Suzuki Swift Sport R
Nada de turbo, controle de largada ou outras tecnologias da moda; o Swift Sport R é feito para quem quer diversão e simplicidade - mas não custa pouco
Menos é mais. Você já deve ter ouvido isso. É uma expressão gasta pelo uso indiscriminado, mas a frase do arquiteto Ludwig Mies van der Rohe é perfeita para definir o Swift. Assim como as obras do alemão seguem o movimento minimalista, esse hot hatch precisa de poucos elementos para se expressar. Ele abre mão das últimas tecnologias em voga no mundo automotivo: nada de dupla embreagem, turbocompressor ou diferencial eletrônico ativo.
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O que destaca o valente motor de 1,6 litro e 16 válvulas é a capacidade de girar alto – são 142 cv a 6 900 rotações – e as válvulas de admissão com comando variável. Antes que você ache estranho eu apelidar de hot um carrinho de apenas 142 cv, deixe-me apresentar outros números: seu peso em ordem de marcha não passa dos 1 065 kg. São 100 kg menos que o Citroën DS3, seu principal rival, dono de um 1.6 turbo de 165 cv. A vantagem na balança torna a relação peso/potência dos dois bem parecida. São 7,5 kg/cv para o Swift e 7,1 kg/cv para o francês. O japonês fica atrás na prova do 0 a 100 km/h (9,3 segundos ante 7,6), mas a diversão atrás do volante é indiscutível. E isso se torna muito nítido na parte mais divertida do traçado: dentro das curvas.
O Swift é um automóvel dócil e, ao mesmo tempo, instigante. Embora não seja um velocista, tem o que se espera de um hatch pequeno e apimentado: agilidade. Muita agilidade. A transmissão manual de seis marchas tem uma alavanca pequena, de curso curto, e engates justos. Macia, a embreagem não cansa no dia a dia, como ocorre normalmente com esportivos bestiais.
A Suzuki está trazendo ao Brasil somente a versão Sport, topo de linha do modelo, com motor 1.6 a gasolina. Mas fora daqui também existem versões mansas, com propulsor 1.2, motor diesel e até um 4×4. No país, vai concorrer em um mercado de nicho, em meio a DS3, Fiat Punto T-Jet, Mini e, segundo os executivos da marca, até com Audi A1.
Em pista fechada, o nipônico mostrou comportamento exemplar. Sai de frente quando se abusa do acelerador, mas oferece fácil correção. Aliviei o pé de uma vez só no meio de um contorno e o Swift não se desequilibrou nem reclamou.
A transmissão de seis marchas é um indício de sua versatilidade. Em um track day, dificilmente você passará da quarta, pois o motor esbarra nas 7 000 rpm. Numa rodovia, porém, a sexta marcha ajuda a conter o ruído interno e melhorar o consumo. Em sexta, a 100 km/h, a rotação do motor não passa dos 3 000 giros. E no teste de consumo rodoviário registramos 15,5 km/l, utilizando gasolina.
O bom comportamento dinâmico do Swift é mérito de um ajuste de suspensão firme, pensado para quem gosta de esportividade, com a colaboração dos controles de tração e estabilidade. O ESP contém a empolgação exagerada de quem acelera, mas não evita todos os escorregamentos. O ajuste ligeiramente permissivo deixa que o motorista faça sozinho algumas correções de rota.
Na parte interna, o único sinal de esportividade está nos bancos. O estofamento é de tecido, tem abas laterais grandes e permite ajustes milimétricos do encosto e altura. Mas não espere encontrar refinamento nos plásticos ou uma longa lista de equipamentos. Há som com comandos no volante, Bluetooth, partida por botão, ar-condicionado digital, seis airbags e faróis de xenônio.
O Swift com o pacote R foi lançado por R$ 81.990, mas com a chegada do Renault Sandero R.S., a Suzuki resolveu baixar o preço para R$ 78.690. Criado especialmente para o Brasil, o Sport R tem teto em tom grafite, retrovisores coloridos e rodas aro 17. É mais barato que alguns concorrentes, mas continua caro. O purismo deveria custar menos.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Esse trio trabalha em harmonia. A direção elétrica oferece bom feedback e a suspensão firme torna o comportamento do carro previsível. Os freios demoram a apresentar fading.
★★★★★
MOTOR E CÂMBIO
Outra dupla que forma um casamento feliz. É raro ver um conjunto tão bem escalonado. Embreagem macia, ao contrário do que se vê em esportivos, e engates de marcha justíssimos.
★★★★☆
CARROCERIA
O visual pode não ser unanimidade, mas é harmônico e inédito no Brasil. A versão R tem diferenciais exclusivos para o nosso mercado.
★★★★
VIDA A BORDO
Não se trata de um carro de luxo. Se você espera níveis excepcionais de conforto, vá para um Golf. Mas o Swift oferece o suficiente para quem quer se divertir ao volante e não pretende ter um segundo automóvel.
★★★★
SEGURANÇA
Tem ABS, EBD, ESP, controle de tração, seis airbags, faróis bixenônio e sensor de estacionamento.
★★★★☆
SEU BOLSO
Preço convidativo não é seu forte, mas esse é um mal que acomete todo veículo de nicho, sobretudo os esportivos. A garantia é de três anos.
★★★
VEREDICTO
Versátil, é um brinquedão para track days, mas vai muito bem no dia a dia. Confortável, bom de guiar e comedido no consumo, poderia custar menos.
Motor | diant., transv., 4 cil., 16V, VVT |
---|---|
Cilindrada | 1 586 cm³ |
Diâmetro x curso | 78 x 83 mm |
Taxa de compressão | 11:1 |
Potência | 142 cv a 6 900 rpm |
Torque | 17 mkgf a 4 400 rpm |
Câmbio | manual / 6 marchas / tração dianteira |
Dimensões | Compr. /entre-eixos (cm) 389 / 243; Altura/largura (cm) 151 / 169,5 |
Peso | 1 065 kg |
Peso/potência | 7,5 kg/cv |
Peso/torque | 62,6 kg/mkgf |
Porta-malas/caçamba | 210 litros |
Tanque | 64 litros |
Suspensão dianteira | McPherson |
Suspensão traseira | eixo de torção |
Freios | disco ventilado (diant.), disco sólido (atrás) |
Direção | elétrica / 2,7 voltas |
Pneus | 205/45 R 17 |
Consumo urbano | 12,4 km/l |
Consumo rodoviário | 15,5 km/l |
0 a 100 km/h | 9,3 segundos |
0 a 1000 m | 31 segundos |
Retomada 40 a 80 em 3ª (ou D) | 5,4 segundos |
Retomada 60 a 100 em 4ª (ou D) | 7,4 segundos |
Retomada 80 a 120 em 5ª (ou D) | 10,7 segundos |
Frenagem | 120/80/60 km/h a 0 (m) 57,5/23/13,8 |
Ruído interno 1ª rpm máx | 39,1 / 79,6 dBA |
Ruído interno 80 / 120 km/h | 67/ 71,3 dBA |