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Megane da Nissan? Nissan Ariya é elétrico e pode estrear no Brasil em 2024

Derivado da mesma plataforma do Renault Megane, o elétrico Ariya pode estrear no Brasil dentro de poucos meses como alternativa moderna ao Leaf

Por Joaquim Oliveira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 set 2023, 09h34 - Publicado em 25 set 2023, 09h11
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  • Ao se tornar pioneira na oferta de elétricos de preço acessível (com o Leaf, em 2011), a Nissan deu a impressão de que seguiria acelerando na direção da eletrificação. O que não aconteceu.

    A marca demorou a apresentar um modelo elétrico totalmente novo. O Ariya, mostrado aqui, chegou em 2020 e começou a ser vendido na Europa só no fim do ano passado. Em compensação: a fábrica japonesa anunciou que não fará mais investimentos em motores a combustão e que no ano fiscal de 2026 nada menos do que 75% de seu portfólio será de carros totalmente elétricos, chegando a 100% no final dessa década.

    O Nissan Ariya é o primeiro desses modelos, feito sobre a plataforma CMF-EV, tal como o novo Renault Megane elétrico, que estreou no mercado europeu meses antes do Nissan. Com carroceria SUV, poderá ter demanda em todos os mercados do mundo, do Japão à Europa, dos Estados Unidos ao Brasil, onde o Ariya já apareceu até em feira de tecnologia. Mas não tem data de comercialização. Ao contrário de seu par, que já está à venda no Brasil por R$ 279.990.

    Nissan Ariya e-4ORCE
    Caimento do teto na traseira é mais inovador que lanternas interligadas (Divulgação/Quatro Rodas)

    Com 4,6 m de comprimento e preço a partir de 48.000 euros, na versão 4×2, ou de 59.000 euros, na 4×4 (R$ 258.780 e R$ 3018.090, respectivamente), seus rivais são o VW ID.5 e o Hyundai Ioniq 5. Esteticamente chama a atenção sua enorme máscara negra frontal, onde normalmente, num carro com motor a combustão, existiria a grade do radiador.

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    Os faróis frontais com quatro pequenos projetores e indicadores de mudança de direção sequenciais ajudam a reforçar a personalidade visual do Ariya, mais do que na traseira, onde já é bem comum, nos automóveis elétricos, as lanternas unidas por uma banda vermelha em toda a largura da carroceria. As rodas podem ter aro 19 ou 20.

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    Ariya e-4ORCE
    A autonomia homologada pela fábrica é de 509 km (Divulgação/Quatro Rodas)

    Alguns carros hoje em dia têm pouca coerência entre o exterior e o interior, mas o Nissan Ariya não é um deles: sua cabine também tem ares de futuro, com os controles (hápticos, como nos celulares) integrados ao painel minimalista e onde apenas alguns comandos principais – o botão de volume e os botões no volante, por exemplo – continuam sendo físicos.

    Duas telas gêmeas de 12,3” (com gráficos modernos e caracteres bem grandes que facilitam sua leitura) passam toda a informação importante, como a carga da bateria, a autonomia e a navegação, além, claro, de velocidade, consumo, sistema áudio e conectividade. Há também um head-up display com boa visibilidade.

    Nissan Ariya e-4ORCE

    A cabine recuada permite ampla visibilidade frontalAlguns botões demoram um pouco a reagir depois que os apertamos, pelo que no início é normal que acabemos por tocar uma segunda vez quando a instrução ainda estava sendo processada (isso acontece com o volume do áudio, por exemplo). Outro aspecto com margem de melhoria é o sistema de comandos de voz, que tem alguma dificuldade em entender instruções quando utilizamos linguagem natural, algo que deverá ser gradualmente aperfeiçoado com atualizações remotas do software.

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    Os sólidos bancos dianteiros são confortáveis, bem adaptados para longas viagens e oferecem um bom apoio lateral, mesmo em curvas feitas em velocidades mais altas. A altura na segunda fila de bancos recebe bem passageiros com até 1,85 m, mas não tanto como um VW ID.4 ou o Hyundai Ioniq 5, mais generosos também na oferta de comprimento para pernas. O piso totalmente plano nesta área promove a liberdade de movimentos dos passageiros traseiros e permite que o que se senta ao meio viaje com muito mais conforto.

    Nissan Ariya e-4ORCE
    Espaço interno privilegia a área dos passageiros. Ao porta-malas foi dedicada capacidade de apenas 415 litros (Divulgação/Quatro Rodas)

    O porta-malas não é dos maiores do segmento, oferecendo 415 litros neste Ariya 4×4 (menos 53 litros do que no de duas rodas motrizes), o que significa que é um bagageiro relativamente pequeno: um Hyundai Ioniq 5 tem um volume de porta-malas de 588 litros e um VW ID.4 de 543 litros.

