AJAC é conhecida por fazer grandes adaptações nos modelos chineses vendidos por aqui. O J3, o estreante da marca no Brasil, teve o tempo de resposta do acelerador alterado, motor recalibrado e isolamento acústico reforçado, entre outras modificações, só para se adaptar ao gosto do brasileiro.
Após cinco anos, seus carros continuam sendo temperados para o paladar nacional, mas agora nossas preferências caíram no gosto do consumidor chinês – elas já são aplicadas nos modelos vendidos lá fora. É o caso do Jac T5, que está chegando por aqui. O SUV compacto parece ter sido fabricado no país, pois foi concebido levando em conta também características que agradam ao brasileiro.
Para entender o que a gente queria, os chineses aprenderam a falar nossa língua. Traduziram o nosso design preferido em uma carroceria de linhas modernas que remetem à robustez. A dianteira se destaca pela enorme grade cromada e pelos faróis com iluminação em leds, enquanto a traseira traz lanternas elevadas. Se você achou que o conjunto lembra demais os SUVs da Hyundai, sucesso de público no Brasil, não é o único.
Mas foi no interior que a JAC se esforçou para satisfazer nosso mercado. O painel bem desenhado traz piano black nas molduras e cromados nos botões de ar e da central multimídia. São recursos estéticos que tentam transmitir um ar de sofisticação maior do que de fato ele tem. Mas o sotaque carregado incomoda no acabamento interno: a textura grosseira do painel feito de plástico rígido revela sua origem simples.
Tropicalização
Quando dirigimos o T5 na China, em junho de 2015, incomodou a falta de agilidade em acelerações e retomadas, ruído interno elevado e carroceria que inclina facilmente em curvas e mudanças de bruscas de faixas. Falhas, que segundo a JAC, seriam corrigidas com a tropicalização. Testamos agora a versão lançada aqui e nota-se uma evolução.
Entre as alterações, está a mudança da relação das marchas do câmbio manual, que ficaram mais curtas para dar mais agilidade ao carro. “O chinês dirige mais devagar e não se incomoda com as acelerações lentas. Já o brasileiro não suporta essa característica”, diz Sergio Habib, presidente da Jac Motors Brasil.
A suspensão também foi melhorada. Molas e amortecedores foram recalibrados para neutralizar os efeitos do nosso pavimento irregular. Porém, está macia demais. O SUV se mostrou instável em pisos ruins: em manobras bruscas de volante, a carroceria inclina muito, o que obriga os ocupantes a se segurar na cabine.
O motor 1.5 VVT 16V (só gasolina) foi recalibrado. Com 125 cv, é suave e progressivo, levando o T5 de 0 a 100 km/h em 14 segundos no nosso teste de pista. Comparando com os rivais, ele anda pouco: perde até para EcoSport 1.6 automático (12,6 s). Mas é no consumo que os engenheiros chineses gaguejaram ao falar a língua do mercado: o Jac fez 9,3 km/l no urbano e 11,3 no rodoviário, bem mais que o Ford (11,1 e 14,2 km/l). Outro ponto negativo é escutar em alto e bom som o funcionamento do motor acima de 2.500 rpm dentro do carro.
Bom de preço
A tradicional tática da JAC de oferecer mais por menos continua presente. Com câmbio manual, o T5 custa R$ 66.690 na configuração intermediária Pack 2 e traz ar-condicionado digital automático, bancos de couro, controle de tração/estabilidade, assistente de partida em subida, Isofix para cadeirinhas, sensor de estacionamento com câmera de ré e central multimídia com tela de 8 polegadas, Bluetooth, entradas USB e HDMI e um útil recurso de espelhamento para smartphone. Se analisarmos o principal rival na sua faixa de preço, o T5 dá um banho: o EcoSport equivalente – SE 1.6 manual – é mais caro (R$ 68.490) e não vem com ar digital, multimídia com tela sensível ao toque, controle de tração/estabilidade e assistente de partida em rampa. O JAC também leva vantagem no tamanho e no espaço interno. Com 432,5 cm de comprimento, é bem maior que o Eco (424,1 cm) e quase igual ao Renault Duster (432 cm). E vence com folga quando o assunto é porta-malas: 600 litros, frente a 362 e 475 dos demais.
Pena que o T5 com câmbio automático CVT, que custará R$ 72.000, só chega no segundo semestre. A marca optou em deixá-lo para depois porque a alta demanda dessa versão faria ela estourar sua cota de importação (2.400 unidades por ano). Com a promessa da JAC de abrir sua fábrica no Brasil em 2017, o T5 será o primeiro a ser nacionalizado. É a chance para a empresa ganhar a mesma fluência dos japoneses e coreanos.
VEREDITCO
O T5 agrada pelo design e tamanho. Porém, dirigibilidade e acabamento interno deixam a desejar. O preço e itens de série são seu principal atributo.
ACELERAÇÃO | |
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de 0 a 100 km/h: | 14 s |
de 0 a 1.000 m: | 35,3 s – 147,8 km/h |
VELOCIDADE MÁXIMA: | 194 km/h |
RETOMADA | |
de 40 a 80 km/h (em D): | 9,3 s |
de 60 a 100 km/h (em D): | 15,8 s |
de 80 a 120 km/h (em D): | 31,1 s |
FRENAGENS | |
60 / 80 / 120 km/h a 0: | 16,6 / 28,5 / 66,1 m |
CONSUMO | |
Urbano: | 9,3 km/l |
Rodoviário: | 11,3 km/l |
RUÍDO | |
Neutro / RPM máximo: | 39,2 / 73,9 dBA |
80 / 120 km/h: | 62,5 / 69 dBA |
Preço: | R$ 66.690 |
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Motor: | flex, diant., transv., 4 cil., 1.499 cm3, 16V, 127/125 cv a 6.000 rpm, 15,7/15,5 mkgf a 4.000 rpm |
Câmbio: | manual, 6 marchas, tração dianteira |
Suspensão: | independente McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios: | disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.) |
Rodas e pneus: | liga leve, 205/55 R16 |
Dimensões: | comprimento 432,5 cm; altura 162,5 cm; largura 176,5 cm; entre-eixos 256 cm; peso, 1.210 kg; porta-malas 600 l; tanque 45 litros |