso ruim, a suspensão dianteira McPherson recebeu o sistema Hydro Rebound Stopper (não deixa o amortecedor esticar totalmente quando a roda cai no buraco), que melhora o conforto em asfalto mal conservado. A distância de solo é de 19 cm, a mesma altura do HB20X.
Com tantos predicados, o ix25/ Creta promete ter um futuro promissor no Brasil, país onde os SUVs compactos como Honda HR-V e Jeep Renegade acumulam ótimos números de venda mesmo em meio à crise econômica. A Hyundai já confirmou que o carro será um de seus destaques no próximo Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro. A fabricação na planta de Piracicaba (SP) deve começar em 2017.
VEREDICTO
Com seus ares de Santa Fe, o SUV faz sucesso onde já foi lançado. Por aqui, seria o candidato ideal para a Hyundai emplacar um novo sucesso depois do êxito do HB20.
Motor | dianteiro, transversal, 4 cil. em linha, 16V, comando variável de válvula |
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Cilindrada | 1591 cm3 |
Diâmetro x curso | 77 x 85,4 mm |
Taxa de compressão | 12:1 |
Potência | 123 cv a 6 400 rpm |
Torque | 15,4 mkgf a 4 850 rpm |
Câmbio | manual, 6 marchas, tração traseira |
Dimensões | comprimento, 427 cm; altura, 178 cm; largura, 163 cm; entre-eixos, 259 cm |
Peso | 1 200 kg (estimado) |
Porta-malas/caçamba | 402 litros |
Tanque | 55 litros |
Suspensão dianteira | McPherson |
Suspensão traseira | eixo de torção |
Freios | discos ventilados (diant.) e tambores (tras.) |
Direção | elétrica |
Pneus | 215/60 R17 |
Equipamentos | Bluetooth, volante multifunção, câmera de ré, ar digital, airbags frontais e laterais, central multimídia |