Apresentado em cinco versões, com preços que (após o recente aumento) oscilam entre R$ 101.990 e R$ 151.990, o Jeep Compass chegou com disposição de brigar em uma ampla faixa de mercado. A lista de seus potenciais competidores inclui modelos como Kia Sportage, Toyota RAV4, Audi Q3 e até seu irmão menor, o Jeep Renegade.
Aqui, o Compass enfrenta um rival de entrada do segmento de SUVs médios que é o Hyundai ix35. Como se verá ao longo do texto, este primeiro confronto se revelou interessante tanto pelos diferenciais quanto pelos pontos em comum entre eles.
As versões alinhadas foram as intermediárias de cada linha. O Compass entrou com a Longitude 2.0 Flex automática, que custa R$ 109.990. O ix35 atacou com a versão GL, que acaba de ganhar equipamentos extras e agora sai por R$ 107.050 (por indisponibilidade das frotas das montadoras, as unidades fotografadas exibem configurações superiores).
Os dois SUVs estão em momentos diferentes do ciclo de vida. O Compass é novo: ele fez sua estreia mundial em outubro deste ano. O ix35 é um projeto de 2009 que ganhou vida própria quando passou a ser fabricado no Brasil, em 2013. A partir daí, ele foi reestilizado, em 2015, e recebeu novos equipamentos, agora, na linha 2017.
Visualmente, o ix35 ainda tem design atual, mesmo quando comparado ao New Tucson, seu sucessor na linha global da Hyundai, lançado no final de 2016 no Brasil (como complemento de linha, com preços acima do ix35). Mas o Compass causa melhor impressão com seu ineditismo, por fora e por dentro.
No que diz respeito ao conteúdo, o ix35 GL é bem completo. Ele vem com central multimídia com GPS, câmera de ré, ar-condicionado analógico, luzes de posição e repetidores com led, faróis de neblina, sensor de estacionamento e ESP, entre outros itens de série.
Mas o Compass Longitude traz tudo isso com um refinamento maior. Sua central multimídia é mais completa, seu ar-condicionado é dual zone e seus faróis de neblina são direcionais. Entre os recursos exclusivos, o Hyundai conta com o sistema start-stop, que desliga e liga o motor automaticamente no anda-e-para do trânsito, enquanto o Jeep traz sistema eletrônico anti-capotamento.
No acabamento, o Hyundai apresenta bancos com revestimento que imita couro, enquanto o Jeep vem com bancos de tecido. Mas, de modo geral, o Compass usa materiais de melhor qualidade. O mais evidente é o painel de material macio e aspecto superior contra o conjunto de plástico duro do ix35. Mas há outros pontos em que esse padrão se repete como no console, nos botões dos vidros.
A vida a bordo é melhor no Jeep, não só pelo acabamento e pelos equipamentos mais sofisticados, mas também porque seus bancos acomodam melhor as pessoas, principalmente os traseiros, onde os ocupantes viajam em posição mais confortável, com os joelhos no mesmo nível da bacia (no Hyundai, os joelhos ficam acima do quadril).
O ponto negativo de ambas as versões é a economia nos airbags de série: apenas dois (os obrigatórios), para condutor e passageiro. Quem quiser mais precisa pular para o ix35 GLS ou adicionar o kit de segurança opcional do Compass Longitude.
No que diz respeito ao espaço interno, no entanto, o ix35 compensa o menor conforto a bordo com maior capacidade no porta-malas. Ele leva 465 litros de bagagem, contra os 410 litros do Compass.
Na parte técnica, os dois SUVs são parecidos. Ambos possuem motor 2.0 16V flex com comandos de válvulas variáveis na admissão e escape, câmbio automático de seis marchas, direção elétrica, freio a disco nas quatro rodas e suspensão independente nos dois eixos.
O Compass tem a vantagem de oferecer as trocas de marchas manuais no volante contra as mudanças do ix35 na alavanca. Além disso, o freio de estacionamento do Jeep é eletrônico enquanto o do Hyundai é mecânico, acionado por pedal.
Na pista de testes, porém, quem se destacou foi o velho ix35. Nas provas de desempenho, eles ficaram empatados. Nas medições de 0 a 100 km/h, o ix35 fez o tempo de 12,2 segundos e o Compass, 12,3 segundos. Nas retomadas, de 60 a 100 km/h em Drive, ambos cravaram 6,8 segundos.
