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Jeep Grand Cherokee 4xe tem boas virtudes, que não estão na eletrificação

SUV de grande porte tem eletrificação mediana, mas valoriza DNA trilheiro da marca, tecnologia e luxo. É suficiente para se dar bem no segmento premium?

Por Eduardo Passos
Atualizado em 27 dez 2023, 11h05 - Publicado em 13 out 2023, 16h56
Jeep Grand Cherokee 4xe já está à venda em 80 concessionárias pelo Brasil
Jeep Grand Cherokee 4xe já está à venda em 80 concessionárias pelo Brasil (Divulgação/Jeep)
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Há quase 32 anos, o Jeep Grand Cherokee estreou com tudo no Salão de Detroit, literalmente atropelando o vidro do centro de exposições que sedia o evento. Desde então, foram cinco gerações — a quinta delas híbrida, o Grand Cherokee 4xe, desembarca no Brasil por R$ 569.990.

Em 1992, um utilitário  monobloco que unia capacidade off-road a alto luxo e itens como airbag e ABS de série até nas versões básicas era algo além do óbvio. Hoje, o Grand Cherokee precisa de bem mais para se diferenciar frente a Volvo XC90, BMW X5 e até a lacuna entre os Porsche Macan e Cayenne — seus rivais declarados.

Visual passa longe do off-road, mas vocação está presente
Visual passa longe do off-road, mas vocação está presente (Divulgação/Jeep)

Em termos de performance, a Jeep apostou na eletrificação: o sistema 4xe (que chegou ao Brasil  com o Compass, em 2022) une aqui o 2.0 turbo da Ram Rampage (272 cv/40,0 kgfm) a dois motores elétricos (180 cv/32,4 kgfm). Ao todo, são 380 cv e 65,0 kgfm que levam-no de 0 a 100 km/h em 6,3 s. Méritos também à tração integral sem cardan (o motor elétrico principal movimenta o eixo traseiro) e ao câmbio automático de oito marchas.

O consumo, entretanto, pode decepcionar quem procura um eletrificado por esse aspecto. A bateria de 17,3 kWh tem autonomia de meros 29 km. A depender da rotina do dono, será impossível não queimar gasolina; e aí não será pouca: segundo dados do Inmetro, são 8,3 km/l na cidade e 9,1 km/l na estrada, em modo híbrido.

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Fartura: são mais de 50″ de telas, úteis e de boa qualidade (Divulgação/Jeep)

Sem brilhar nos números, o Jeep mais caro do mercado aposta na capilaridade que marcas premium não têm, com vendas em 80 concessionárias pelo país. Seja no interior ou nas capitais, o foco é num cliente com mais de 50 anos e chefe de família, que busca muito conforto e veículo discreto, com pegada executiva.

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Rodas de aro 20 têm visual retrô. Filete preto na coluna D é o grande atrevimento estético (Divulgação/Jeep)

O último aspecto fica claro no design, que foge pouco do que já conhecemos no Commander, principalmente na dianteira, onde o mero destaque é a inclinação à frente da grade de sete fendas. Lanternas traseiras são afiladas e unidas por régua preta, ao passo que as caixas de roda têm forma trapezoidal usada tanto no Compass quanto no seu irmão de sete lugares.

Visual não tem vanguardismo e aposta no preto
Visual não tem vanguardismo e aposta no preto (Divulgação/Jeep)
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O lote inicial de 150 carros chega só em preto, branco ou cinza. A carroceria “acaixotada” é típica de um SUV dos Estados Unidos e, não fosse pelos 4,91 m de comprimento, o Grand Cherokee passaria batido nas ruas.

A sobriedade se repete no interior, onde bancos de couro e painéis que imitam madeira vêm apenas em tons de preto. Mas o pacote de equipamentos é farto, e, só nos assentos dianteiros, inclui ventilação, aquecimento e ajustes elétricos. Os dois últimos itens também valem para o volante, provendo ajuste fino na posição de dirigir.

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Maioria dos comandos são analógicos (Divulgação/Jeep)

Há mais de 50” de telas, somando o quadro de instrumentos digital, head-up display, central multimídia e retrovisor interno que usa o espelho ou projeta a imagem da câmera traseira. Mas nada é tão interessante quanto a multimídia que fica acima do porta-luvas e permite ao carona operar som, vídeo e GPS. Também seria possível parear fones Bluetooth ou ligar dispositivos via cabo HDMI, mas essas funções não foi homologada no país e as entradas de cabo foram inutilizadas, restando a película que impede o motorista de ver a tela do passageiro, por questões de segurança.

