A chegada do Volkswagen ID.7 é mais um episódio na transformação da VW em marca elétrica. Visualmente, o ID.7 segue as regras definidas pela família ID., com faróis, lanternas horizontais e afiladas e perfil de carroceria marcado pelo longo caimento traseiro, que termina na tampa traseira.
Chama a atenção a linha quase contínua entre capô e para-brisa. Opcionalmente é possível dispor de um teto solar panorâmico, que pode alternar sua transparência eletronicamente. A silhueta foi trabalhada exaustivamente em túnel de vento, segundo a VW, para se chegar a um coeficiente de arrasto bastante baixo, de 0,23, algo fundamental para ampliar a autonomia dos carros elétricos.
O ID.7 é grande por fora e por dentro. Ele mede 4,96 metros de comprimento. E, a bordo, há bastante espaço tanto na frente como atrás, onde os três potenciais ocupantes da segunda fila contam com uma generosa área para as pernas e um piso totalmente plano. A altura também serve, sem restrições, quaisquer passageiros com até 1,85 metro e a largura é ampla, podendo cada um dos lugares receber uma cadeirinha de criança (há um sistema Isofix para cada lugar e largura suficiente para atender pais de trigêmeos). No porta-malas, cabem 532 litros de bagagem.
A VW usou ensinamentos colhidos nos primeiros ID. para melhorar a vida a bordo, começando pela qualidade dos materiais usados no acabamento, alvo de críticas por parte dos consumidores. No que diz respeito aos equipamentos, há nova central multimídia, com tela de 15”, e uma inédita lógica de apresentação das informações e comandos, para que as funções de uso mais frequente estejam sempre no menu principal.
As superfícies táteis sem retroiluminação na central, que dificultavam a operação do ar-condicionado e do sistema de áudio, foram banidas. E o ID.7 estreia também um sofisticado assistente de viagem por comandos vocais (IDA).
O ID.7 é o mais potente VW elétrico, com tração em duas rodas, com 286 cv, fruto da adoção de uma nova geração do motor (síncrono de ímã permanente) montado sobre o eixo traseiro. Mas em relação ao torque, os 55,5 kgfm do ID.7 superam até mesmo os ID. com dois motores elétricos que não iam além de totais 46,9 kgfm.
Este novo motor recebeu um rotor com ímãs mais potentes que oferecem uma capacidade de carga térmica superior; um estator mais evoluído; um dissipador de calor de água para o exterior do estator e um novo sistema de arrefecimento combinado de óleo e água que também contribui para uma superior estabilidade térmica. O inversor [que converte a Corrente Contínua (DC) armazenada na bateria em Corrente trifásica Alternada (AC) que o motor necessita] também contribui para essa maior estabilidade térmica.
Por enquanto, existe apenas uma bateria de 77 kWh disponível, a qual, com a ajuda da apurada aerodinâmica, anuncia uma autonomia de 621 quilômetros, bem mais do que qualquer outro ID., mesmo sendo este o mais pesado. Mais para à frente (ainda em 2024) a versão Pro S terá um acumulador de energia um pouco maior (de 86 kWh), que irá anunciar uma autonomia de até 700 km. Essa bateria irá, aliás, equipar o ID.7 GTX (de quatro rodas motrizes, com dois motores elétricos).
Ao volante, a primeira curiosidade tem a ver com a dianteira muito curta da carroceria: se não reparar na largura, a sensação e a de dirigir um carro compacto, como o VW Polo, por exemplo. É surpreendente a agilidade (ajudada, claro, pelo reduzido diâmetro de giro – de cerca de 11 metros). A visibilidade para trás é prejudicada pela forma de cupê da seção posterior da carroceria, mas a existência de câmeras de ajuda ao estacionamento e com visão 360 graus mitigam claramente esse problema.
As acelerações são rápidas. Segundo a VW, o ID.7 consegue atingir os 100 km/h em 6,5 segundos (podendo depois prosseguir até a velocidade máxima de 180 km/h).
A suspensão independente nas quatro rodas (com arquitetura multibraços – 5 – atrás) tem uma afinação muito equilibrada. Os modos de condução (Eco, Comfort e Sport) poderiam, no entanto, estar mais diferenciados entre si, apesar dos engenheiros alemães assegurarem que tornaram cada um dos programas mais afastado dos outros. No caso da direção (que é precisa e linear, além de dispor de uma resposta progressiva), sente-se sempre leve demais.
Os freios, por sua vez, continuam a não convencer e a VW não alterou nada do que conhecemos nos outros elementos do clã ID. A sensação ao tocar o pedal é de estar pisando em um pedaço de borracha e a resposta de desaceleração muito fraca nos primeiros 25% do curso do pedal, o que transmite sensação de insegurança.
Sobre consumo e carregamento, rodamos cerca de 200 km e o computador de bordo indicou um consumo de 19 kWh/100 km, o que significa que não ficou muito acima da média oficial e, consequentemente, teria sido capaz de completar 450 a 550 km com uma carga completa, conforme o roteiro com mais estradas ou trechos de cidade, respectivamente.
Veredicto Quatro Rodas – ID.7 é versão elétrica, revista e melhorada, do consagrado Passat
Ficha técnica – Volkswagen ID.7
Preço: 60.000 euros (R$ 320.000)
Motor: tras., elétr., síncrono, 286 cv e 55,5 kgfm
Baterias: íons de lítio, 77 kWh
Carga: potência máxima, 11 kW (AC), 175 kW (DC) Câmbio: autom., 1 m., tração traseira
Direção: elétrica, 10,9 m (diâm. giro)
Suspensão: McPherson (diant.), multibraços (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.); tambor (tras.)
Pneus: 235/45 R20 (diant.), 255/40 R20 (tras.)
Dimensões: compr., 496,1 cm; largura, 186,2 cm; altura, 153,6 cm; entre-eixos, 297,1 cm; peso, 2.171 kg; porta-malas, 532 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 6,5 s; veloc. máx., 180 km/h; cons. misto de 16,3 a 14,1 kWh/100 km; autonomia, 621 km; carga, 8 h (AC), 28 min. (10-80%, DC)
*Dados de fábrica