Hyundai Creta é SUV compacto com base do Elantra e motor do iX35
Hyundai Creta vai além do porte e da versatilidade de um SUV compacto: anda bem e é bom de dirigir
SUVs são como jeans: sabendo usar, servem para qualquer ocasião. Para ir ao shopping, ao sítio ou ao parque. Ninguém reclama do tamanho e da altura, mas os SUVs não encolhem com água quente. São os carros da moda, os modelos que 36% das pessoas veem como ideais para si, segundo pesquisa da QUATRO RODAS com 3.000 entrevistados.
A Hyundai sabe muito bem que SUVs estão em alta. É dela uma das maiores gamas do segmento: além de duas carrocerias de Santa Fe, vende três gerações do Tucson (incluindo o ix35) na mesma concessionária. Só estava devendo um SUV compacto, justamente o que mais se vende hoje.
É aí que o Creta entra na história. Com motores 1.6 e 2.0 e preços entre R$ 72.990 e R$ 99.490, ele promete noites mal dormidas para todos os modelos do segmento, desde Ford EcoSport e Renault Duster até Jeep Renegade e Honda HR-V.
É o primeiro SUV compacto global da Hyundai e o primeiro vendido pela Hyundai Motor Brasil – os outros são responsabilidade da Hyundai-Caoa. Ele nasce na fábrica de Piracicaba (SP), a mesma do HB20. Mas sua plataforma é diferente, vem do Elantra e do Kia Soul, e 33% de seu aço é de ultrarresistência, algo importante para quem busca por bons índices de segurança (mas a marca não divulgou nenhuma avaliação em crash tests).
O design não é arrebatador, mas tem imponência – mais até do que os vendidos na Rússia e Índia. Nosso Creta tem grade maior (com borda cromada nas versões automáticas) e para-choque com linhas mais elaboradas. Até lembra o Santa Fe de frente.
A traseira, com lanternas horizontais e placa na base da tampa do porta-malas, tem muito do New Tucson. Só no Brasil as lanternas têm a lente transparente para seta, luz de ré na base (não no meio), a régua da placa é cromada e o para-choque traseiro tem refletores na parte sem pintura.
Os iniciados em Hyundai sentirão algum déjà-vu ao entrar no Creta. Simétrico, o painel tem o rádio no centro, ladeado pelas saídas de ar. O ar-condicionado fica em nicho próprio, como no New Tucson.
Olhando no espelho
O irmão maior também parece ter servido de inspiração para a qualidade da montagem e da costura dos bancos, que não são irregulares. O New Tucson também tem plásticos duros, mas os do Creta brilham ao sol como os de um HB20. Além dos reflexos no para-brisa, afetam a percepção de qualidade.
Para o motorista, há volante com ajuste de altura e profundidade e banco com grande variação de altura. Para os passageiros do banco de trás, espaço correto para as pernas e assentos bem anatômicos. O túnel central é baixo e há três encostos de cabeça e cintos de três pontos, mas quem se sentar no meio poderá reclamar de espaço para os ombros.
Por chegar tarde ao segmento dominado por Honda HR-V e Jeep Renegade, a Hyundai se esforçou para ter algo diferente no Creta. São as saídas de ar para o banco de trás e banco do motorista ventilados, raros até entre os SUVs médios. Bem, paga-se o preço de um para ter isso: a versão topo de linha, Prestige 2.0, custa R$ 99.490 – R$ 500 a menos que um ix35 básico – e também é a única com central multimídia e couro.
O motor 2.0 é exatamente o mesmo do ix35, com 166 cv e 20,5 mkgf no etanol. Mas o 1.6 é diferente daquele do HB20: no Creta, tem duplo comando de válvulas variável (Dual-CVVT), o que melhora o desempenho, ainda que não se traduza em tanta potência: são 130 cv e 16,5 mkgf, só 2 cv a mais e o mesmo torque máximo, com a vantagem de estar disponível às 4.500 rpm, não em 5.000 rpm. Tanto o 1.6 como o 2.0 têm partida a frio sem tanquinho e start-stop, com funcionamento bem discreto por sinal.
Completa, a versão Prestige é a mais pesada. Ainda assim, com 1.399 kg, é 101 kg mais leve que um ix35. O motor 2.0 tira de letra, e o Creta embala rápido até demais. Seja delicado com o acelerador ou o câmbio fará trocas só entre 3.500 e 4.000 rpm. Melhor deixar que antecipe as trocas para reduzir as rotações do motor. Os ouvidos serão gratos: o isolamento acústico é bom até as médias rotações, mas não consegue conter o ruído do motor em regime elevado.
