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Teste: Renault Duster 2021 evolui muito, mas é fraco sem motor “Mercedes”

Puxa daqui, estica dali, o veterano SUV ganhou novo visual e equipamentos, ficando melhor até que o irmão Captur, mas manteve o pouco potente motor 1.6

Henrique RodriguezPor Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 fev 2023, 15h26 - Publicado em 4 mar 2020, 12h00
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  • Duster
    Faróis de milha, quebra-mato e borrachões formam o pacote Outsider (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Para driblar o envelhecimento, eliminar rugas e empinar o nariz, vale tudo. A nova moda nos centros estéticos é a harmonização facial, que usa uma série de procedimentos para equilibrar as proporções do rosto.

    Vai desde a aplicação de botox, de preenchedores como ácido hialurônico até o uso de lasers, ondas de rádio e tratamentos de pele. Tudo isso, sem cirurgia.

    Renault Duster Iconic 1.6 CVT 2021
    Vidro de trás ficou menor e a régua da placa dividiu a tampa traseira (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O Renault Duster 2021 experimentou esses tratamentos. Arrebitaram seus faróis, que agora estão integrados à grade e têm luzes diurnas de leds, e modificaram bastante o para-choque, que ganhou luzes de neblina e tomada de ar maiores. O capô está levemente mais alto e recebeu vincos marcantes.

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    Faróis de milha do pacote Outsider acendem com o facho alto (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    É que nos carros algumas “rugas” são bem-vindas – e necessárias – para deixar o design mais equilibrado. Mas exageros, como o vinco arqueado nas portas e o grande volume das caixas de roda, foram corrigidos para deixar o visual mais leve.

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    Renault Duster 2021 clay (1)
    Protótipo feito de argila comparar os volumes do antigo (esqueda) com o novo (direita) (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    Isso não quer dizer que o Duster conseguiu escapar da faca. A base do para-brisa foi deslocada para a frente a fim de melhorar a aerodinâmica e tirar a impressão de “testudo” do SUV compacto, o que implicou em colunas A mais inclinadas e em novos arcos para as portas dianteiras.

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    Repare na diferença da inclinação do parabrisas, que diminuiu 3,4º (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    As alterações seguem para o teto, que teve sua curvatura corrigida, aumentando levemente o caimento da traseira. Agora há um aerofólio integrado à tampa traseira, que teve como efeito colateral a redução da área envidraçada. Mas, em compensação, as vigias laterais ficarão bem maiores.

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    Lanternas têm elementos iluminados por leds (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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    Sim, as novas lanternas traseiras chamam atenção. Não é por causa dos leds, que o Duster já tinha desde 2015.

    É pelo próprio conjunto com aro de led e elementos em forma de cruz, que despertam comparações com o Jeep Renegade ou, para os mais vividos, com o Ford Galaxie 500 (lançado no Brasil em 1967).

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    Protótipo deixa claro a redução do vidro traseiro (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    Um novo vinco, que interliga as lanternas e acaba por definir o local da placa, divide a tampa traseira, que ganha volumes e algum destaque extra. As luzes de ré desceram para o para- -choque, que passa agora a esconder o gancho de reboque.

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    Interior mudou por completo tanto no visual como na ergonomia (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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    Por dentro, parece um carro novo. Aquele painel com estrutura compartilhada com o Sandero e central multimídia inclinada para baixo já estava indefensável. O novo é mais alto e se vale das linhas horizontais para deixar tudo nos lugares certos.

    chave de proximidade keyless
    Destravamento por proximidade e partida por botão dão requinte ao Duster (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Graças a isso conseguiram colocar a nova central multimídia Easylink com tela de 8” em posição ergonômica. Com interface semelhante à usada na Europa, o substituto do MediaNav permite a seleção entre perfis de usuários (com direito a personalização da tela principal).

    Ela também tem integração com as configurações do carro, sem perder a compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay, e é mais rápida. Os pecados são dois: ter que dar múltiplos toques na tela para mudar o volume e ter continuado com apenas uma porta USB – há rivais com três!

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    A novíssima central com tela de 8 polegadas permite ter perfis independentes para cada usuário (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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    O volante é compartilhado com Sandero e Logan, mas o ar-condicionado automático inédito tem os mesmos comandos e visores dos Renault vendidos na Europa. A direção passa a ser elétrica como no Kwid, abandonando o pesado sistema eletro-hidráulico – e, claro, o barulho agudo da bomba elétrica.

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    O ar-condicionado automático é inédito no Duster e já estreia com mostradores digitais dos Renault europeus (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Mas o Duster se torna o único Renault vendido no Brasil com regulagem de profundidade na coluna de direção. O ajuste de altura para os cintos dianteiros não veio dessa vez, ficou para a próxima geração.

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    Novo computador de bordo tem velocímetro digital (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Os bancos mudaram. Na frente, os encostos estão mais confortáveis e têm melhor sustentação lateral, mas os assentos continuam duros e inclinados para baixo. No que diz respeito ao conforto o Captur ainda leva a melhor.

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    Atrás, onde o espaço para cabeça e pernas não mudou (ou seja, continua muito bom), agora há encosto de cabeça e cinto de três pontos (fixado no teto) para o ocupante do meio, além de Isofix.

