Hyundai i30 1.6 16V Flex
A nova geração do hatch estreia sob a sombra do sucesso do i30 anterior: com motor menor e preço maior, não terá vida fácil
O i30 foi importante na consolidação da em 30 imagem da Hyundai no Brasil. Entre 2009 e 2013, foram emplacadas 105 333 unidades do hatch, chegando a fechar 2010 e 2011 como líder do segmento. Bem-acabado, trazia um quarto-cilindros 2.0 a gasolina de 145 cv como única opção de motor e preço inicial de 52 000 reais. Agora a história é outra. O hatch manteve as proporções da carroceria, mas incorporou a tecnologia flex, ganhou um motor menor (1.6 com 128 cv) e passou a custar muito mais, a partir de 75 000 reais.
Antes do tsunami o IPI, que aumentou em 30 pontos percentuais o imposto sobre importados, os carros da Hyundai nadavam de braçada. Hoje lutam contra a maré e, assim como acontece com os modelos de diversas outras importadoras, estão perdendo o fôlego. A nova geração do i30, já à venda nas lojas, é o melhor exemplo da má fase. O preço oficial parte de 75000 reais, mas o próprio Grupo Caoa, responsável pelos Hyundai importados no Brasil, reconhece: “Negociando, o consumidor consegue um desconto de 5000 reais”, diz Luiz Cazzonatto, diretor de pós-venda.
Solicitamos à Caoa um modelo para avaliação, mas, diante da negativa, tivemos de garimpar um entre lojas independentes. Conseguimos com a paulistana Fantástico Veículos um exemplar de entrada. Existe ainda uma versão completa, com valor de tabela de 85000 reais.
HB20 tamanho família
A nova geração do i30 estava no Salão, em outubro de 2012, mas é provável que muita gente não o tenha visto. Suas formas básicas são muito próximas das do HB20. Repetidas vezes ouvi visitantes do Salão dizendo: “Nossa, é o i30. Parece um HB maior”. O diretor comercial da Fantástico Veículos, Alexandre Penha de Alencar, reforça essa impressão: “Praticamente todos os interessados que foram até a loja para conhecer melhor o i30 se espantaram com a similaridade com o HB20. Isso é ruim, pois a diferenciação é um dos pontos fortes de hatches médios”. Alexandre e o público têm razão: dianteira e traseira fazem a nova geração do i30 parecer mais um HB20 anabolizado do que um Elantra hatch – o que, aliás, ele de fato é.
Basta entrar no i30 para a tal personalidade de hatch médio começar a surgir. O painel é diferente do que equipa o Elantra, sobretudo na porção central, com console vazado na parte inferior. A forração das portas também é diferenciada. Os plásticos têm mix de texturas, brilhos e cores agradável e são bem encaixados e alinhados.
Com uma perspectiva de futuro não tão promissora quanto a que teve o velho i30, a Caoa estabeleceu uma nova estratégia de versões. A mais simples tem itens de série interessantes, como sistema multimídia com LCD de 7 polegadas sensível ao toque, câmera de ré (camuflada no logo Hyundai da tampa do porta-malas) e volante multifuncional (com teclas de telefonia, do piloto automático e do som). O pacote que separa a versão básica da completa é caro, sai por 10 000 reais. Mas, diferentemente do que custa o próprio carro, faz valer cada centavo investido. Traz partida do motor por botão, ar-condicionado digital bizona, freio de estacionamento eletrônico, banco do motorista com ajuste elétrico, bancos de couro, teto solar elétrico, faróis de xenônio, controles de estabilidade e tração, airbags do tipo cortina, laterais e de joelho no lado motorista, entre outros itens menores.
Se na comparação interna o i30 top se destaca diante do básico, no confronto multimarca o lançamento coreano é carta fora do baralho mesmo na configuração superior. Um Cruze hatch LTZ automático custa 77 150 reais e ainda conta com motor 1.8 de 144 cv. Assim como o i30, tem câmbio automático de seis marchas e é flex. A Peugeot também tem um concorrente direto do Hyundai, o 308. Na versão Feline com o opcional do GPS, sai por 68 990 reais e tem motor (flex) ainda maior e mais potente, um 2.0 com 151 cv.
Na pista, o i30 se mostrou com uma dirigibilidade agradável, mais refinada que a do antigo, principalmente por causa dos sistemas de suspensão e direção, ambos com funcionamento silencioso. As páginas de consumo de combustível (instantâneo e acumulado) e autonomia foram suprimidas do computador de bordo. Assim sendo, precisaríamos instalar nossos equipamentos de medição de con- sumo no sistema de alimentação de combustível. Como isso significaria invadir o sistema de alimentação de um carro particular, preferimos deixar a medição para uma outra oportunidade, com um modelo cedido pelo importador.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
a direção com assistência elétrica e três níveis de ajuste de “peso” por meio de uma tecla no volante é o destaque.
★★★★☆
MOTOR E CÂMBIO
O motor é o mesmo do HB, mas o câmbio é novo, com seis marchas em vez de cinco. o conjunto é bom, mas os donos do antigo i30 sentirão falta da pegada do motor 2.0.
★★★☆
CARROCERIA
O novo i30 tem o mesmo porte do antigo, mas pesa 117 kg a menos, o que significa a aplicação de materiais mais nobres. o design agrada, mas carece de personalidade.
★★★★
VIDA A BORDO
O i30 topo de linha tem uma cabine mais interessante para piloto e passageiros. Duro é investir pesado num carro no qual preço alto é item de série.
★★★☆
SEGURANÇA
Nos testes do Euro NCap, o novo i30 manteve as cinco estrelas do antigo. Em ambos os casos, o modelo avaliado foi o completo.
★★★★☆
SEU BOLSO
A nova geração perdeu um dos pontos fortes do i30: a boa relação custo-benefício.
★★★
OS RIVAIS
Cruze Sport6
A versão Lt do Chevrolet pega o i30 de entrada e a LTZ encara o top de linha. O motor é um 1.8 16V flex com 144/140 cv.
Peugeot 308
A versão Feline, com motor 2.0 flex de 151/143 cv e completa, é tão equipada quanto o i30 top e custa menos que o i30 básico.
VEREDICTO
Se o preço não cair, seja por desconto do importador, seja por mudanças nas regras do iPi, o novo i30 tende a ter vida dura. Bem-acabado e atual, mas com motor menor, sofrerá com os rivais mais baratos e potentes.
>> Confira aqui a Ficha Técnica do carro