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Move Up x HB20 x Palio x Etios x Onix

O principal segmento do país passou por uma transformação radical. A qualidade subiu: para competir, é preciso ter mais equipamentos, mais segurança e mais conforto

Por Ulisses Cavalcante | Fotos Marco de Bari
Atualizado em 21 mar 2024, 09h20 - Publicado em 15 abr 2014, 21h46
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Todo mundo aprendeu que carro de entrada é básico, frugal, sem segurança, luxo ou sofisticação. É assim desde os primórdios do mundo motorizado. Esse tipo de automóvel tem até apelido: pé de boi. O termo é antigo, conhecido desde os anos 60, quando a Volks lançou o Fusca Pé de Boi. Ele era tão básico que a marca se absteve de instalar o próprio logotipo no capô – tudo para reduzir custos. Os compradores refutaram a vida franciscana e a versão foi descontinuada. Cinquenta anos depois, os modelos básicos estão precisando de um nova alcunha. O lançamento do Up! estabeleceu padrões elevados para o maior segmento do país, que já vinha aumentando o nível de qualidade desde o Onix e o HB20, que mostram ser possível combinar design e equipamentos com preço básico. Para saber como ele se livrou da magreza, invadimos o showroom e cercamos o Up! de rivais em dois comparativos: um entre os pés de boi e outro no andar de cima. O que ele tem que os outros não têm?

Volkswagen MOVE UP!

A nova cereja do segmento de entrada incrementou o gosto dos carros básicos, o maior bolo do mercado nacional. Esse sabor tem melhorado desde a estreia do HB20, em 2012, e ainda há lançamentos gourmet para este ano.

Na receita do Up!, a Volks caprichou em segurança. O pequeno tem cinco estrelas no Latin NCAP, Isofix em todas as versões e três apoios de cabeça no banco traseiro. Opcionalmente, dá para incluir repetidores do pisca nos retrovisores.

Outro ingrediente nobre é o menor custo de reparação do país, segundo o Cesvi, que lhe atribuiu nota 11. É a melhor nota já dada pelo instituto.

Pequeno por fora (360,5 cm de comprimento), o Up! faz bom proveito do espaço interno, mas não é grande por dentro. Se você carrega cinco com frequência, esse Volks não lhe serve. Apesar de o Up! ter três cintos atrás, só cabem dois adultos.

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Os preços partem de 26 990 reais (Take Up! duas portas), enquanto o Move Up! (versão avaliada) começa em 30 300 reais, mas totalmente sem tempero. Pelo menos três opcionais são necessários: o ar (2750 reais), a direção elétrica (1240 reais) e o kit “Acesso Completo”, que custa 1100 reais e acrescenta chave canivete, pisca no retrovisor e trio elétrico. Nessa configuração, o Move Up! ideal sai a 35390 reais, valor que supera o preço do HB20 Comfort 1.0. O Hyundai é maior (390 cm), mais confortável e, dependendo de quem vê, mais bonito. Diante do prato asiático, a vitória do Up! se deu no desempate, mas ambos enchem a mesa.

2º Hyundai HB20 COMFORT

O HB20 provocou um alvoroço no fim de 2012, quando os primeiros compradores toparam pagar um salgado sobrepreço, além de aguardar até três meses numa fila de espera, antes de levá-lo para casa. QUATRO RODAS fez parte desse grupo. Em novembro de 2013, desmontamos o hatch após 60 000 km e o carro estava impecável. Aqui na redação, os 32 motoristas que se alternaram ao volante converteram a experiência em elogios.

O teste de Longa Duração mostrou que o Hyundai é robusto, bem-construído e funcional. A rede de atendimento não desapontou em quase um ano de atendimento e revelou um custo de manutenção que pode fazer valer o custo maior de aquisição. O Comfort 1.0 sai por 34 615 reais, completo.

Perto de completar dois anos no mercado, seu design preserva o poder de atração. Por dentro, os plásticos não têm rebarbas, os encaixes são bem-feitos e até as texturas são agradáveis ao toque.

Ao volante, o hatch feito em Piracicaba é gostoso de dirigir. Mostra competência nas curvas e não se intimida sobre pisos irregulares. Mesmo com assistência hidráulica, a direção é leve e oferece boa empunhadura. Repleto de qualidades, o HB20 ficou em segundo no desempate. O Up! recebeu três notas máximas nos critérios de avaliação de QUATRO RODAS, ante uma do coreano. Se você valoriza design ou precisa de espaço, vá de Hyundai.

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3º Chevrolet ONIX LT 1.0

O Onix tem atributos bacanas por dividir componentes com modelos de segmentos superiores. Eletrônica, peças de acabamento e até a plataforma são compartilhadas com o Cobalt, Sonic e Spin. Com isso, o hatch eleva os padrões de qualidade numa faixa de preço acostumada ao despojamento. Tem visual encorpado e linhas elegantes, ainda que você não concorde que o design seja o mais atraente da concorrência.