Mas hora de medir o consumo, o ix35 se revelou bem mais econômico: obteve a média de 9,5 km/l na cidade e 13,6 km/h na estrada, enquanto o Compass conseguiu 8 km/l e 11 km/l, respectivamente.
No uso diário, o ix35 demonstrou ser mais confortável, com direção leve e suspensão macia. Ao contrário do Compass, que exigiu mais esforço do motorista nas manobras, mas em compensação se revelou mais seguro, uma vez que sua suspensão firme segurou melhor a carroceria nas curvas.
Na convivência com os buracos e os quebra-molas, dá empate. O ix35 tem ângulo de ataque maior (28,1º contra 16,2º) e, por isso, tende a raspar a frente com menos frequência. Mas o Compass conta com maior distância do solo (209,8 mm de vão livre contra 170 mm) e, por isso, tende a raspar menos o assoalho.
Custo-benefício
Se tem um ponto em que o Hyundai é imbatível, porém, é no bolso, como o pós-venda e o custo da uso. Com uma rede de assistência maior (são 298 autorizadas contra 190 da Jeep), a marca coreana construiu boa reputação nos últimos anos, o que a Jeep ainda está buscando.
Nos testes de Longa Duração com o HB20 e o Renegade, o atendimento da Hyundai se mostrou superior, assim como também na pesquisa com os proprietários Os Eleitos 2016 (foi a primeira da lista com nota de 98,4 contra a 11ª da Jeep, com 89,8). E a vantagem do ix35 é ainda maior quando se fala de garantia, de cinco anos, enquanto o Compass dá três.
Nos planos de revisões, os dois oferecem planos de preços fixos, mas os do ix35 são mais baratos. Somando as três primeiras revisões (a cada 10.000 km no Hyundai e 12.000 km no Jeep) o total é de R$ 1.151,53 para o ix35 e R$ 2.013 para o Compass. Com a diferença de R$ 861,47 paga-se com folga mais uma revisão do ix35 – a de 40.000 km sai por R$ 678,34.
Por fim, cotamos o seguro e mais uma vez o Hyundai foi o mais econômico. Segundo a Bidu Corretora (bidu.com.br), o valor médio da apólice é de R$ 6.247 enquanto o do Compass chega a R$ 9.251.
Veredicto
Ao final do teste, ficou claro que os rivais possuem forças distintas, o que fez a disputa bastante equilibrada. Analisando os atributos de cada carro, o Compass flex é um produto mais atraente, moderno e seguro, enquanto o ix35 já sente o peso dos anos. Mas o coreano empata no desempenho e consegue superar o rival na questão financeira, com custos menores, maior garantia e pós-venda superior.
Teste de pista (com gasolina)
Hyundai ix35 GL | Jeep Compass Longitude 2.0 flex | |
---|---|---|
Aceleração de 0 a 100 km/h | 12,2 s | 12,3 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 33,5 s – 157,9 km/h | 33,5 s – 158,4 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 5,3 s | 5,3 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 6,8 s | 6,8 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 8,7 s | 8,7 s |
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 17,5 / 29 / 70,6 s | 17/ 28,7 / 67,5 s |
Consumo urbano | 9,5 km/l | 8 km/l |
Consumo rodoviário | 13,6 km/l | 11 km/l |
Ficha Técnica
Hyundai ix35 GL | Jeep Compass Longitude 2.0 flex | |
---|---|---|
Motor | flex, diant., 4 cil., 16V, DOHC, CVVT, 1.999 cm3, 167/157 cv a 6.200 rpm, 20,6/19,2 mkgf a 4.700 rpm | flex, diant., 4 cil., 16V, DOHC, CVVT, 1.995 cm3, 166/159 cv a 6.200 rpm, 20,5/19,9 mkgf a 4.000 rpm |
Câmbio | automático, 6 marchas, tração dianteira | automático, 6 marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (diant.)/dual-link (tras.) | McPherson (diant. e tras.) |
Freios | discos ventilado (diant.) sólido (tras.) | disco ventilado (diant.) / sólido (tras.) |
Direção | elétrica | elétrica |
Rodas e pneus | liga leve, 225/55 R18 | liga leve, 225/55 R18 |
Dimensões | comprimento, 441 cm; altura, 168,5 cm; largura, 182 cm; entre-eixos, 264 cm; peso, 1.512 kg; tanque, 58 l | comprimento, 441,6 cm; altura, 163,8 cm; largura, 181,8 cm; entre-eixos, 263,6 cm; peso, 1.541 kg; tanque, 60 l |
Preço | R$ 107.050 | R$ 109.990 |