Novo VW Gol: jogada de craque ou lance perdido?
Após 27 anos de liderança de mercado, a vida do carro mais longevo da Volkswagen não anda fácil. Então, a marca alemã preparou novas jogadas para driblar a concorrência. Será que ele vira o jogo?
Com sete gols, a Alemanha dobrou o futebol brasileiro. A Volkswagen, porém, apesar de ter um placar ainda maior, não está dominando o jogo. A empresa acaba de fazer seu décimo Gol, mas sem perspectivas de arruinar a concorrência – no ramo automobilístico, os rivais estão mais bem preparados.
Nos gramados, a contagem daquele placar foi incontestável. Quanto ao carro, há controvérsia. Segundo a marca, o Gol está na quinta geração. Para os especialistas, na terceira (mudança de chassi). Dependendo de como a contagem for feita, nem os dez Gol já apresentados se garantem como válidos. Para nosso cálculo, consideramos as mudanças de estilo na carroceria. Pensando assim, eis a segunda reestilização promovida na terceira geração, lançada em 2008. À primeira vista, nota-se que as alterações foram sutis, mas abrangeram dianteira e traseira. Mas a novidade mais expressiva está na parte interna.
Comecemos pela frente. A parte inferior do para-choque concentra as mudanças, com uma nova grade filetada e seccionada. A Volks inverteu a ordem de formatos: agora os faróis de longo alcance são redondos (antes eram trapézios retângulos) e os refletores dos faróis trocaram o design circular por uma forma de cunha. Embora discretos, os traços aproximaram o Gol às linhas do hatch mais caro, o Golf – que agora é nacional.
Atrás é mais fácil perceber as novidades: mudaram o para-choque, lanternas e tampa do porta-malas. A lataria, até então lisa, recebeu uma linha perfilada horizontal unindo as novas lanternas, que ganharam superfície tridimensional. O recurso trouxe mais sofisticação ao modelo de entrada da marca, sem descaracterizar o desenho original.
Na parte interna, o painel foi totalmente reformulado – parece até um carro novo. No entanto, basta sentar-se ao volante para lembrar do conhecido Gol. A posição de dirigir é a mesma, bem como o sistema de ajuste de altura do banco, que não sobe o assento, apenas muda a inclinação da peça, como uma gangorra.
Outra novidade é a adoção do motor 1.0 MPI de três cilindros – o mesmo do Up!, providência que melhorou o desempenho do hatch e aposentou o bloco de quatro canecos.
Com um cilindro a menos, a potência subiu (82/75 cv ante 76/72) e o consumo diminuiu. No nosso teste, fez 13 e 17,2 km/l, na cidade e estrada, frente a 11,4/15,5 km/l do 1.0 anterior. Mais bons sinais: 16,5 segundos na prova de 0 a 100 km/h. Havíamos marcado 18,8 segundos com o Gol 1.0 quatro cilindros – sempre com gasolina no tanque.
Para atrair um público jovem, a Volks trouxe ao Gol quatro opções de sistemas multimídia. Além disso, reduziu os preços da linha. Um Gol 1.6 Comforline saía por R$ 48.650. Agora, custa R$ 47.490.
No ano passado, o Gol perdeu a liderança de vendas para o Onix, Palio, HB20 e Ka. Porém, retomar o primeiro lugar no ranking não está nos planos. “Precisamos resolver outras questões antes de pensar nisso”, diz David Powels, presidente da VW.
De acordo com o executivo, a empresa irá rever a imagem da marca em relação aos clientes. “Nós nos distanciamos dos brasileiros e precisamos retomar nossa posição. Éramos a referência do mercado”, afirma. Em todo o mundo, a VW está abandonando o slogan “Das Auto”. A tradução do alemão significa “O Carro” e, segundo Powels, não tinha significado. “Essa frase estava inadequada. E a tradução para o português era ainda pior. Soava arrogante”, completa.
AVALIAÇÃO DO EDITOR
Motor e Câmbio – O 1.0 do Up! fez bem ao Gol. Bom ajuste de escalonamento da caixa de cinco marchas MQ200.
Dirigibilidade – Desde 2008, o Gol é uma boa referência neste quesito. Bom de dirigir, ágil, estável e confiável.
Segurança – Não há mudanças desde 2008, a não ser os obrigatórios freios ABS e airbags em toda a linha.
Seu bolso – Mesmo a leve redução nos preços não faz do Gol uma pechincha. E vale um cuidado: a VW trabalha com pacotes de opcionais complicados de entender. Equipado, é bem mais caro.
Conteúdo – A versão Comfortline oferece ar, direção hidráulica, sistema de som e vidros elétricos de série. É a que melhor equilibra preço e oferta.
Vida a bordo – Não desagrada, mas o rival a ser batido é o HB20. O Hyundai é mais confortável e superior em modernidade.
Qualidade – Combinação competente de plásticos, texturas e tecidos. O design ajuda a melhorar essa percepção.
Além do Discover Media, com GPS embutido e tela touch de 6,3″, outros três sistemas multimídias são oferecidos como equipamentos de série ou opcionais
VEREDICTO QUATRO RODAS
A atualização no Gol é bem-vinda, mas as discretas melhorias não são suficientes para combater o Onix e o HB20 de igual para igual. Só uma mudança na postura da rede para virar o placar.
ACELERAÇÃO | |
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de 0 a 100 km/h: | 16,5 s |
de 0 a 1.000 m: | 37,3 s / 137,7 km/h |
VELOCIDADE MÁXIMA: | 175 km/h (dado de fábrica) |
RETOMADAS | |
de 40 a 80 km/h (3ª): | 10,4 s |
de 60 a 100 km/h (4ª): | 16,7 s |
de 80 a 120 km/h (5ª): | 29,3 s |
FRENAGENS | |
60 / 80 / 120 km/h a 0: | 16,3 / 28,9 / 66,2 m |
CONSUMO | |
urbano: | 13 km/l |
rodoviário: | 17,2 km/l |
RUÍDO INTERNO | |
neutro / RPM máximo: | 42,3 / 71,1 dBA |
80 / 120 km/h: | 63,7 / 70,6 dBA |
AFERIÇÃO | |
velocímetro / real: | 100 / 96,3 km/h |
rotação do motor a 100 km/h em D: | 3.100 rpm |
volante: | 3 voltas |
SEU BOLSO | |
Preço (Comfortline 1.0): | R$ 42.690 |
Garantia: | 3 anos |
Concessionárias: | 636 |
Motor: | diant., transv., 3 cil., 12V, flex, 74,5 x 76,4, 999 cm³, 82/75 cv a 6.250 rpm, 10,4/9,7 mkgf entre 3.000 e 3.800 rpm |
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Câmbio: | manual, 5 marchas, tração dianteira |
Direção: | hidráulica, 10,8 m (diâmetro de giro) |
Suspensão: | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios: | disco vent. (diant.) e tambor (tras.) |
Rodas e pneus: | liga leve, 195/55 R15 |
Peso: | 998 kg |
Peso/potência: | 12,2/13,3 kg/cv |
Peso/torque: | 96/102,9 kg/mkgf |
Dimensões: | comprimento, 389,7 cm; largura, 165,6 cm; altura, 146,4 cm; entre-eixos, 246,6 cm; porta-malas, 285 l; tanque de combustível, 55 litros |
Equipamentos de série: | tela TFT com computador de bordo, sistema de infotainment Media Plus, 4 auto-falantes e 2 tweeters, ar-condicionado analógico, chave tipo canivete, direção hidráulica, espelhos retrovisores com luzes de direção, faróis de neblina, alerta de frenagem de emergência |
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