Impressões: o sopro da mudança do Porsche 911 Carrera
Os 911 se rendem aos novos tempos: sai o motor boxer aspirado e entra o turbo
O tempo é o senhor da razão. E tudo indica que ele andou conversando com os engenheiros da Porsche. Pela primeira vez na história, os míticos 911 Carrera despem-se dos elásticos motores aspirados e ganham eficientes propulsores turbinados. Os Carrera deixam de oferecer uma configuração admirada por puristas, mas o fato é que não há como deixar de entregar o que o mundo pede e a lei exige: carros com motores menores e que oferecem mais (desempenho) por menos (consumo).
Ao volante de um Carrera S pelas rodovias sinuosas de Tenerife, nas Ilhas Canárias (Espanha), pudemos provar, na prática, os efeitos da troca da dieta aspirada pela biturbinada. Se antes o aspirado urrava com uma capacidade de subir de giro que parecia infinita, agora é o apetite com o qual as marchas são consumidas que impressiona. No modo Sport+, o mais violento, você afunda o pé no acelerador e elas, uma a uma, entram e saem de cena com uma velocidade só não tão impressionante quanto a do próprio carro.
Em 12,9 segundos, o esportivo atinge 200 km/h. Os números não abrem espaço para discussão: ao trocar o 3.8 aspirado de 400 cv pelo 3.0 turbo de 420 cv, o Carrera S com câmbio PDK de dupla embreagem e sete marchas ampliou sua capacidade de ir de 0 a 100 km/h: faz em 3,9 segundos, contra 4,1 do anterior. E, se assim como a Porsche, o dono do esportivo também passou a ter preocupação com consumo de combustível, a boa notícia é que ele está mais contido: 9,9 km/l na cidade, segundo a montadora.
O ronco, claro, mudou. Mas calma: por mais que a sinfonia metálica tenha ficado na história, o som que vaza pelo escapamento ainda é música para os ouvidos: um som encorpado e ameaçador nas acelerações e deliciosamente embaralhado e explosivo nas reduções. Trilha sonora da melhor qualidade para acompanhar uma tocada esportiva. Na versão conversível do Carrera, também avaliada nas curvas de Tenerife, os espirros constantes da válvula controladora de pressão do turbo incomodam um pouco.
Com disco e pastilha com composto de carbono e cerâmica, os freios estancam o carro com uma potência avassaladora, funcionando como uma espécie de autorização especial para acelerar um pouco mais antes da próxima curva. Mas logo você se acostuma com o seu poder de fogo e eis que entra em cena a suspensão traseira com eixo autodirecionável, oriunda dos 911 Turbo e GT3.
O 911 Carrera S com novo motor turbo deve estrear no Brasil em abril de 2016. Se seguir o mercado europeu, o acréscimo de preço em relação ao anterior, com motor aspirado, será de cerca de 5%. Ou seja, ele subiria dos atuais R$ 625 000 para R$ 656 000. O pacote de equipamentos ainda não está fechado, mas a exemplo dos demais modelos da marca, o Carrera S deverá chegar ao Brasil com quase tudo o que a marca oferece.
VEREDICTO
Com o avanço da tecnologia, as limitações dos motores turbo praticamente sumiram. No geral, o Carrera S turbinado está ainda melhor de guiar que o aspirado.
Preço: | R$ 656 000 (estimado) |
---|---|
Motor: | traseiro, boxer, seis cilindros, biturbo, 2 981 cm3, 24V, 420 cv a 6 500 rpm; 51 mkgf a 1 700 rpm, |
Câmbio: | automatizado, dupla embreagem banhada a óleo, sete marchas, tração traseira |
Direção: | elétrica |
Suspensão: | McPherson à frente e multilink atrás |
Freios: | discos ventilados e perfurados |
Pneus: | 245/35 R20 (diant.) e 305/30 R20 (tras.) |
Dimensões: | comprimento, 449,9 cm; altura, 130,2 cm; largura, 180,8 cm; entre-eixos, 245 cm; peso, 1 460 kg |
Porta-malas: | 145 litros (diant.) e 260 litros (tras.) |
Tanque de combustível: | 64 litros |
Desempenho: | 0 a 100 km/h em 3,9 segundos |