Bom para quem pega estrada
Potência e torque que sobram na cidade ajudam na estrada. O motor tanto trabalha em confortáveis 2.500 rpm a 120 km/h quanto garante boas retomadas. O câmbio faz sua parte: reduz as marchas rápido, sem as segurar por muito tempo após uma ultrapassagem, por exemplo.
Na versão Pulse 1.6 automática, não dá para dosar tanto o pé. O câmbio explora ao máximo as primeiras marchas nas acelerações, mas a terceira é a mais utilizada em trajetos urbanos. Não sobra força, mas há o suficiente para não se estressar.
O motor 1.6 (que utiliza o mesmo câmbio automático de 6 marchas do 2.0) só mostra alguma limitação na estrada, em retomadas e acelerações – principalmente depois de romper a barreira dos 100 km/h. Se não tivesse dirigido o 2.0 antes, isso nem seria tão evidente.
Se você já teve a oportunidade de dirigir um HB20, não espere por uma dinâmica parecida. O Creta não tem aquele rodar seco. Pelo contrário: surpreende pela suavidade. As suspensões, do tipo McPherson na dianteira e de eixo torção na traseira, filtram irregularidades de um calçamento de pedras e não deixam os passageiros sentir o impacto seco com uma lombada, mas são firmes o suficiente para não permitir que a carroceria incline demais em curvas.
A direção elétrica é leve em manobras, mas pesada em alta velocidade. Passa segurança, mas parece artificial demais. É a pegada que se espera de um hatch esportivo, mas não em um SUV que nem borboletas para trocas sequenciais tem.
O desempenho é bom, mas equipamentos importantes estão restritos às versões mais caras (veja o descritivo de todas as configurações mais abaixo). Ainda assim, a Hyundai espera ver entre 3.500 e 4.000 Creta ganhando as ruas por mês. Se ela está certa, saberemos depois.
Veredicto
Dinâmica a hatch médio é o grande destaque do Hyundai Creta, junto do esperto motor 2.0. Mas limita muitos equipamentos importantes à versão mais cara.
Teste de pista (com gasolina)
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,8 s
- Aceleração de 0 a 1.000 m: 32,1 s
- Retomada de 40 a 80 km/h (em D): 4,4 s
- Retomada de 60 a 100 km/h (em D): 5,8 s
- Retomada de 80 a 120 km/h (em D): 7,4 s
- Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0: 16,7 / 28,3 / 64,3 m
- Consumo urbano: 8,2 km/l
- Consumo rodoviário: 12,7 km/l
Ficha técnica – Hyundai Creta Prestige 2.0
- Preço: R$ 99.490
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 1.999 cm3, 16V, DOHC, CVVT, 166/156 cv a 6.200 rpm, 20,5/19,1 mkgf a 4.700 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira - Suspensão: McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
- Freios: discos ventilados (diant.) / tambor (tras.)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: 215/60 R17
- Dimensões: comprimento, 427 cm; largura, 176, cm; altura, 163 cm; entre-eixos, 259 cm; peso, 1.399 kg; tanque, 55 l; porta-malas, 521 l
A cara do Creta 1.6
Versões e preços do Hyundai Creta
ATTITUDE 1.6
Manual: R$ 72.990
Automático: R$ 69.990*
Start-stop, direção elétrica, travas elétricas, volante com ajuste de altura eprofundidade, retrovisores externos elétricos e repetidores de seta, rodas de liga de 16″, monitor de pressão dos pneus isofix.
* Versão exclusiva para portadores de necessidades especiais (PNE)
PULSE 1.6
Manual: R$ 78.290
Automático: R$ 85.240
Soma controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e sensor de estacionamento traseiro. A versão automática ainda ganha piloto automático e rodas aro 17 diamantadas.
PULSE 2.0
Automático: R$ 92.490
Adiciona faróis com projetor e DRL de leds, faróis com iluminação lateral (Cornering Light), saídas de ar-condicionado para o banco traseiro e abertura e fechamento dos vidros elétricos pela chave.
PRESTIGE 2.0
Automático: R$ 99.490
Única com couro (marrom), seis airbags, banco do motorista ventilado, ar automático digital, computador de bordo mais completo, retrovisores rebatíveis eletricamente, faróis automáticos, central com GPS e câmera de ré.
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