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Chevrolet Kadett GS mudou a referência de carros esportivos no Brasil

Estabelecendo novo recorde aerodinâmico, ele manteve virtudes do antecessor Monza S/R: desempenho, conforto e baixo nível de ruído

Por Felipe Bitu | Fotos: Christian Castanho
Atualizado em 9 dez 2022, 20h13 - Publicado em 18 dez 2012, 11h53
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  • Chevrolet Kadett GS

    A década de 80 é sempre lembrada por muitos como a “década perdida”, em razão da estagnação econômica e retração industrial. Com as importações proibidas, o publico de maior poder aquisitivo buscava status e exclusividade nas variações esportivas dos modelos em produção: Ford Escort XR3,VW Gol GTS e Chevrolet Monza S/R, sendo este último a referência na combinação de conforto e desempenho.

    Porém, em 1989, os dias do Monza esportivo estavam contados: a GM apresentou o Kadett, primeiro automóvel inteiramente novo em cinco anos. À parte o impacto da novidade em si, todos os olhos se voltaram para sua versão esportiva, a GS. Além de seu aspecto inovador, ele surpreendia pelo desempenho, pela comodidade e segurança.

    Dotado do mesmo 2.0 a álcool do Monza, o Chevrolet Kadett chegou a 171,1 km/h no primeiro teste nas páginas da QUATRO RODAS, ficando atrás apenas dos Opala de seis cilindros (com mais que o dobro da cilindrada) e do Gol GTi (com injeção eletrônica).

    No 0 a 100 km/h ele precisou de 11,26 segundos e cumpriu todas as provas de desempenho surpreendendo pela elasticidade do motor e pelo baixíssimo nível de ruído. A estabilidade excelente, sem solavancos, demonstrava que o GS era um esportivo civilizado.

    Chevrolet Kadett GS

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    Além do tradicional aerofólio traseiro, mereciam destaque a tampa do porta-malas adesivada preto fosco, as exclusivas rodas de aro 14, as saídas de ar no capô, lanternas traseiras frisadas, a ponteira de escapamento dupla e a charmosa e solitária luz de neblina traseira, que acendia em conjunto com os faróis de neblina.

    Por dentro, os confortáveis bancos com regulagem de altura contrastavam com o painel de fundo vermelho, auxiliado por um vacuômetro, um check control e um computador de bordo. O volante de três raios também oferecia regulagem de altura.

    Chevrolet Kadett GS

    Ar-condicionado, direção hidráulica e pintura metálica só eram oferecidos à parte, mas o opcional mais interessante era a suspensão traseira com regulagem pneumática.

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    Apesar da limitada capacidade de seu porta-malas (269 litros), era possível nivelar a altura da suspensão quando estivesse carregado e pesado, calibrando bolsas de ar que ficavam em torno dos amortecedores.

    Chevrolet Kadett GS

    A grande virtude do Kadett era o coeficiente aerodinâmico de apenas 0,30, o menor entre todos os modelos nacionais. Mérito dos vidros colados rente à carroceria, limpadores de para-brisa com aletas e da ausência de calhas de chuva. Os faróis de neblina eram integrados ao desenho do para-choque, sempre da mesma cor do veículo.

    Chevrolet Kadett GS

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    Apesar desses cuidados, eles não conseguiram conter o apetite voraz do GS no consumo de combustível, principalmente na estrada, graças às relações curtas de câmbio e diferencial: a 120 km/h, ele fazia 7,19 km/l. Para piorar, o tanque de 47 litros limitava a autonomia, inferior a 350 km.

    O problema só foi solucionado pela Chevrolet em meados de 1990, com mudanças como a versão movida a gasolina, o alongamento da relação final de transmissão e os pneus de perfil 65, mais altos. Com as alterações, o GS ficou mais lento, mas garantiu uma dose ainda maior de conforto em viagens. E assim ele permaneceu sem maiores alterações até o fim de 1991, quando saiu de linha.

    Chevrolet Kadett GS

    É o caso do exemplar das fotos acima, que pertence ao engenheiro Mário Triches Junior. “O meu é um modelo 1991, ano em que o teto solar foi oferecido pela primeira vez em um GM. Ele se diferencia dos outros esportivos da época pelo conforto, baixo nível de ruído e rodar sólido comum a todos os GM da época”, diz Triches.

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    Chevrolet Kadett GS

    O GS depois cedeu lugar ao GSi, que aposentou o carburador em favor da injeção eletrônica. Na época, sua decoração externa mais diferenciada foi adotada por muitos proprietários do GS, o que acabou descaracterizando muitos desses modelos.

    Teste – abril de 1989 (com álcool)

    Aceleração de 0 a 100 km/h 11,26 s
    Velocidade máxima 171,1 km/h
    Frenagem de 80 km/h a 0 28,7 m
    Consumo urbano 6,6 km/l
    Consumo rodoviário 9,02 km/l
    Preço (março de 1989) NCz$ 26.428
    Preço (atualizado (IGP-SP, FIPE) R$ 142.517

    FICHA TÉCNICA – Kadett GS 1990

    Motor transversal, 4 cilindros em linha, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por carburador de corpo duplo, a gasolina
    Cilindrada 1988 cm3
    Diâmetro x curso 86x86mm
    Taxa de compressão 8,8:1
    Potência 99 cv a 5600 rpm
    Torque 16,2 mkgf a 3000 rpm
    Câmbio manual de 5 marchas, tração dianteira
    Dimensões comprimento, 400 cm; largura, 166 cm; altura, 139 cm; entre-eixos, 252 cm
    Peso 1040 kg
    Porta-malas/caçamba 269 litros
    Suspensão dianteira McPherson
    Suspensão traseira eixo de torção
    Freios disco ventilado na frente, tambor atrás
    Pneus 185/60 R14

     

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