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Mercedes AMG GT: o rival do Porsche Panamera

O AMG GT 63 S 4 portas é o parceiro ideal: conforto no dia a dia e adrenalina na hora da diversão

Por Péricles Malheros, de Austin (Estados Unidos)
29 nov 2018, 14h09
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As duas tomadas laterais inferiores resfriam os intercoolers (Divulgação/Mercedes-Benz)

Não dá para negar: o AMG GT com quatro portas é a resposta da Mercedes ao sucesso do Porsche Panamera. QUATRO RODAS foi até o Circuito das Américas, em Austin (Texas), nos Estados Unidos, para conhecer a versão top de linha, 63 S, a mais cotada para ser vendida no Brasil, a partir do Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro – as entregas iniciais, no entanto, só acontecerão no primeiro trimestre de 2019.

O porte impressiona: são 5,05 metros de comprimento, ou seja, 35 cm maior que um Toyota SW4. O Panamera tem os mesmos 5,05 metros – viu como eles são concorrentes? Outro ponto em comum entre os sedãs-cupês alemães de alto desempenho está na solução de estilo da área envidraçada.

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Cabine tem clima de carro de corrida (Divulgação/Mercedes-Benz)

Ambos apresentam um vidro bipartido na porta traseira acompanhado de uma terceira peça, fixada na coluna C. Todo o desenho do perfil, como não poderia deixar de ser, é bastante parecido, com a linha de teto se estendendo da coluna A até a extremidade traseira, incorporando a tampa do porta-malas.

Não espere encontrar neste lançamento da Mercedes uma simples versão quatro portas adaptada do cupê AMG GT. Toda a estrutura foi trabalhada do zero para garantir máxima segurança e, claro, performance invejável.

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Apesar do desempenho colossal, o sedã-cupê é um esportivo fácil de guiar (Divulgação/Mercedes-Benz)
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A busca pelo maior índice de rigidez torcional e ideal distribuição de peso entre os eixos levou a algumas medidas extremas. A cuba traseira que abriga boa parte das centrais eletrônicas do carro e as torres dos amortecedores dianteiros, por exemplo, são de alumínio.

A aplicação do mesmo material na parede estrutural montada atrás do banco traseiro chegou a ser estudada, mas, por conta do peso ainda mais reduzido, a marca optou por uma placa de fibra de carbono. O peso declarado do carro é de 2.045 kg.

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Porta-malas tem volume interno de 461 litros (Divulgação/Mercedes-Benz)

Como não poderia deixar de ser, o AMG GT 63 S tem o melhor powertrain da casa. O V8 4.0 biturbo com injeção direta de combustível e 32 válvulas é uma usina de avassaladores 639 cv de potência e 91,8 mkgf de torque.

De acordo com a Mercedes, o esportivo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 3,2 segundos, podendo atingir 315 km/h de velocidade máxima. Porém, o que mais impressiona não é somente o que ele faz, mas como ele faz.

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Bancos são de couro (Divulgação/Mercedes-Benz)

Na cola do ex-piloto de Fórmula1 e tricampeão de DTM, Bernd Schneider, tomei contato com o Circuito das Américas, a pista onde é realizada a etapa americana de Fórmula 1. Daríamos quatro voltas: uma de reconhecimento, duas lançadas e mais uma de resfriamento do equipamento e retorno para os boxes.

Felizmente, Schneider estava animado. Antes mesmo do final da primeira volta, pelo rádio, ele me guiava: “A partir de agora, continue acelerando tudo, por três curvas, sem aliviar o pé”. Quem era eu para desobedecer? Foi aí que me senti, de fato, encaixado no carro, como se diz no automobilismo.

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Bancos traseiros ficam em posição baixa, por conta do arco do teto (Divulgação/Mercedes-Benz)

Com o modo Race selecionado, o GT 63 S é comunicativo ao extremo. Reativo, contorna curvas com uma capacidade assustadora. Ao mesmo tempo, transmite uma sensação de segurança que me permitiu, a cada volta, estender meu próprio limite.

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Na última volta quente, já estava familiarizado a ponto de brincar com pedais e volante, dando pé nas saídas de curva para, em seguida, girar o volante no sentido oposto.

Câmbio de nove marchas

Lógico que toda essa diversão não é mérito apenas do motorzão V8 com potência e torque brutais. O sistema de transmissão é baseado numa caixa automática de nove marchas, com distribuição de tração nas quatro rodas.