Funções são bem distribuídas pela cabine
Funções são bem distribuídas pela cabine (Divulgação/Jeep)
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Atrás, uma pessoa grande tem palmos de espaço entre joelhos e o banco da frente. Assentos laterais da segunda fileira são aquecidos e as janelas tem cortinas retráteis. As comodidades se completam com quatro saídas USB e até uma tomada de 120 V, compatível com o padrão brasileiro de dois pinos.

Apelo às virtudes

Uma análise crítica conclui que são itens quase obrigatóreios num carro desse preço — e a própria Jeep parecia ciente disso ao traçar objetivos do seu projeto.

O engenheiro-chefe Tom Seel teve bons embates com o líder de design, Mark Allen, discutindo priorizar itens estruturais ou estéticos dentro dos limites de preço e complexidade. Coube ao então CEO da marca, Mike Manley, resolver o litígio e honrar as origens, exigindo foco no off-road.

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Bancos dianteiros têm ajustes elétricos, ventilação e aquecimento (Divulgação/Jeep)

Um dos destaques nesse aspecto é o sistema Quadra-Trac II, que inclui vetorização de torque e frenagem diferencial nos quatro discos. A tração integral pode se ativar automaticamente, livrando o motorista de operar botões correspondentes ao modo elétrico, híbrido ou térmico para tal. Uma câmera frontal ainda serve para exibir onde as rodas passarão nas trilhas.

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Carroceria e suspensão aumentam o conforto
Carroceria e suspensão aumentam o conforto (Divulgação/Jeep)

O motor 2.0 fica posicionado mais baixo do que o normal, de modo a trazer o centro de gravidade para perto do chão e diminuir a rolagem da carroceria — essa com amplo uso de aços, alumínio e compósitos de maior rigidez. O vão livre (21 cm) é inferior ao de SUVs compactos e também favorece o conforto, mas a capacidade de imersão na água é de 61 cm A suspensão independente tem cursos longos, sem baques secos e com rebote bem calibrado. O ruído interno é amenizado por vidros acústicos e pelo som Alpine de alta fidelidade, com cancelamento ativo de ruído. 

Capacidade off-road se mantém presente
Capacidade off-road se mantém presente (Divulgação/Jeep)

A direção tem comandos diretos mas é leve, assim como o acelerador sensível aos primeiros movimentos. O freio é mais arisco, mas a frenagem regenerativa contribui para respostas melhores. E o torque instantâneo dos motores elétricos, quando disponíveis, permite respostas agradáveis apesar dos 2.466 kg. Em resumo, é uma proposta de encarar obstáculos rústicos com bastante conforto.

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(Divulgação/Jeep)
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Se o Grand Cherokee 4xe não faz bonito na eletrificação, ele é sagaz ao manter a essência da marca na definição de suas virtudes, bem aceitas pelo mercado brasileiro.

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(Divulgação/Jeep)

O público da cidade grande pode não ver tanto sentido nisso, mas quem vai além do asfalto ocasionalmente, tem dinheiro e não quer numa picape grande pode ter nesse utilitário uma solução interessante. 

Ficha técnica do Jeep Grand Cherokee 4xe

Preço: R$ 569.990
Motor: gas., diant., transv., 4 cil., 16V, turbo, 1.995 cm³; 2 elétricos; potência comb., 380 cv; torque comb., 65,0 kgfm
Bateria: 17 kWh
Câmbio: automático, 8 m., tração integral
Direção: elétrica, 11,6 m (diâmetro de giro)
Suspensão: multilink (diant. e tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 265/50 R20
Dimensões: comprimento, 491,4 cm; largura, 196,8 cm; altura, 180 cm; entre-eixos, 296,4 cm; peso, 2.466 kg; tanque de combustível, 72 l; porta-malas, 580 l
Desempenho*:
0 a 100 km/h, 6,3 s; velocidade máxima de 206 km/h; consumo: 8,3 km/l (cidade), 9,1 km/l) estrada, autonomia (elétrico), 29 km; carga (0-100%): 2h30 (7,4 kW, AC)
*Dados de fábrica

Veredicto

O Grand Cherokee 4xe encara lugares “rústicos” sem abdicar do conforto, mas destaca eletrificação sem empolgar nesse aspecto.
Nota: 4/5

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