    Ao volante

    O Ariya e-4ORCE apenas está disponível com a bateria de 87 kWh (o de tração dianteira pode usar uma menor, de 63 kWh), que promete uma autonomia máxima de 509 quilômetros. Tem um motor sobre cada eixo, sendo o rendimento máximo de 306 cv e 61,2 kgfm, permitindo que o Ariya de 2,3 toneladas alcance os 100 km/h em 5,7 s, prosseguindo depois até os 200 km/h de velocidade máxima. A Nissan usa motores síncronos de rotor bobinado no Ariya (como  a Renault faz há muito tempo no Zoe e a BMW em modelos como o iX1.

    Nissan Ariya e-4ORCE
    (Divulgação/Quatro Rodas)
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    Na versão de tração dianteira o carregador standard é de apenas 7,4 kW, mas nesse 4×4 é de 22 kW. Com este último, os tempos de recarga com corrente alternada são obviamente mais reduzidos: 5 horas. Em corrente contínua a potência de carga máxima é de 130 kW e o tempo cai para 35 minutos (sempre segundo a Nissan, e de 10 a 80% da capacidade).

    A suspensão é McPherson, na dianteira, e multilink, na traseira. A direção tem uma desmultiplicação de 14 para 1, o que significa que é mais direta que a de um ID.4 (15,9:1 ou 14,5:1 com desmultiplicação variável). O diâmentro de giro é de 10,8 m, muito superior, por exemplo, ao do Volkswagen (9,3 m), o que o torna menos manobrável em cidade (embora dentro dos padrões de modelos a combustão).

    Nissan Ariya e-4ORCE

    O amortecimento é tendencialmente firme, como é comum em carros elétricos, notando-se quando passa sobre um buraco ou uma elevação na estrada, mas o reverso da medalha é que revela uma boa estabilidade em sucessão de curvas, o que permite dirigir de forma esportiva.

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    Pisa no freio

    As acelerações e retomadas de velocidade são sempre bastante enérgicas, tanto na cidade como em rodovia. Há quatro modos de condução: Eco, Standard, Sport e Snow (neve), este último específico dessa versão 4×4. Cada opção altera a recuperação de energia pela desaceleração e as respostas da direção e do pedal do acelerador.

    Nissan Ariya e-4ORCE
    (Divulgação/Quatro Rodas)

    No que diz respeito à recuperação de energia, ela pode acontecer em três níveis, segundo os comandos do motorista: além dos dois determinados pela posição da alavanca do câmbio (em Drive e Braking), há um terceiro ativado no console pelo botão e-pedal. Nessa configuração, houve uma mudança de estratégia em relação à que existia no Leaf que tinha modo one pedal drive (em que o motorista consegue controlar o movimento do carro totalmente só com o acelerador), algo que o Ariya não tem.

    No caso do Ariya, a velocidade desce até perto de 10 km/h, mas é sempre necessário pisar no freio para o carro parar totalmente. O pedal do freio responde de forma pronta e progressiva, gerando uma sensação de segurança.

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    Ariya e-4ORCE
    São raros os botões físicos no painel e no console deste SUV (Divulgação/Quatro Rodas)

    Quanto ao consumo, como habitualmente em carros elétricos, notamos uma grande diferença entre dirigir na cidade e na estrada: no primeiro caso facilmente conseguimos médias de 15 ou 16 kWh/100 km, no segundo podemos chegar a 26 ou 27, sempre em regimes moderados, sem exigir muito do motor. Isso quer dizer que a autonomia poderá variar entre 600 km e 350 km, o que significa que a autonomia homologada de 509 km é algo otimista, se houver equilíbrio de trajetos urbanos e autoestradas.

    Veredicto

    Demorou, mas o Ariya traz avanços importantes em relação ao pioneiro Leaf (que ganha nova geração ano que vem).

    Ficha Técnica

    Preço: 59.000 euros (na versão 4×4 avaliada)
    Motor: diant. e tras., elétricos, síncronos, 306 cv e 61,2 kgfm
    Baterias: íons de lítio, 87 kWh
    Câmbio: automático, 1 m., tração integral
    Direção: elétrica, 10,8 m (diâmetro de giro)
    Suspensão: McPherson (diant.), multibraços (tras.)
    Freios: disco ventilado nas quatro rodas
    Pneus: 235/35 R19
    Dimensões: comprimento, 459,5 cm; largura, 185 cm; altura, 166 cm; entre-eixos, 277,5 cm; peso, 2.259 kg; porta-malas, 415 l
    Desempenho*: 0 a 100 km/h,5,7 s; velocidade máxima de 200 km/h; consumo misto 50 km/kW; autonomia, 509 km; carga (10-80%): 5 horas (22 kW, AC), 35 minutos (130 kW, DC)

    *Dados de fábrica

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