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O mistério do retoque

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Por Redação
Atualizado em 9 Maio 2017, 11h45 - Publicado em 28 set 2010, 19h11
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  • agile3

    18668 km

    Um descascado no para-choque progrediu até ficar do tamanho de uma laranja. Depois, o para-lama dianteiro direito também começou a descamar. No protetor interno da peça encontramos vestígios de tinta. E, no cofre do motor, sinais de pó de lixamento. Como isso seria possível em um carro que está conosco desde zero? Uma hipótese seria o Agile ter passado por um reparo antes de chegar até nós – ou em alguma das estadas em concessionária. Na dúvida, levamos o carro até o Cesvi Brasil para um diagnóstico mais preciso.

    Os técnicos confirmaram: para-choque e paralama foram repintados. E o serviço foi mal feito. O relatório do Cesvi diz: “Este veículo sofreu algum tipo de dano na ponta do para-choque dianteiro, do lado direito, e no para-lama dianteiro direito, tendo sofrido reparos de funilaria e repintura do paralama e retoque em aproximadamente 40% da área do para-choque. Também foi medida a espessura da tinta. “Notou-se, em algumas áreas, uma camada muito acima do recomendado para um veículo repintado, indicando que existe grande quantidade de massa e primer no local da reparação.”

    Com essas informações, fomos à autorizada Carrera, no Butantã (SP), onde o Agile foi comprado. Lá a análise feita por um técnico constatou o que já sabíamos: o carro foi reparado. “Olha, em ‘off’, se tivesse sido pintado aqui, constaria no sistema,” afirmou o técnico. Mesmo assim, a concessionária fotografou o veículo e encaminhou a queixa para a Chevrolet.

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    Ao longo da vida, o Agile visitou cinco autorizadas, todas em São Paulo: na Nova, aos 3 000 km, ficou por três dias para solucionar problemas de ruídos e de luzes de advertência do ABS e airbag; na Itororó Veículos, uma hora, aos 5 000 km, para trocar o óleo. Na Itacolomy, aos 8 000 km, ficou de um dia para o outro, para corrigir ruídos. Em outra Carrera, de Higienópolis, foi feita a revisão dos 10 000 km, em um dia. E, aos 15 000 km, na Itororó da Heitor Penteado, levaram uma hora para a troca de óleo. Perguntamos ao técnico da Carrera qual o prazo para se fazer um serviço desse: “No mínimo, dois dias”. Na teoria, a única que teria tido tempo, além da revenda onde compramos o carro, seria a Nova, onde ele ficou três dias.

    No entanto, segundo o gerente Maurício, da Nova, não consta nenhuma ordem de serviço de pintura. “Posso lhe garantir que, aqui, não aconteceu nada.” A General Motors do Brasil afirmou que, se o veículo acaba sofrendo avarias pequenas durante o transporte, ele é encaminhado para reparo em concessionárias que se destacam pela excelência de seus serviços. “Se o dano puder representar qualquer perda ao consumidor, o veículo danificado é devolvido à GM do Brasil, que o incorpora à sua frota, e um novo veículo é entregue à concessionária em substituição ao retirado do mercado”, afirma a resposta da GM.

    Segundo Marcelo Florêncio, assistente de direção do Procon-SP, o Código de Defesa do Consumidor afirma que todos os fornecedores da cadeia são responsáveis nessa situação e cabe ao consumidor escolher quem responde pelo vício oculto. “No caso de automóveis, em que o valor agregado é alto e a depreciação representa um prejuízo ao consumidor, a solução tem que ser imediata”, afirma Florêncio. Ficaria à escolha do consumidor devolver o produto e receber o valor integral, trocar o produto por outro igual ou semelhante ou ainda ser ressarcido pelo prejuízo.

    Principais ocorrências

    16172 km: para-choque descascado

    Consumo

    No mês (28,6% na cidade): Álcool – 7 km/l

    Desde mar/10 (30,5% na cidade): Álcool – 7,9 km/l

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