Há pouco mais de dois anos o preço do Mitsubishi Pajero Sport, reestilizado na linha 2021, era de R$ 318.990. De lá para cá seu aumento acumulado passou dos R$ 100.000, chegando aos R$ 420.450 hoje, em sua versão topo de linha, HPE-S.
A questão é que seus rivais diretos, o Chevrolet Trailblazer e o Toyota SW4, montados sobre chassi e derivados de picapes médias, também estão muito mais caros. Partem de mais de R$ 370.000 – o preço da versão de entrada do Pajero Sport. Mas nenhum rival supera a versão HPE-S, pelo menos no preço.
Nessa faixa, esses SUVs que podem carregar até sete passageiros começam a concorrer, pelo menos no que diz respeito ao valor, com modelos de marcas de luxo como Land Rover e Volvo. E pra te ajudar a decidir se ainda vale investir alto na compra de um SUV “raiz”, convocamos a versão topo de linha do Mitsubishi Pajero Sport para uma avaliação em vídeo, que você confere no topo da página.
A nova geração do Pajero Sport desembarcou no Brasil em abril de 2019, mas logo depois, em junho de 2020, ganhou uma reestilização que mudou traços importantes do design e conteúdo também. E mudou rápido porque o design da nova geração não agradou muito.
Como você pode ver na imagem abaixo, os faróis na linha 2021 ficaram mais estreitos e divididos em duas peças (acima o DRL e fachos baixo e alto, abaixo seta, luz de conversão e faróis de neblina). E a grade voltou a ter barras paralelas, e o “C” em cromado que acompanha o conjunto óptico foi mantido.
Mas o que realmente precisava ser revisto era a traseira. As lanternas, que eram enormes a ponto de avançar sobre o para-choque, agora são apenas grandes e escurecidas.
O que mais atrapalhava era a parte refletiva, que foi reposicionada para um lugar mais harmônico no novo para-choque. Este está mais proeminente, protegendo melhor a tampa do porta-malas e as próprias lanternas no caso de um “totó”.
São quase 5 metros de comprimento e mais de 1,80 metro de largura e altura. Não há aqueles artifícios de design para deixar o carro mais robusto e maior, como vincos que dão musculatura na carroceria, ele é realmente grande e isso pode ser bem positivo, mas também pode trazer algumas dores de cabeça.
Menos potente, mas mais confortável
Independente da versão, o Pajero Sport usa o motor 2.4 turbodiesel de 190 cv e 43,9 kgfm, sempre combinado ao câmbio automático de oito marchas. Há opção de trocas manuais por meio das conhecidas borboletas de alumínio presas na coluna de direção, herdadas do Lancer.
O motor não é dos maiores e tem 10 cv a menos que o 2.8 do Trailblazer, e 14 cv inferiores que o 2.8 turbo diesel do SW4.
Em compensação, é suave e traz um baixo nível de ruídos quando em movimento, muito em virtude do câmbio automático de oito marchas – ele antecipa as trocas para manter o motor trabalhando próximo das 1.000 rpm a maior parte do tempo ou a 1.700 rpm aos 100 km/h.
O fato de ter um motor menos potente resultou, na nossa pista de testes, em um tempo de 0 a 100 km/h pior: 12,3 segundos. O SW4 e Trailblazer cumprem a mesma passagem 11,4 segundos. O consumo de combustível está um pouco acima da média da categoria com 8,5 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada.
Mas essas medições foram feitas no modo mais eficiente, portanto com a tração 4×2 acionada. Se o motorista, por meio do seletor eletrônico no console central, escolher o 4X4, o consumo vai aumentar. É possível também travar o diferencial central e utilizar a tração nas quatro rodas de maneira permanente – um trunfo exclusivo da Mitsubishi.
Escolhi essa opção ao passar por uma trilha de pedra e terra batida bastante sinuosa e houve um aumento de aderência e estabilidade em curvas. Porém como não era um terreno tão dificultoso voltei pra tração 4×2 em prol do meu bolso e do meio ambiente.
Já o acerto de suspensão segue controlando melhor a carroceria do que se vê nos rivais – portanto, sua carroceria balança menos ao passar por terrenos acidentados ou mesmo fora de estrada. E esse acerto mais firme traz mais segurança e conforto também em altas velocidades no asfalto e em curvas acentuadas mantendo a carroceria sob o controle do condutor.
Mas, na hora de manobrar, talvez o dono desse SUV reclame um pouco, afinal a direção ainda tem assistência hidráulica, o que a torna bem mais pesada. E o seu tamanho também não ajuda, mesmo com câmeras e sensores talvez você precise pedir ajuda de alguém pra conseguir estacionar em vagas mais apertadas ou manobrar em um estacionamento estreito.
A condição de ser eshidráulica também impede que um possível assistente de permanência em faixas atue em conjunto com o piloto automático adaptativo.
Conteúdo
Essa versão topo de linha traz o quadro de instrumentos digital, com três opções de visualização das informações, e a central multimídia com tela de 8 polegadas – a versão HPE permanece com a de 7″, única da categoria com TV digital. Mas ambas têm conectividade com Android Auto, Apple Carplay e GPS nativo.
Há ainda monitor de pontos cegos, monitor de tráfego traseiro com frenagem, além de piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência e teto solar de série na versão topo de linha.
As duas versões disponíveis têm em comum sete airbags, controle de descida de rampas, freio de estacionamento eletrônico com auto-hold, chave presencial, controles de estabilidade e tração.
O conteúdo é completo, o acabamento é esmerado, o espaço traseiro poderia ser melhor e o conjunto motor e câmbio cumpre bem os requisitos. O que nos resta saber é se esses atributos justificam um preço tão proibitivo e alinhado aos SUVs de luxo.
Teste – Mitsubishi Pajero Sport 2.4 Turbodiesel HPE-S
Aceleração
0 a 100 km/h: 12,3 s
0 a 1.000 m: 33,9 s – 154,5 km/h
Velocidade máxima: 180 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,3 s
D 60 a 100 km/h: 6,6 s
D 80 a 120 km/h: 8,7 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 15,1/27,8/63,2 m
Consumo
Urbano: 8,5 km/l
Rodoviário: 10,8 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 44,5/72 dBA
80/120 km/h: 61,2/67,4 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 96 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 8a marcha: 1.700 rpm
Ficha técnica – Mitsubishi Pajero Sport HPE-S
- Preço: R$ 318.990
- Motor: diesel, dianteira, longitudinal, 4 cil. em linha, 16V, 86 x 105,1 mm, 15,5:1,5, turbo, 2.442 cm3; 190 cv a 3.500 rpm, 43,9 mkgf a 2.500 rpm
- Câmbio: automático., 8 marchas, tração 4×4
- Suspensão: duplo A (dianteira) e eixo rígido (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: hidráulica
- Rodas e pneus: liga leve, 265/60 R18
- Dimensões: comprimento, 478,5 cm; altura, 180,5 cm; largura, 181,5 cm; entre-eixos, 280 cm; altura livre do solo, 23,6 cm; peso, 2.095 kg; tanque, 68 l; porta-malas, 502 l (com cinco lugares)