O sucesso comercial do Mini é tão avassalador que criou uma série de seguidores que hoje tentam surfar na onda dos retrôs ou dos compactos charmosos. Mas só a BMW, dona da Mini, soube explorar o potencial desse conceito, desdobrando tanto o design básico que nasceu em 2001. Ao hatch, seguiram-se Cabrio, Clubman, Coupé, Roadster, Countryman e, agora, o Paceman, que estreia e chega ao Brasil em maio de 2013.
Em tudo idêntico ao conceito revelado no Salão de Detroit, em janeiro de 2010, ele é a versão duas portas do SUV Countryman, só que ligeiramente mais comprido e 4 cm mais baixo, tendo uma silhueta diferente, em especial pela forma como o teto desce na traseira – aqui é fácil ver semelhanças com o Range Rover Evoque, um de seus principais rivais. A diferença é que o teto mais caído favorece a estética do Land Rover, enquanto o Paceman perde elegância com sua traseira um tanto “inchada”.
Eixo dominante
Por dentro, os quatro lugares individuais combinam com a postura mais exclusiva da marca, com destaque para um estreito e longo compartimento central para pequenos objetos. De resto, temos os tradicionais grandes mostradores redondos à frente do motorista e também outro enorme que rouba a cena no centro do painel. Os comandos dos vidros migraram da parte central inferior do painel para as portas, alteração bem-vinda por ser mais ergonômica e que se deverá estender aos outros Mini. O porta-malas perde 20 litros (passa dos 350 do Countryman para 330). Ao se rebaterem os bancos traseiros, ganha-se espaço, mas não há uma área totalmente plana, como em alguns concorrentes. Já a enorme porta traseira e o assoalho baixo facilitam a carga e descarga.
Há dois motores a gasolina, o de 122 cv da versão Cooper e o de 184 cv da Cooper S, que dirigimos em Palma de Maiorca (Espanha). Ambos podem receber o câmbio manual ou o automático, os dois com seis marchas, mas só o Cooper S traz tração integral (All4). O sistema com diferencial central eletromagnético distribui a força entre os eixos, 50% para o traseiro em uso normal, mas chega a 100% em casos extremos, como em gelo ou neve. Os engenheiros fizeram pequenos ajustes nos acertos das molas e dos amortecedores para torná-lo mais “seco” que o do Countryman nas reações, a fim de agradar seu público-alvo, mais jovem e de perfil esportivo.
A suspensão que equipa o Paceman de série é a que tem a menor altura do solo na linha Mini, mas há a versão mais macia, indicada a quem trafega em asfaltos de pior qualidade e/ou costuma levar passageiros nos bancos de trás. Aqui os ocupantes gozam de espaço amplo, mesmo tendo a visão lateral atrapalhada pela menor área envidraçada. O acesso à traseira também pede alguma ginástica, pois o espaço de entrada não é dos maiores.
Não falta energia a este 1.6 turbo, que de 1 600 a 5 000 rpm entrega todos seus 24,5 mkgf de torque (que chega a 26,5 por alguns segundos, com o recurso overboost). Em estradas molhadas, é bom moderar o acelerador, apesar de o carro ser muito bom de curva no seco. A direção tem aquele feeling de kart, rápida e direta, que faz as delícias dos adeptos da Mini, mesmo não se igualando ao resultado maravilhoso dos modelos mais baratos, como o hatch, o Cabrio, o Roadster e o Coupé.
Para tornar a pilotagem ainda mais emocionante, use a tecla Sport, que modifica a rapidez de resposta do motor e a assistência da direção. Quando equipado com a transmissão automática, esse modo esportivo muda a programação do câmbio para ser capaz de, entre outras funções, reduzir o tempo de troca.
Em suma, o Paceman é um SUV de boa estabilidade, com motor capaz de abrir um sorriso de felicidade em quem tem perfil esportivo. A exclusividade está assegurada pela carroceria menos fun- cional, porém decididamente mais sedutora que a do Countryman, com quem partilha a base e a maioria dos componentes.
VEREDICTO
O Paceman agrada a que quem curte uma pegada esportiva mas acha que os Mini atuais perderam a exclusividade que tinham no passado.