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    Ajuste dos espelhos saiu de posição desconfortável na porta para o painel e coluna de direção tem ajuste de profundidade. Novos bancos têm apoios laterais melhores (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Tudo parece novo por dentro, assim como todas as peças de lataria são novas. A Renault aproveitou e fez reforços estruturais que tornaram o monobloco 12,5% mais rígido. Isso e a necessidade de usar rodas aro 17 pela primeira vez levaram a um novo acerto de suspensão, com cargas de amortecedores e molas revistas.

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    Atrás, cintos de três pontos e encosto de cabeça para todos (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Agora o conjunto filtra melhor as pequenas imperfeições do asfalto e controla a rolagem da carroceria (que está a 23,7 cm do solo), mas ainda passa aquela sensação de valentia e robustez de antes.

    A direção elétrica também cumpre bem o seu papel: não dá rebote ao passar por elevações, é mais leve e precisa em manobras. E transmite mais segurança em movimento.

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    Cintos dianteiros seguem sem ajuste de altura (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Tratamentos estéticos da moda costumam ser mais caros. Mas o Duster com visual renovado manteve o mesmo preço inicial de antes: R$ 71.790 para a versão Zen manual, que por sinal é a única com pedal de embreagem e cinco marchas. Antes este posto era da versão Expression 1.6.

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    Volante é o mesmo de Sandero e Logan (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Esta versão de acesso tem rádio simples, rodas de aço estampado aro 16, vidros elétricos e computador de bordo de série, mas central multimídia, rodas de liga e faróis de neblina são opcionais.

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    Há aplique de tecido cinza nas portas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Já a versão intermediária Intense (equivalente à antiga Dynamique, de R$ 83.890) soma central multimídia, ar digital, câmera de ré, sensores de estacionamento traseiros, piloto automático, rodas de liga leve aro 16 e faróis de neblina  ao pacote. Na prática, o novo preço de R$ 83.490 representa uma redução de R$ 400 – que você pode guardar para os primeiros abastecimentos.

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    É a primeira vez que o Duster tem rodas aro 17 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O Duster testado é da versão topo de linha Iconic, que concentra quase todos os itens inéditos para o modelo, como alerta de ponto cego, câmeras na frente, atrás e nos retrovisores (que não dão visão 360° como no Nissan Kicks), travas das portas por aproximação, partida por botão, acendimento automático dos faróis e as rodas aro 17 diamantadas. Só esqueceram do sensor de chuva, que Sandero e Logan têm.

    Você pode conferir o conteúdo de cada versão aqui.

    Isso, claro, leva o Duster a um patamar de equipamentos inédito. Não é à toa que custa R$ 87.490, preço que está no mesmo patamar das versões 2.0 4×4 – que deixam de existir.

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    Para-brisa teve base deslocada, aumentando sua inclinação (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Pelo menos o continuará mais barato que o Captur (que parte dos R$ 93.990), ainda que o Duster esteja mais refinado. Mas enquanto todos os outros Renault têm quatro airbags de série, nenhuma versão do Duster tem mais que os dois airbags.

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    Agora o capô é erguido por dois amortecedores, quando o normal no segmento é não ter nenhum (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O detalhe é que o Duster 2021 só tem o conhecido motor 1.6 16V SCe de 120 cv e 16,2 mkgf, cuja única novidade é o sistema start-stop. Até o prosaico tanquinho de partida a frio foi mantido.

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    Saída de ar falsa recebeu o repetidor das setas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    E mesmo com o sistema que desativa o motor em paradas, registramos números de consumo desanimadores em nossos testes: 9,9 km/l urbano (contra 10,5 km/l no modelo antigo) e 12,5 km/l rodoviário (contra 12,7 km/l), sempre com gasolina.

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    Porta-malas mantém os 475 litros de antes (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    No 0 a 100 registrou 14,2 s, apenas 0,1 s mais lento que o Duster que saiu de linha. Uma opção mais potente, com o motor 1.3 turbo turbo flex (unica diferença em relação ao que equipa hoje o novo Mercedes Classe A) que pode superar os 170 cv estreia no início do ano que vem.

    Apesar das muitas mudanças que saltam aos olhos e dão novos ares ao Duster, no fundo ele realmente ainda é o mesmo carro.

    Veredicto

    O Duster 2021 está mais agradável de ver e dirigir. Agora só falta ter um motor à altura do carro no qual ele se transformou.

    Teste – Renault Duster Iconic 1.6 CVT

    Aceleração
    0 a 100 km/h: 14,2 s
    0 a 1.000 m: 36,1 s – 142 km/h
    Velocidade máxima: n/d

    Retomada (em D)
    40 a 80 km/h: 5,7 s
    60 a 100 km/h: 7,7 s
    80 a 120 km/h: 11,2 s

    Frenagens
    60/80/120 km/h – 0 m: 14,5/25,2/57,2 m

    Consumo
    Urbano: 9,9 km/l
    Rodoviário: 12,5 km/l

    Ficha técnica

    Preço: R$ 87.490 (Iconic CVT)
    Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 1.598 cm3; 120/118 cv a 5.500 rpm, 16,2 mkgf a 4.000 rpm
    Câmbio: CVT, tração dianteira
    Suspensão: McPherson (dianteiro), eixo de torção (traseiro)
    Freios: disco ventilado (dianteiro), tambor (traseiro)
    Direção: elétrica
    Rodas e pneus: liga leve, 215/60 R17
    Dimensões: comprimento, 437,6 cm; largura, 183,2 cm; altura, 169,3 cm; entre-eixos, 267,3 cm; vão livre do solo, 23,7 cm; peso, 1.279 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 475 l

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