Teste: Peugeot 2008 muda para se parecer com SUVs mais caros da marca
Pequeno e delicado como uma perua aventureira, modelo cobra R$ 90 mil e briga como pode no segmento de SUVs compactos
Pobre Peugeot 2008. Sempre mal trabalhado pela marca no Brasil, começou a ser vendido, em 2015, com câmbio automático restrito ao motor 1.6 aspirado – e era uma caixa criticada, com apenas quatro marchas.
Para piorar, desde a estreia a versão com motor 1.6 turbo (THP) tinha apenas câmbio manual. Em 2018, a situação começou a melhorar com a chegada da transmissão automática de seis marchas, ainda que restrita ao 1.6 aspirado.
Só que, a partir deste mês, o 2008 ganha outro tapinha para se manter vivo (e com algum ar de frescor) no segmento: um discreto facelift na dianteira.
Alardeada com orgulho como um trabalho tocado exclusivamente pelo time brasileiro da marca, a reestilização alinha o visual do 2008 ao dos SUVs 3008 e 5008.
“Claro que a matriz supervisionou e aprovou o trabalho, mas todas as mudanças foram pensadas e executadas por nós. O 2008 brasileiro é, sem dúvida, mais que o modelo europeu”, diz, orgulhoso, Daniel Nozaki, diretor de estilo da PSA e pai do facelift.
O objetivo foi atingido. O redesenho deu à dianteira um estilo similar ao dos SUVs da casa. Ou seja, as grades estão maiores e mais evidentes. A superior agora ostenta o leão cromado da Peugeot, que antes viajava preso ao capô.
Na metade inferior, nas extremidades, os faróis de neblina ganharam destaque com a aplicação de uma moldura grande, vertical. Todo esse conjunto deixou a frente mais parruda e alta.
Mas não se iluda: ainda que eficiente, a maquiagem não disfarça as limitações do 2008. O porte acanhado é um deles.
Além de, por fora, ser menor do que a maioria dos SUVs na mesma faixa de preço, o 2008 é pequeno por dentro, tanto na cabine quanto no porta-malas (o volume é de razoáveis 355 litros).
Se a troca do câmbio de quatro pelo de seis marchas garantiu uma tocada muito mais suave e progressiva, o mesmo não se pode dizer sobre o motor.
Referência na época em que se popularizou no Brasil, com o 206, nos anos 2000, hoje o quatro-cilindros 1.6 aspirado já não impressiona mais.
Menos eficiente do que o de boa parte dos rivais, o 2008 1.6 aspirado foi apenas mediano nas provas de aceleração e consumo feitas por QUATRO RODAS (confira os resultados na ficha ao fim desta reportagem).
O modelo renovado foi avaliado por nossa reportagem na versão Griffe 1.6 aspirada, de R$ 89.990. O aumento foi de R$ 2.000, coerente com o discreto facelift.
Haverá ainda uma opção PCD, por R$ 69.990, além da intermediária Allure Pack, de R$ R$ 79.990, e da topo de linha Griffe THP, com motor 1.6 turbo e câmbio automático, por R$ 99.990.
No dia da apresentação do 2008 com facelift, fizemos um breve test-drive com a principal novidade da família: a versão 1.6 THP, que, quem diria, finalmente vai ganhar a companhia do câmbio automático a partir de novembro.
“Sempre soubemos da demanda reprimida dessa combinação, mas só agora conseguimos viabilizar o projeto”, diz a nossa fonte.
A Peugeot, no entanto, só liberou o 2008 aspirado para um teste completo em nosso campo de provas, em Limeira (SP).
Ficha técnica – Peugeot 2008
- Preço: R$ 91.000 (valor estimado)
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 1.587 cm³, 16V, 118/115 cv a 5.750 rpm, 16,1/16,1 mkgf a 4.750/4.000 rpm
- Câmbio: automático, 6 m, tração dianteira
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (dianteira), eixo de torção (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira), disco sólido (traseira)
- Pneus: 205/60 R16
- Dimensões: comprimento, 415,9 cm; largura, 173,9 cm; altura, 158,3 cm; entre-eixos, 254,2 cm; porta-malas, 355 l; tanque, 55 l; peso 1.248 kg
- Desempenho: 0 a 100 km/h em 13,5 s; 0 a 1.000 m em 34,8 s; consumo urbano, 11 km/l; consumo rodoviário, 14,3 s