Na cabine, o Onix merece destaque. Dentre todos, tem um ótimo conjunto de bancos. São anatômicos, envolventes e utilizam tecidos agradáveis ao toque. A posição de dirigir elevada faz o carro parecer uma minivan, e é fácil encontrar conforto.

Ao volante, o Onix é agradável e mostra-se robusto, sobretudo nas curvas. O motor SPE/4 1.0 de 80/78 cv revela ânimo na resposta ao acelerador, mas a sensação de agilidade não reflete em números acima da média. Nas provas de aceleração, fez 14,9 segundos no 0 a 100 km/h e 9,2 para ir de 40 a 80 km/h. Quando se fala em consumo urbano, os dados também não empolgam: 7,6 km/l com etanol.

Esqueça a versão LS (33 190 reais), pois não oferece ar nem como opcional. A boa compra começa com a LT, a 35 090 reais. Mas inclua o pacote R7H, a 3 200 reais, que traz ar-condicionado, chave canivete, alarme e coluna de direção ajustável. Equipado, o Onix “comprável” custa 38 290 reais. O valor elevado e o desempenho inferior ao Up! e HB20 custaram pontos. Ainda assim, é uma boa aquisição.

4º Toyota ETIOS X 1.3

QUATRO RODAS tem um Etios no teste de Longa Duração e podemos dizer que a convivência é feliz. O hatch tem sido camarada com o orçamento da revista, pois é comedido no gasto de combustível e, em 14 meses de uso, não voltou para a redação com más notícias. Em uso urbano, a média de consumo medida até fevereiro foi de 9,2 km/l (com etanol).

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Ainda assim, a vida com o Etios é cheia de altos e baixos. A gente começa uma viagem animado com a perspectiva de economizar com combustível, mas vai fechando a cara conforme se percebe o quanto a Toyota se esforçou em cortar custos. A economia está em todo canto: no limpador de para-brisa com braço único, na falta de trincos que se travam quando o carro entra em movimento, não há chave canivete nem alarme sonoro que avise o motorista quando ele esquece os faróis acesos ao desligar o carro. Os rivais custam o mesmo e tratam melhor os passageiros. Isso custou posições.

A Toyota é reticente no cuidado com os itens de conforto, mas não quando o tema é segurança. Tem alarme que não silencia enquanto o motorista não prende o cinto e todas as versões têm luz indicadora de direção nas laterais. Além disso, conquistou quatro estrelas no teste do Latin NCAP.

O motor 1.3 afasta a apatia do mundo 1.0. Trouxe da pista a melhor marca no 0 a 100 km/h, 12,8 segundos. Racional, o Etios não dá dor de cabeça. É econômico em comodidade e oferece pouca diversão.

5º Fiat PALIO ATTRACTIVE 1.0

O veterano da Fiat é uma escolha fácil de fazer. Conhecido na praça, o Palio não dá sustos justamente por não ser novidade. E isso é bom. Mas, por 36 121 reais, incluindo o valor do ar-condicionado opcional, seu preço está acima da média do segmento. E isso não é bom. Para encarar os rivais jovens, mais modernos e mais fotogênicos, o mineiro precisaria de um desconto.

Com potência de menos e peso de mais, o Palio também obteve os piores resultados nas provas de aceleração. Para ir de 80 a 120 km/h, precisou de 39 segundos, quase o dobro do Etios, que cumpriu a prova em 19,3 segundos. Sim, o motor do Toyota é maior (1.3), mas o preço equivalente é um trunfo.

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O consumo rodoviário elevado do Fiat (10,5 km/l, com etanol) comprometeu sua avaliação energética. O Inmetro atribuiu nota B, enquanto a concorrência obteve nota A nos testes. Outra nota baixa veio do Latin NCAP, nos testes de colisão frontal. O Palio recebeu apenas uma estrela, embora a avaliação tenha sido feita sem airbags.

O Palio é o segundo automóvel mais vendido do país, atrás do Gol. Ficou maior e mais confortável quando ganhou a base do Uno (em 2011), com acabamento relativamente melhor em relação ao anterior. Seu volante tem boa empunhadura e a posição de dirigir é agradável.

É um bom carro e seu histórico de vendas não pode ser ignorado, mas a concorrência oferece mais pelo mesmo preço. Basta fazer as contas.

VEREDICTO

Escolher um modelo de entrada é cada vez mais difícil, conforme os lançamentos se distanciam do termo básico. Com bons atributos, o Up! venceu a disputa apertada nos critérios de desempate. O HB20 é moderno, bonito e gostoso de guiar. O Onix tem qualidades, mas custa caro. O Etios peca na simplicidade e o Palio está envelhecido. Up! e HB20 são os que oferecem mais pelo que custam.

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