Jeep Renegade Limited, a nova estrela da FCA
SUV recebe leves retoques no visual e alguns itens tecnológicos a mais. Porém, o defasado motor 1.8 Flex ainda permanecerá sob o capô
A Jeep é um ícone americano: chegou às ruas com o CJ-2A (versão civil do Willys MB) no pós-guerra. Após 73 anos, o Renegade é a estrela de alto volume da marca. Ele ainda não é um veterano, como o antigo Willys, mas já está no mercado há tempo suficiente para precisar de sua primeira reforma.
E, fora do Brasil, uma pequena atualização já está em curso. Mas não é fácil achar, sem colar, quais foram as mudanças de estilo.
Não se preocupe: ele manteve a essência do CJ, com formas quadradonas, faróis redondos e a tradicional grade com sete aberturas.
Só que a tradição acaba por aí. Afinal, o modelo tem plataforma de Fiat 500X e nunca foi produzido nos EUA – só é feito no Brasil, na China e na Itália.
Além disso, essas mudanças difíceis de notar devem chegar ao nosso mercado em 2019.
Pode ser uma estratégia para garantir que o SUV seja um clássico no futuro ou só precaução para não colocar o sucesso de mercado em risco. Desde a estreia, em 2014, já foram vendidos no mundo cerca de 800.000 unidades.
Os faróis ganharam iluminação com leds, a grade do motor está mais inclinada e há rodas de liga leve maiores, com opções até aro 19. Na cabine, as mudanças foram ainda mais sutis e já haviam chegado ao mercado europeu no início de 2018.
Os controles do ar-condicionado são iguais aos do Compass, enquanto a central multimídia pode ter três tamanhos: 5, 7 e 8,4 polegadas, com Apple CarPlay e Android Auto nas maiores.
Não é difícil encontrar a melhor posição para dirigir com os amplos ajustes de profundidade e altura da coluna de direção, além da regulagem de altura do assento.
Os comandos estão bem posicionados, com exceção dos botões de ventilação, que continuam baixos. Além de desviarem o olhar do motorista, ficam em contato com os joelhos de quem viaja à frente.
Enquanto boa parte dos rivais usa materiais rígidos no acabamento, o Renegade se destaca pelo painel emborrachado. Os instrumentos têm boa visualização e mantêm o desenho de lama para indicar o limite de rotações no conta-giros.
A marca também preservou a tela digital para informações do computador de bordo, navegador e central multimídia. Por fim, há uma nova base para carregamento sem fio de celular no console.
Mas as principais novidades são os motores a gasolina, que só chegarão ao Brasil em 2022 com a próxima geração do SUV – e estarão disponíveis em outros modelos da FCA até 2020.
São, basicamente, os mesmos Firefly dos Fiat Argo e Cronos, porém com turbo, injeção direta de combustível, quatro válvulas por cilindro com comando variável e filtro de partículas capazes de superar as rígidas normas de emissões Euro 6d.
Na Europa, onde dirigimos o SUV, o três cilindros 1.0 12V de 120 cv tem câmbio manual de seis marchas, enquanto o quatro cilindros 1.3 16V tem duas opções de potência e câmbio automático de dupla embreagem com seis marchas no motor de 150 cv (ou convencional com conversor de torque e nove marchas na versão de 180 cv).
Esses conjuntos têm tração dianteira, no caso das duas opções menos potentes, e 4×4 na configuração mais forte.
O conjunto 2.0 turbodiesel com 170 cv e câmbio automático de nove marchas com função de desmultiplicação (que simula o efeito de uma caixa reduzida) segue sem mudanças.
Ambos os sistemas de tração integral têm um comando no console, batizado de Select-Terrain, que permite escolher entre os programas Auto, Snow (Neve), Sand (Areia) e Mud (Lama), com diferentes parâmetros para adaptar motor e câmbio às condições de aderência.
Na primeira experiência ao volante do modelo renovado, impressionaram a suavidade e o baixo nível de ruído dos motores. Só que também ficou a sensação de que falta força ao tricilíndrico de 120 cv, apesar do turbo, quando é exigido pelo motorista.
Com cinco passageiros e bagagens, é provável que o SUV tenha sinais ainda mais evidentes dessa falta de potência.
Muito mais equilibrado, o quatro cilindros 1.3 responde com a vivacidade necessária para sobreviver no meio urbano, ambiente mais frequente para um SUV dessa categoria.
Em rodovias é mais fácil manter velocidades de cruzeiro e realizar ultrapassagens, apesar do elevado ruído aerodinâmico provocado pelas formas quadradas da carroceria.
Principal desilusão do conjunto é o câmbio automático de dupla embreagem, que mantém as marchas engrenadas tempo demais e demora para fazer as trocas.
Para conseguir uma redução kick-down é preciso saltar em cima do acelerador com ambos os pés e, por isso, vale mais utilizar a alavanca em modo Manual – ainda que continue não muito rápida.
No mais, o comportamento do SUV continua como antes, já que a Jeep não fez nenhuma mudança na suspensão. A direção é suficientemente precisa e comunicativa no asfalto e ajuda a evitar saídas de dianteira em superfícies de baixa aderência. A estabilidade é igualmente positiva, ainda que as proporções não permitam tanta agilidade nas curvas.
Veredicto
As mudanças no visual são quase imperceptíveis, mas a adoção do motor 1.3 turbo seria bem-vinda para substituir o defasado 1.8 flex do nosso Renegade.
Ficha técnica – Jeep Renegade Limited
Preço: 23.500 euros
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, turbo 16V, 1.332 cm3; 70 x 86,5 mm, 10,5:1, 150 cv a 5.500 rpm, 27,5 mkgf a 1.850 rpm
Câmbio: automatizado, dupla embreagem, 6 marchas, dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 255/55 R18
Dimensões: comprimento, 426,3 cm; largura, 180,5 cm; altura, 166,7 cm; entre-eixos, 257,0 cm; peso, 1.320 kg; tanque, 58 l; porta-malas, 351 l