Rápida e assistida eletronicamente, ela funciona com absurda precisão independentemente do modo de condução do motorista. Pise leve e as marchas são trocadas em torno de 1.500 rpm, com foco no silêncio e na economia de combustível.

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Iluminação de porta, painel e console: várias opções de cor (Divulgação/Mercedes-Benz)

Ative o modo Race e entenda o que é ter nas mãos um AMG de sangue quente. Motor, câmbio, controle de estabilidade, direção, suspensão e distribuição de tração passam a ser gerenciados eletronicamente de modo a priorizar a alta performance.

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Ao gosto do cliente

A suspensão pneumática, geralmente preterida para o uso na pista por conta das reações mais lentas, trabalha com excelência. Amortecedores com ajuste de carga e molas pneumáticas entregam o melhor de dois mundos opostos. Suave e confortável nos modos mais pacatos e rígida e instantânea sob tocada esportiva.

Só depois de retornar aos boxes, lembrei que, além do exterior e do aspecto técnico, o AMG GT quatro portas – assim como qualquer outro carro – tem também a parte de dentro. E quanta beleza interior!

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Na função Drift, mais tração para o eixo traseiro (Divulgação/Mercedes-Benz)

Equipamentos analógicos não tiveram vez neste projeto. Tudo é digital. Você até pode optar por um layout com ponteiros, mas os mostradores serão representados em uma das duas telas de alta definição.

A configuração do pacote Brasil de equipamentos é bastante generosa, o que significa que o nosso AMG GT quatro portas será bem parecido com o modelo testado em Austin e que ilustra esta matéria.

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Botões no volante: navegação facilitada (Divulgação/Mercedes-Benz)

No painel, um aplique de fibra de carbono esconde um sistema de iluminação por leds coloridos: calma, o roxo que aparece nas fotos é apenas uma das cores disponíveis. Os difusores de ventilação (quatro centrais e um em cada extremo do painel) também são iluminados.

Foco na pista

O volante com base reta eleva o conceito de multifuncionalidade ao extremo: praticamente todos os sistemas do AMG GT podem ser configurados sem que o piloto desvie a atenção da pista. No console central, uma base sensível ao toque também permite a operação pelos principais recursos do carro.

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V8 biturbo: 639 cv de potência (Divulgação/Mercedes-Benz)

Os bancos são tão versáteis quanto o carro em si. Em nenhum momento do test-drive na pista de corrida senti falta de apoio lateral e, ainda assim, são tão confortáveis e repletos de ajustes quanto o banco de uma classe executiva de avião.

Atrás, o nível de espaço é menor do que o esperado para um carro desse porte. Por conta da longa queda da linha do teto, o banco fica em posição baixa e um tanto avançada em direção ao centro. Advinhe? O Panamera sofre da mesma limitação.

Se você vai visitar o Salão do Automóvel, em novembro, e não quer ser pego de surpresa, já sabe: reserve R$ 1.084.900 e bom negócio.

Veredicto

Refinado e confortável como um Mercedes, insano e instigante como um AMG. A carroceria quatro portas dá à marca condição de encarar a Porsche e seu Panamera. Ou seja, tem briga boa se aproximando do Brasil.

Ficha técnica – Mercedes AMG GT 63 S 4 portas

  • Preço: R$ 1.084.900
  • Motores: gasolina, dianteiro, longitudinal, V8, 3.982 cm3, 32V, biturbo, 639 cv a 5.500 rpm, 91,8 mkgf a 2.500 rpm
  • Câmbio: automático, 9 marchas, tração integral 
  • Suspensão: duplo A (dianteira), multilink (traseira), com amortecedores ajustáveis e molas pneumáticas 
  • Freios: disco vent. e perfurado (diant./tras.)
  • Direção: elétrica, 12,6 m (diâmetro de giro)
  • Pneus: 265/40 R20 (diant.), 295/35 R20 (tras.)
  • Dimensões: comprimento, 505,4 cm; largura, 187,1 cm; altura, 144,7 cm; entre-eixos, 295,1 cm; peso, 2.045 kg; porta-malas, 461 l
  • Desempenho: 0 a 100 km/h em 3,2 s; velocidade máx., 315 km/h
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