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Teste: Chery QQ Flex, o carro mais barato do Brasil

Mesmo com a chegada do Renault Kwid, o Chery QQ mantém o posto de mais acessível do país. E isso, literalmente, tem seu preço

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 dez 2017, 13h22 - Publicado em 13 jul 2017, 20h22
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    Hatch chinês tem luzes diurnas com lâmpadas halógenas; estão instaladas onde seria à rigor, local para farois de longo alcance (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Nenhum outro carro vendido no Brasil é mais barato que o Chery QQ, que teve redução de R$ 4.000 e agora parte de R$ 26.990 na versão Smile – três mil a menos que o Renault Kwid Life.

    Mas… não sorria ainda.

    O Chery QQ Smile, que já tem o motor 1.0 três cilindros flex, não segue a regra dos carros de origem chinesa (baratos e equipados).

    Tampa do porta-malas é toda de vidro, mas é muito menor que a do Mobi
    Tampa do porta-malas é toda de vidro, mas é muito menor que a do Mobi (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Além do necessário para homologar um automóvel, como airbags, freios ABS, cintos de três pontos e apoios de cabeça, só há vidros elétricos dianteiros, Isofix, calotas, rádio com USB e dois alto-falantes. E só.

    Botões dos vidros elétricos ficam no console central
    Botões dos vidros elétricos ficam no console central, entre os assentos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Um degrau acima está a versão Look, de R$ 30.690. Esta oferece tudo o que o consumidor quer encontrar em um compacto: ar-condicionado, direção hidráulica, alto-falantes traseiros, rodas de liga leve aro 14 e travas elétricas (que infelizmente não travam automaticamente quando o carro entra em movimento).

    Por um valor bem mais baixo que os R$ 36.490 do Renault Kwid Intense (com tudo o que o QQ Look tem, mais dois airbags adicionais e Isofix), há também faróis com regulagem de altura elétrico, computador de bordo, alarme e limpador e desembaçador traseiros.

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    Marcação do conta-giros é de leds: um para cada 500 rpm
    Marcação do conta-giros é de leds: um para cada 500 rpm; e acende nas bordas do mostrador (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Para nosso teste, recebemos o Chery QQ ACT, o mais completo.

    Além dos equipamentos que já citamos, tem também vidros elétricos traseiros, retrovisores elétricos (os outros nem sequer têm a alavanca de ajuste interno), luzes diurnas e sensores de ré.

    Por R$ 32.290, o QQ ACT é R$ 1.920 mais barato do que um Fiat Mobi Easy básico, tabelado em R$ 34.210. Aos poucos percebemos como a Chery conseguiu chegar a esses preços.

    O interior passa boa impressão. Plásticos são bem encaixados e os bancos, grandes. Mas a espuma usada é tão macia quanto a de um sofá da Marabráz e não sustenta o corpo.

    Porta-luvas não tem tampa
    Porta-luvas não tem tampa; rádio oferece apenas recursos básicos e a coluna de direção não tem regulagem de altura (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Não há ajuste de altura para volante, cinto e banco do motorista, mas o que faz falta mesmo é o trilho para correr o banco mais para trás.

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    Os bancos são grandes, mas a espuma usada é muito macia e não sustenta o corpo
    Os bancos são grandes, mas a espuma usada é muito macia e não sustenta o corpo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Quem tem mais de 1,80 metro precisa dobrar bastante a perna direita para pisar no acelerador. Talvez por isso o espaço atrás seja aceitável.

    O espaço atrás é aceitável graças ao trilho dos bancos dianteiros serem mais curtos
    O espaço atrás é aceitável graças ao trilho dos bancos dianteiros serem mais curtos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Fortes emoções

    Para ligar o motor, é necessário acionar a embreagem e girar a chave. E imediatamente é possível perceber que o pedal, pouco suave, tem acionamento por cabo, não hidráulico.

    O três-cilindros de até 75 cv não transfere vibração em excesso para a cabine, mas tem rodar áspero e mostra-se mais barulhento do que o isolamento acústico consegue dar conta.

    O motor três cilindros de 75 cv registrou os piores consumos da categoria: 11,7 km/l (cidade) e 15,1 km/l (estrada)
    O motor três cilindros de 75 cv registrou os piores consumos da categoria: 11,7 km/l (cidade) e 15,1 km/l (estrada) (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O câmbio, com primeira e segunda marchas curtas, ajuda o carro a embalar rápido. O que atrapalha é a alavanca do câmbio, tão leve que parece não estar conectada a algo. Errar uma marcha é fácil e recorrente.

    Na pista, o QQ chegou aos 100 km/h em 16,3 segundos – 1,2 segundo mais rápido que o Mobi 1.0 Fire. Em consumo, médias de 11,7 km/l na cidade e 15,1 km/l na estrada, os piores números entre os 1.0 de três cilindros.

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    A suspensão exagera na maciez. Na frente, usa o convencional conjunto McPherson. Mas atrás está um antiquado eixo rígido, que não permite às rodas traseiras certa independência ao passar por buracos, como ocorre no eixo de torção encontrado em todos os concorrentes.

    O carro quica ao passar por irregularidades e assusta em curvas mais fechadas. A impressão é que a roda traseira interna à curva descola do chão. Acima dos 70 km/h, a frente parece flutuar.

    Rodas são de liga leve e os pneus aro 14
    Rodas são de liga leve e os pneus aro 14 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Apesar do preço baixo, o QQ só é opção para quem precisa de um carro para uso estritamente urbano. Não é o perfil de boa parte dos compradores do modelos de entrada.

    Para eles, o veículo do dia a dia é o mesmo que vai levar a família na viagem no fim de semana. Ou seja, o Chery QQ não foi feito para pegar estradas.

    Porta-malas tem 160 litros e acesso bastante limitado pelo para-choque
    Porta-malas tem 160 litros e acesso bastante limitado pelo para-choque. Estruturas da tampa de vidro ficam à mostra (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Tem de ser barato?

    O título de “carro mais barato do Brasil” era mais valorizado quando a primeira geração do QQ chegou por aqui, em 2011. Hoje, brasileiros exigem até dos modelos de entrada.

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    Alguns nem sequer oferecem versões sem ar-condicionado, direção assistida ou vidros elétricos e os poucos carros pelados que restam só são procurados por frotistas.

    Ao mesmo tempo, a participação dos compactos 1.0 cai ano após ano: representavam 50% das vendas de automóveis em 2010, 37% em 2013 e 34% em 2016.

    Este não é o melhor cenário para o Chery QQ. Não à toa, teve apenas 2.883 unidades vendidas de janeiro a novembro. A versão Smile é um ótimo chamariz por causa do preço. Mas será bem difícil convencer frotistas com uma rede de apenas 33 concessionárias.

    Efeito CAOA

    A CAOA anunciou oficialmente sua parceria com a Chery no Brasil, formando agora a CAOA Chery. A marca se apresenta como uma empresa 100% nacional, com 50% da sociedade brasileira e 50% chinesa.

    De pronto, a CAOA Chery anuncia um investimento de US$ 2 bilhões para os próximos 5 anos, com recursos próprios.

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    A expectativa é de que a CAOA também use sua estrutura de distribuição e seus concessionários para vender os Chery futuramente, o que pode mudar o cenário da marca no país.

    Teste de pista (com gasolina)

    Ficha técnica – Chery QQ ACT 1.0

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