Testamos até onde nosso BYD Dolphin consegue ir sem recarregar
Chegou a hora de testar a autonomia do BYD Dolphin na estrada. Afinal, fica mais perto dos 291 km divulgados pelo Inmetro ou dos 400 km divulgados pela BYD?
É muito raro alguém topar uma viagem longa com nosso BYD Dolphin. É a questão da necessidade de planejamento, de saber onde há carregadores rápidos pelo caminho, se estão funcionando e toda a ansiedade por trás disso. Mas também tem a ver com a segurança de saber até onde dá para chegar com uma carga completa da bateria. Agora sabemos.
Saímos da cidade de São Paulo rumo a Ribeirão Preto (SP) sem recarregar, uma viagem de 315 km (de centro a centro) que, em velocidade normal, leva cerca de 3h40. Sim, velocidade normal, entre 100 e 110 km/h, mesmo que até Campinas (SP) seja permitido rodar a até 120 km/h – o que aumentaria o consumo exponencialmente e deixaria o Dolphin mais sujeito a desacelerações e acelerações, devido ao movimento dos outros carros.
Dispensamos estratégias inconvenientes para poupar bateria, como rodar a 80 km/h com o ar-condicionado desligado? Queremos previsibilidade com conforto.
O ponto de partida foi o posto Campeão 28, 13 km depois do início da Rodovia dos Bandeirantes, onde há um carregador de 150 kW da plataforma EzVolt para completar a carga da bateria. Aí veio a primeira surpresa: nosso BYD Dolphin passou um bom tempo carregando a 66 kW, quando a potência máxima de carregamento declarada pela BYD é de 60 kW.
Questionamos a fabricante sobre uma eventual atualização, que poderia ter sido feita remotamente, mas negaram qualquer aumento da potência de carregamento. Se isso não está previsto, a degradação da bateria poderia aumentar, mas notamos que o sistema de gestão de temperatura interveio, reduzindo a potência. Em 37 minutos a carga passou de 60 para 100% e o Dolphin estava pronto para o início da jornada. O carro estimava 405 km de autonomia. Guarde esse número.
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A primeira parada para controle seria no Posto 6, em Porto Ferreira (SP), dali a 195 km. Antes disso, algumas marcações importantes:
- Após percorrer 100 km, o carro indicava 296 km de autonomia;
- A bateria chegou aos 50% da carga após 168 km, indicando 203 km de alcance;
- Com 45% de carga, o carro havia percorrido 182 km e estimava alcance de mais 182 km.
Cheguei ao primeiro destino sem confiar no computador. Havia percorrido 195 km consumindo 59% da bateria, restando 41% de bateria e o carro estimava 166 km. Mas se indicava consumo médio de 13,4 kW/100 km, deveria prever 137 km de autonomia, o que leva a uma autonomia projetada de 332 km – não 361 km.
Aos 257 km, o restaurante Frango Assado de Cravinhos (SP) passava no sentido oposto e eu já sabia que seu carregador (também da EzVolt) estava inoperante. A essa altura, a conexão sem fio do Android Auto já havia caído cinco vezes. E as longas subidas da região elevaram o consumo para 15 kW/100 km, a bateria estava em 17% e o carro projetava 68 km de autonomia.
Os 10% foram alcançados após 282 km e, mesmo assim, o carro ainda indicava autonomia de 42 km (como se fizesse 420 km com 100%). Faltava apenas 8 km para o Graal Trevo, já na saída de Ribeirão Preto, onde o Dolphin chegou com 8% de carga. Decidi ir além e retornar para recarregá-lo na zona sul da cidade, em um posto a 17 km dali. Assim, poderia ultrapassar os 300 km de alcance com alguma segurança.
Nesse último trecho, desliguei o ar-condicionado (que sempre esteve em 20o C com o modo automático ativado) e a velocidade foi reduzida por conta do trânsito da cidade. Alcancei o carregador com 4% da bateria restante, 17 km de autonomia projetada e tendo percorrido 308 km no total.
Encontramos o carregador de 50 kW Shell Recharge entregando, no máximo, 34 kW. A recarga completa durou 1h30. O mais bizarro: a bateria do Dolphin tem 44,9 kW de capacidade e precisaria repor 43 kW. Mas o carregador cobrou 46,5 kW. A Tupinambá, empresa que administra o Shell Recharge, diz que pode existir uma perda por transmissão e gestão térmica do carro de até 15%.
Aprendemos, então, que é importante prever um carregamento a cada 300 km, no máximo, em uma viagem. E que não dá para confiar no indicador de autonomia do Dolphin.
BYD Dolphin – 6.461 km
Versão | GS 180 EV |
Motor | elétrico, diant., transversal, síncrono, 95 cv, 18,4 kgfm |
Câmbio | automático, 1 marcha, tração dianteira |
Revisões | até 100.000 km: grátis |
Seguro | R$ 1.570 |
Consumo | No mês: 7,5 km/kW, com 57,8% de rodagem na cidade
Desde jan/24: 7,1 km/kW, com 46,8% de rodagem na cidade |
Carregamento | 169,6 kW, 16h50 min, R$ 230,25 |