Impressões: HR-V Touring cobra muito por poucos diferenciais
Nova versão mais luxuosa do SUV da Honda tem faróis de led e seis airbags de série
Lançado há dois anos, o HR-V conquistou a liderança do segmento de SUVs compactos. Apesar do número cada vez maior de concorrentes, a Honda não pretende abrir mão desse título. A última cartada da japonesa é a versão Touring. Apresentada ao público durante o último Salão do Automóvel de São Paulo, chega agora às lojas.
O HR-V Touring estreia por R$ 105.900 para ficar acima da EXL – que parte de R$ 101.400. A diferença de R$ 4.500 corresponde aos faróis de led, sensor de estacionamento traseiro, retrovisor interno fotocrômico, airbags do tipo cortina (totalizando seis) e lanternas traseiras com leds.
Controles de estabilidade e de tração, piloto automático, assistente de partida em rampas e ar-condicionado digital dotado de painel sensível ao toque, que já existiam no EXL, foram mantidos.
Parece pouco, mas o novo conjunto óptico renovou o estilo do HR-V, que, se ainda não apresenta sinais de cansaço, virou parte da paisagem das grandes cidades devido às boas vendas. Sem contar que os faróis de led melhoram significativamente a visibilidade em locais pouco iluminados.
No ano passado, o HR-V passou por testes de iluminação no IIHS (um instituto americano de segurança viária mantido por seguradoras) e os resultados foram insatisfatórios. A tecnologia de leds tende a amenizar (ou resolver) esse problema.
A Honda não diz, mas se a ideia era associar a imagem do HR-V Touring à versão topo de linha do Civic, a marca poderia ter adotado o eficiente motor 1.5 turbo (173 cv e 22,4 mkgf apenas com gasolina) em vez do conhecido 1.8 i-VTEC (140 cv/139 cv e torque máximo de 17,3 mkgf/17,4 mkgf) que equipa todas as versões do SUV.
Ou pelo menos algum dos itens presentes no sedã, como banco do motorista com ajustes elétricos, partida do motor sem chave, teto solar e a câmera lateral instalada no espelho retrovisor, ativada simultaneamente com a luz de seta do lado direito.
Já que as mudanças não atingiram a parte mecânica, o HR-V Touring se comporta exatamente como qualquer outra versão. Ou seja, oferece boa dirigibilidade e nível de conforto satisfatório. As manobras são facilitadas pela direção elétrica. A transmissão CVT eleva o giro de maneira ruidosa nas acelerações, porém oferece funcionamento suave – faz boa combinação com o motor 1.8.
No último comparativo envolvendo SUVs compactos, o HR-V teve resultado mediano tanto em desempenho quanto em consumo: aceleração de 0 a 100 em 11 segundos, com 10,4 km/l em roteiro urbano e 13,1 km/l em ritmo rodoviário. Não chega a ser lento nem beberrão, mas fica atrás dos concorrentes turbinados ou com maior litragem.
Colocando prós e contras na balança, a falta de diferenciais (o mais significativo deles é a oferta dos airbags do tipo cortina) tira um pouco do brilho da versão Touring. Até porque o restante da gama também foi contemplada com mais itens de série na linha 2017, como um novo revestimento para as laterais de portas (mais resistente e refinado), volante com comandos de som a partir da versão LX e ganchos para a fixação dos tapetes no assoalho.
A versão LX manual (R$ 79.900) agora sai de fábrica com as mesmas rodas de liga leve de 17 polegadas das outras configurações – a versão com câmbio CVT custa R$ 86.800. O HR-V EX (R$ 93.000) ganhou ar-condicionado digital automático, paddle-shifters para a troca de marchas (sete marchas simuladas no CVT) e dois tweeters nas colunas dianteiras. Por fim, o EXL (R$ 101.400) passa a trazer faróis com acendimento automático.
Em relação à concorrência, a nova versão Touring briga diretamente com o Jeep Renegade Limited 1.8 flex, cujo preço chega a R$ 102.240 quando equipado com o pacote opcional de seis airbags (são apenas dois de série).
Nissan Kicks, Hyundai Creta, Chevrolet Tracker e Renault Captur, mesmo em suas configurações mais completas, não ultrapassam a barreira dos R$ 100 mil, e muitas vezes oferecem mais equipamentos. Pesa a favor do Honda a fama do pós-venda, o custo de manutenção mais baixo e a menor desvalorização.