Namorados: Revista em casa a partir de 9,90

Último Fiat Uno Mille do mundo é uma máquina do tempo, mas dá aula a muito carro novo

Fora de linha há 10 anos, último exemplar do Fiat Grazie Mille mostra as qualidades que o consagraram e como os carros compactos evoluíram

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 nov 2024, 12h56 - Publicado em 28 nov 2024, 16h10
Fiat Uno Grazie Mille
 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Continua após publicidade

A referência de tempo fica a seu critério. Faz 40 anos que o Fiat Uno foi lançado no Brasil e 10 anos que saiu de linha. Este carro é exatamente o último Fiat Uno de primeira geração fabricado no mundo, o Grazie Mille número 2.000 e dirigi-lo hoje é uma verdadeira viagem no tempo.

 

Parece que foi ontem, que a obrigatoriedade de freios ABS e airbags culminou no fim do primeiro carro global da Fiat. Mas foi em 13 de dezembro de 2013 que deixou a linha de montagem em Betim (MG). Mesmo naquela época muitos dos seus conceitos de engenharia já estavam superados, mas ainda hoje suas soluções para ser um carro tão valente e funcional surpreendem e mostram que a evolução também tem um preço.

Fiat Uno Grazie Mille
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Este Grazie Mille faz parte do acervo de carros históricos da Fiat. Ainda com 2.500 km rodados, preserva o cheiro de um Uno Mille zero e o característico barulho metálico da tranca das portas de carros dos anos 1980 – o mesmo que se escuta em um Mercedes Classe G de quase R$ 2 milhões. E faz lembrar como eram os carros novos em um passado não muito distante.

Tudo bem, um Renault Kwid ainda obriga a sentar rente à porta, mas o Mille ao menos tem mais espaço para o outro lado ou dá essa impressão por não ter um console central de plástico ou pelo quadro de instrumentos surpreendentemente amplo. É curioso sentir que o acionamento de um pedal faz o outro balançar e que este longevo câmbio manual de cinco marchas não arranha a ré (ainda? Talvez).

Continua após a publicidade
Fiat Uno Grazie Mille
(Fernando Pires/Quatro Rodas)
Fiat Uno Grazie Mille
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Você não percebeu que os carros de hoje não têm cinzeiro, mas é na tampa dele, camuflada no painel, onde vai a plaqueta de identificação do Grazie Mille. De uma hora para outra todo carro de entrada passou a ter vários locais para colocar garrafas e esse Mille não tem nenhum. CD Player ficou no passado, mas esse rádio específico da versão de despedida só tem Bluetooth para chamadas e ao abrir o porta-luvas (perfeitamente alinhado, ouviu Pulse?) você encontra um compartimento para iPod ao lado de um USB que só serve para dados, não carrega o celular.

Fiat Uno Grazie Mille
(Fernando Pires/Quatro Rodas)
Continua após a publicidade
Fiat Uno Grazie Mille
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

É impossível fazer um carro como esse Fiat Uno hoje. As colunas são tão finas que nem sequer têm revestimento plástico. As vedações aparentes já deram lugar tipos mais discretos e eficientes. Também há formas de esconder o limpador de para-brisa, que fica sempre aparente sobre o vidro que é fixado pela própria vedação de borracha – nos carros de hoje é sempre colado.

Compartilhe essa matéria via:

E ainda tem o estepe, que vai ao lado do motor, uma herança da plataforma do 147 que não existia no Uno europeu e que muita gente tratou como proteção extra para o motorista em colisões. Mas ao menos libera espaço no porta-malas que, com 290 litros, ainda supera muito carro moderno na capacidade. O fato de ser amplo nos permitiu acomodar todos os equipamentos de fotografia e filmagem, o que é impossível no nosso Citroën C3, mesmo com 315 litros.

Continua após a publicidade
Fernando Pires
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Esse compacto com modestos 3,69 m de comprimento e 2,36 m de entre-eixos era como um SUV de outros tempos. Sem apêndices aerodinâmicos no para-choque, não teme valetas e sua suspensão independente nas quatro rodas conhece o asfalto brasileiro como nenhuma outra. Nunca bate seco e o que pode acontecer com o passar dos anos é ceder um pouco, especialmente no feixe de molas transversal traseiro que é uma das responsáveis pelo porta-malas tão bom.

Fiat Uno Grazie Mille
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Os sinais da idade do projeto são evidentes, mas o rodar de um Uno Mille ainda é muito bom e como não tem muita coisa para ficar batendo e reverberando, também é silencioso. A direção hidráulica tem peso de direção sem assistência e o ar-condicionado “pesa” no desempenho, mas os 66 cv deste 1.0 Fire mais antigo parecem estar mais bem dispostos. O peso abaixo dos 900 kg ajuda tanto que as relações do câmbio são até mais longas.

Continua após a publicidade
Fiat Uno Grazie Mille
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Este Grazie Mille tão especial roda para mostrar como esse projeto era genial o suficiente para ter merecido ficar em produção por 30 anos. Será que terei essa mesma impressão dirigindo um Mobi daqui a algumas décadas?

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.