Teste: Honda HR-V Touring, o SUV compacto mais rápido (e caro) do Brasil
Modelo chega à linha 2020 com motor e conteúdo só vistos em SUVs de andares mais altos. O problema é que o preço mora na cobertura
Nenhuma marca gosta de ter colada em seu nome a fama de que os produtos que vende são caros – por mais que, de fato, sejam. Com a Honda não é diferente.
Veja, por exemplo, o HR-V Touring que ilustra este teste e é o abre-alas da linha 2020 do modelo. Por R$ 139.900, ele vira as costas para os rivais com quem até hoje brigou no segmento de SUVs compactos e se mete no andar superior.
Duvida? Um Volkswagen Tiguan Comfortline, por exemplo, custa apenas 7,2% a mais (R$ 149.990) e, embora tenha menos potência e conteúdo, tem a enorme (literalmente) vantagem do porte mais avantajado.
Nem dentro de casa o HR-V Touring consegue disfarçar o preço exagerado: um Civic Touring, que pertence a um segmento superior (o HR-V descende dos entrantes Fit e City), custa R$ 127.600.
Mas vamos à apresentação técnica do estreante. O HR-V Touring – e todos os demais HR-V 2020 – chega às concessionárias em junho.
A nova versão top de linha do modelo tem como destaque o motor quatro-cilindros 1.5 turbo a gasolina (não é flex) já aplicado no CR-V e, como dito antes, no Civic.
Com 173 cv, tem injeção direta e variação de fase nos comandos de admissão e escape, o que garante elasticidade (boa performance, em larga faixa de rotações) e baixo nível de consumo.
Na pista de testes, em Limeira (SP), o HR-V Touring se mostrou um foguete, cumprindo a prova de aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 8,4 s – o EXL 2019 cravou 11,7 s –, tempo que o torna o SUV compacto mais rápido do mercado.
As retomadas são igualmente empolgantes (veja a ficha com os resultados mais abaixo) e superiores às dos seus (verdadeiros) rivais.
O bom é que o HR-V Touring tem todo esse desempenho e, ainda assim, mantém o consumo de combustível sob controle, com 12,2 km/l na cidade e 14,6 km/l na estrada – números similares aos dos SUVs compactos mais econômicos.
O câmbio CVT, de relações continuamente variáveis, foi revisto para que não tirasse do motorista a percepção de todo o bom desempenho do motor 1.5 turbo.
Ao pisar fundo no acelerador, uma cartografia de alta performance é ativada pela central que comanda o câmbio, criando seis diferentes níveis de troca de marchas simuladas.
Na prática, a sensação é parecida com a de um câmbio automático convencional.
Nas frenagens bruscas e longas, a simulação de sete marchas também se faz presente, com o câmbio explorando o freio-motor. Há ainda borboletas no volante para trocas manuais.
A suspensão, claro, foi recalibrada para se compatibilizar com a potência extra. Molas e amortecedores têm mais carga e a barra estabilizadora possui corpo com maior diâmetro.
A mudança deixou a versão Touring discretamente mais dura, mas a pequena perda é justificada pelo evidente aumento de capacidade de contorno de curva.
O sistema de vetorização de torque (AHA) também ajuda nessa tarefa, aplicando força de frenagem na roda dianteira interna da curva ao perceber uma tendência de saída de frente, facilitando o seu contorno.
Por falar em curva, o Touring também conta com o Lane Watch, sistema que exibe na tela do multimídia uma imagem (captada por uma câmera montada no retrovisor externo) ampliada do que corre à direita do carro, lado mais afetado pelo ponto cego do espelho.
Tanto o AHA quanto o Lane Watch estrearam no Civic.
Identificar um HR-V Touring não é muito fácil. Na traseira, você verá, de cima para baixo, o teto solar panorâmico, a antena shark, o logotipo Turbo na tampa do porta-malas e saída dupla de escapamento.
Ela, aliás, é a responsável pela diminuição de 38 litros na capacidade do porta-malas (caiu de 431 para 393 litros).
Para comportar o novo escape, a cuba do estepe foi redesenhada, levando a uma elevação de alguns centímetros do assoalho do porta-malas.
Os detalhistas notarão o abafador intermediário na lateral direita. Na dianteira, o destaque são os faróis (principais e de neblina) de led.
Bom de dirigir, rico em equipamentos e eficiente, o HR-V Touring é, sem dúvida, um dos melhores SUVs compactos do Brasil. Pena que o ingresso custe tão caro.
Veredicto
Os carros da Honda justificam a boa fama de serem mecanicamente confiáveis e desvalorizarem pouco? Sim, mas desta vez a marca se apoiou demais nesses dois pontos e pesou a mão na hora de estabelecer o preço do Touring.
Ficha técnica – HR-V Touring 1.5 16V Turbo
- Preço: R$ 139.900
- Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.498 cm3, 16V, turbo, 173 cv a 5.550 rpm, 22,4 mkgf a 1.700 rpm
- Câmbio: CVT, 7 marchas virtuais, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteiro) / disco sólido (traseiro)
- Direção: elétrica, 2,8 voltas
- Rodas e pneus: liga leve, 215/55 R17
- Dimensões: comprimento, 432,9 cm; largura, 177,2 cm; altura, 165 cm; entre-eixos, 261 cm; peso, 1.380 kg; tanque, 51 l; porta-malas, 393 l
TESTE
Aceleração
0 a 100 km/h: 8,4 s
0 a 1.000 m: 29,4 s – 181,2 km/h
Retomada
40 a 80 km/h (em D): 3,6 s
60 a 100 km/h (em D): 4,3 s
80 a 120 km/h (em D): 5,6 s
Frenagem
60/80/120 km/h – 0 m: 14,1/25,6/56,6 m
Consumo
Urbano: 12,2 km/l
Rodoviário: 14,6 km/l