Teste: BMW X2 se assume como um X1 cupê, mas com muito mais personalidade
Agora com novo posicionamento, o BMW X2 retorna ao Brasil como o SUV cupê do X1. Parentesco à parte, os dois modelos têm mais diferenças do que parece
Lançada em 2017, a primeira geração do BMW X2 tinha visual e referências interessantes, mas posicionamento estranho. Ele não seguia as formas de cupê dos SUVs pares da marca, X4 e X6, nem as tradicionais dos ímpares, X3 e X5. Na verdade, ele mais lembrava um hatch “bombado”. Porém, esqueça isso.
O novo BMW X2 estreia agora no Brasil assumindo-se como o SUV cupê do X1, com semelhanças mecânicas e visuais. Em versão única, xDrive20i, por R$ 388.950, ele custa R$ 23.000 a mais do que o irmão, mas se justifica com exclusividades de um modelo de nicho, como ele se declara.
Na aparência, o novo X2 deixa claro seu parentesco com o X1, mas, por fora, pasme: o único elemento comum entre eles são as rodas, bastante raiadas, de 20 polegadas e pneus 245/40.
Na dianteira, os faróis têm formato mais anguloso e nova iluminação (toda feita por leds), o capô exibe vincos mais marcados, as grades (de tamanhos generosos) têm tramas de aspecto esportivo e são ligadas por um elemento em preto. Mesmo sendo uma versão a combustão, o modelo também traz a borda da grade superior iluminada, artifício antes restrito aos elétricos da BMW.
A lateral revela o formato de cupê do X2, que ganha 5,4 cm no comprimento em relação ao X1 e 19,4 cm em relação ao seu antecessor. A traseira igualmente revela ineditismos, como as lanternas angulosas e recortadas (diferentemente de X4 e X6, que estão uma geração atrás) e elementos em preto brilhante que ajudam a destacar visualmente o para-choque e o spoiler.
Por dentro, no entanto, ele é idêntico ao SUV convencional. Isso inclui saídas de ar deslocadas, console central com efeito flutuante, iluminação ambiente com diversas opções de cores e conjunto de telas, com 10,25” no quadro de instrumentos e 10,7” na central multimídia. O acabamento também é o mesmo, de alto padrão, com uma interessante mistura de materiais, texturas e brilhos. Os revestimentos de bancos e apoios de braço podem ser no tom de marrom da unidade testada, preto ou branco.
Entre os equipamentos, há sistemas de condução, como frenagem automática, alerta de pontos cegos, ACC, assistente de permanência em faixa, além de ar-condicionado bizona, comandos por voz, head-up display e bancos dianteiros elétricos. Ficou faltando aquecimento e ventilação nos bancos.
No espaço interno, o X2 tem o suficiente para pessoas de até 1,75 m. Mais do que isso, talvez seja um problema. Também não dá para levar um ocupante central atrás. O túnel central é alto e há um acabamento plástico que inibe a acomodação de pés na região. Por outro lado, há saídas de ar-condicionado e portas USB do tipo C. O porta-malas, por sua vez, é bastante generoso: são 560 litros.
Outra semelhança com o X1 está na parte mecânica, que também vem acompanhada de exclusividades. O motor é o mesmo 2.0 turbo de 204 cv e 30,6 kgfm, com o câmbio automático de sete marchas. A diferença fica na tração: enquanto o X1 é dianteiro, o X2 tem tração integral sob demanda. Se engana, porém, quem pensou que isso deixaria o carro mais lento.
Em nossos testes, o X2 foi de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos, contra 7,9 s do irmão. Ele piorou no consumo, mas de forma bastante discreta: fez as médias de 10,7 km/l, na cidade, e 14,1 km/l, na estrada. No X1, foram 10,9 km/l e 15,4 km/l, respectivamente.
O X2 mantém a dirigibilidade prazerosa característica dos BMW, com a direção que exige um certo esforço, mas direta. O aro do volante, porém, é espesso demais. A suspensão tem ajuste macio e, por vezes, permite que a carroceria balance longitudinalmente mais do que deveria ao passar por elevações, mas é possível sentir quase tudo o que se passa no asfalto, culpa também dos pneus de perfil baixo e das rodas de aros grandes.
O curso curto dos amortecedores não permite estrepolias: passe devagar pelas lombadas ou sentirá o batente da suspensão sem cerimônias. Isso ajuda na estabilidade do modelo, equilibrando o conforto com segurança das curvas, onde o rolar da carroceria é menor do que aparenta ser pelo volume extra traseiro.
Nas acelerações, o SUV cupê vai bem e empolga, com direito a barulhos nítidos do funcionamento da turbina para quem está fora do veículo (o isolamento acústico na cabine é elogiável). Mas não espere por um temperamento verdadeiramente esportivo, isso fica a cargo da versão M35i, que chegará em seguida, e em breve, ao Brasil.
A BMW acertou ao relançar o X2 com essa nova personalidade. Ele é um BMW típico, mas com ainda mais estilo para quem acha o X1 careta.
Veredicto Quatro Rodas
Agora assumidamente o cupê do X1, o novo X2 mira em quem quer sair do óbvio com um visual interessante, sem perder a essência de um legítimo BMW.
Ficha técnica – BMW X2
Motor: gasolina, dianteiro, 4 cilindros, 16V, 1.998 cm³, 204 cv a 5.000 rpm, 30,6 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: automático de 7 marchas, tração integral sob demanda
Direção: elétrica Suspensão: independente McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Pneus: 245/40 R20
Peso: 1.725 kg
Dimensões: comprimento, 455,4 cm; largura, 184,5 cm; altura, 159 cm; entre-eixos, 269,2 cm; tanque, 54 l; porta-malas, 560 litros
Teste Quatro Rodas – BMW X2
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 7,7 s |
0 a 1.000 m | 28,2 s / 189,9 km/h |
Velocidade máxima | 231 km/h* |
Retomadas | |
D 40 a 80 km/h | 3,3 s |
D 60 a 100 km/h | 4,1 s |
D 80 a 120 km/h | 5,2 s |
Frenagens | |
60/80/120 km/h a 0 | 13,7/24,3/55,3 m |
Consumo | |
Urbano | 10,7 km/l |
Rodoviário | 14,1 km/l |
Ruído interno | |
Neutro/RPM máx. | 35,1/57,2 dBA |
80/120 km/h | 60/72,2 dBA |
Aferição | |
Velocidade real a 100 km/h | 97 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 7a marcha | 1.600 rpm |
Volante | 2,5 voltas |
Seu Bolso | |
Preço básico | R$388.950 |
Garantia | 3 anos |